
Pacote de corte de gastos não deve impor estabilização da dívida, diz Arko Advice ao WW
O governo encerrou mais uma reunião sobre ajuste fiscal nesta sexta-feira (8) sem dar nenhum pregão sobre o aguardado pacote.
Mas ao olhar para reformas anteriores – uma vez que a PEC do Teto de Gastos e a Reforma da Previdência -, Cristiano Noronha, pesquisador político da Arko Advice, aponta ao WW que as novas medidas deve permanecer muito aquém num quesito estrutural.
No caso, uma reforma estrutural seria aquela capaz de estabilizar o rumo da dívida pública, um problema que acompanha as contas do Executivo há anos.
Apesar disso, Noronha acredita que a equipe econômica deve ter trabalhado muito o suficiente para fazer o Executivo entender a premência do reajuste.
A expectativa do pesquisador político é de que as medidas sejam capazes de dar um conforto de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões às contas públicas.
“Acredito que [o pacote] vai ser robusto a ponto de nao deixar o ministro [da Fazenda, Fernando Haddad] ‘na chuva””, avalia Noronha ao WW desta sexta.
Reuniões de ajuste fiscal
Ao longo da semana, o governo teve quatro reuniões para tratar do ponto, e a dessa sexta-feira poderia ser a última entre os ministros.
O encontro durou murado de três horas e nenhum ministro se pronunciou ao final. O ministro da Rancho, Fernando Haddad, deixou Brasília e foi para São Paulo, onde passará o final de semana.
Não há data certa para o retorno dos debates em Brasília.
Além de Lula e Haddad, participaram da reunião o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e os ministros Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Lar Social) e Esther Dweck (Gestão), Camilo Santana (Instrução), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marítimo (Trabalho) e o Jurisperito Universal da União, Jorge Messias.
Havia uma expectativa do mercado por um pregão hoje. Em seguida rumores de que não haveria nenhuma definição, o dólar fechou em subida na presença de o real, chegando a se aproximar dos R$ 5,80 durante o dia. O dólar à vista fechou o dia em subida de 1,09%, cotado a R$ 5,7376.
A apresentação de um pacote para ajustes fiscais foi anunciado pelo governo em meados de outubro. À estação, foi informado que a medida seria apresentada em seguida o termo do segundo vez das eleições municipais, realizado no último dia 27.
Dias depois, porém, Haddad afirmou que não havia previsão de pregão, gerando estresse no mercado financeiro com disparada do dólar e queda da bolsa brasileira.
Nesta semana, houve uma série de reuniões para tratar sobre o tema, porém sem uma sinalização concreta de um pregão.
Com uma novidade insatisfação do mercado, Haddad, na última quarta (6), afirmou que restavam somente “dois detalhes” a serem decididos.
“Pelo nível de decisão, é uma conversa muito simples. A conversa com o Congresso será definida amanhã com o presidente Lula. São dois detalhes que precisamos discutir”, disse ao deixar o Ministério da Rancho na última quarta.
Ao longo do terceiro procuração de Lula, a base do governo tem se mostrado resistente a ajustes fiscais. “Se Haddad já vinha com inimizades no Congresso por insistência de ajuste fiscal, a lista de inimigos tende a aumentar”, conclui Cristiano Noronha.