Gerenciar relação com governo e compromisso com inflação será maior desafio de Galípolo, diz ex-BC

O grande questionamento girando em torno da indicação de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Médio (BC) é se o nomeado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conseguir separar o trabalho a ser cumprido do relacionamento com o governo. Essa é a opinião do ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon.

Nesta terça-feira (8), o nome do diretor de Política Monetária do BC foi revalidado com folga no Senado para presidir a autonomia a partir de 2025.

Em entrevista ao WW, Volpon reforça que a economia está crescendo supra do seu potencial, ou seja, em um ritmo que tende a pressionar a subida dos preços.

Isso, que por um lado é uma boa notícia para o governo, não é tão aprazível para a autonomia, que deve precisar subir os juros para controlar a inflação. O ex-diretor portanto aponta que, de veste, levante deve ser o maior repto de Galípolo adiante do BC.

“O grande repto do novo presidente, que a gente vai ver ao longo de 2025, será a urgência de diminuir o incremento econômico para colocar a inflação na meta”, comenta o ex-BC.

“É aí que vamos ver se o governo Lula, o ministro Haddad, pessoas com as quais o Galípolo tem fortíssimo relacionamento, se ele vai conseguir gerenciar a impaciência do Executivo para diminuir o incremento econômico a termo de colocar a inflação na meta”, conclui.

Mas é cá onde Volpon aponta que está a principal missiva na manga do atual diretor de Política Monetária: a boa relação dele com o governo pode ser o que faltava para coordenar o trabalho da autonomia com o do Executivo.

Ao longo dos últimos dois anos, a relação entre as duas partes foi marcada por críticas de Lula e aliados à política conduzida pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, para controlar a inflação.

O ex-diretor da autonomia aponta que esse embate foi infesto para a economia, gerando volatilidade e riscos aos olhos do mercado. O que Galípolo tem, na avaliação de Volpon, é a proximidade necessária com o atual mandatário para “segurar a impaciência” em relação ao “remédio amargo” que é a subida dos juros.

O economista reforça que tanto as expectativas do mercado quanto do próprio BC não apontam para um resfriamento da inflação sem novas altas da taxa Selic.

“O Banco Médio não pode ser uma ilhéu. Quando a gente vê os bons exemplos de Bancos Centrais pelo mundo, e o histórico no Brasil, é naqueles momentos em que há pronunciação entre a autonomia, o governo e a sociedade uma vez que um todo”, conclui Volpon.

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