
Mercosul inicia cúpula em Assunção sem Milei
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, em Assunção, em 8 de julho de 2024
DANIEL DUARTE
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse nesta segunda-feira(8) que o Mercosul está “cansado de integração” ao furar uma cúpula de presidentes à qual o conjunto chega com um pacto estagnado com a União Europeia, uma negociação difícil com a China e a falta do presidente prateado Javier Milei.
“Estamos um pouco cansados de integração e temos que renovar a cultura de integração; esses espaços são importantes”, disse Peña à prelo no porto de Assunção, onde recebe alguns de seus colegas do conjunto sul-americano: Luiz Inácio Lula Da Silva, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Luis Arce, da Bolívia.
A Argentina, segunda economia do conjunto, será representada pela ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, depois que seu presidente decidiu não comparecer à cúpula e participou no domingo de um fórum conservador em Santa Catarina, onde se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A chanceler argentina disse em reunião ministerial no sábado que o conjunto regional “precisa de um choque de adrenalina” e pediu “novas modalidades de negociação mais flexíveis”.
“O Mercosul avançou muito na dezena de 1990, mas na dezena de 2000, quando se acreditava que haveria uma integração mais profunda (…), houve uma mudança de tendência com um viés ideológico que dispersou o conjunto”, lamentou Peña.
A flexibilidade – que permite aos membros do conjunto negociar acordos com terceiros sem o consentimento de seus parceiros – é uma reivindicação antiga do Uruguai, que promoverá um pacto com a China quando assumir a presidência semestral do grupo no final deste ano.
A missão é difícil já que o Paraguai não tem relações com o país asiático porque reconhece Taiwan uma vez que a República da China, alguma coisa que Pequim não aceita.
“Não estamos fechados à negociação uma vez que conjunto, mas não estamos dispostos a renunciar a uma negociação de mais de 66 anos com a República da China”, explicou Peña, ao ser consultado se aprovaria um TLC com Pequim.
O encontro ocorre ainda em meio à estagnação das tratativas para um pacto de livre transacção com a União Europeia (UE), negociado há mais de 20 anos e que prevê expulsar a maioria das taxas entre as duas zonas, o que criaria um espaço mercantil de mais de 700 milhões de consumidores.
O pacto é resistido por alguns países europeus, principalmente a França, das quais setor agropecuário teme a concorrência dos produtos agrícolas sul-americanos.
“Deveríamos ter concluído essa negociação no ano pretérito” quando “as condições estavam postas em seguida tantos anos”, lamentou no sábado o chanceler uruguaio, Omar Paganini.
Ao contrário, agora “o quadro para o que resta do ano está longe de ser o melhor e isso era previsível”, afirmou.
O boliviano Luis Arce deve formalizar a ingressão de seu país no conjunto em seguida publicar a lei de adesão na sexta-feira, dias em seguida ter malogrado o que qualificou uma vez que tentativa de golpe de Estado em La Sossego.