
Entre xingamentos, ironias e julgamentos, veja os 5 momentos mais tensos entre Moraes e Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que estará um ato na Avenida Paulista, neste sábado (7), dia em que é comemorado a Independência do Brasil.
A expectativa é de que aconteçam no lugar protestos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), responsável pelo bloqueio da plataforma X no país — decisão referendada posteriormente pela 1ª Turma do STF.
Nos últimos anos, Bolsonaro e Moraes protagonizaram embates em momentos de elevada tensão, que se materializaram em inquéritos contra o ex-presidente no STF e outros episódios nevrálgicos durante a campanha presidencial de 2022. Confira.
1- Bolsonaro ataca Moraes no 7 de Setembro de 2021
Há três anos, durante o ato de 7 de Setembro também na Avenida Paulista, Bolsonaro xingou e atacou Moraes nominalmente durante exposição em cima de um trio elétrico.
Na ocasião, disse que “ou esse ministro se enquadra ou ele pede para trespassar” e afirma que “não se pode comportar que uma pessoa unicamente, um varão unicamente turve a nossa liberdade”.
“Ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser moleque. Deixa de oprimir o povo brasílio, deixe de criticar o seu povo. Mais do que isso, nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, estabelecer que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, completou o portanto presidente.
Bolsonaro ainda disse naquele 7 de Setembro que não cumpriria mais nenhuma decisão de Moraes.
“Digo a vocês que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”, prosseguiu.
Posteriormente, Bolsonaro se desculpou pelo ocorrido, com intermédio do ex-presidente Michel Temer (MDB), que indicou Moraes para o STF em 2017.
No dia 9 de setembro daquele ano, foi divulgação uma “Enunciação à Região”, na qual o portanto dirigente do Executivo dizia que nunca teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. “A harmônia entre eles não é vontade minha, mas preceito constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”, disse.
“Sei que boa segmento dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes no contextura do interrogatório das fake news”, continuou a enunciação.
O ex-presidente ainda disse que suas palavras para o magistrado “decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o muito geral”.
2- Eleições de 2022 e críticas às urnas
As eleições de 2022 marcaram novo embate entre Bolsonaro e Moraes.
Um dia em seguida o primeiro vez, no qual Bolsonaro teve 43,20% dos votos válidos e foi derrotado pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 48,43%, o ainda ex-chefe do Executivo federalista convocou uma entrevista coletiva e teceu diversas críticas ao ministro do STF.
“Para mim é muito mais fácil estar do outro lado do balcão, do lado daquele rostro que tá no Supremo e está no TSE. Tudo canetando contra mim. Acabou de me dar uma multa de R$ 20 milénio porque eu me reuni com embaixadores cá”, disse Bolsonaro sobre a reunião que aconteceu antes das eleições que mais tarde lhe deixaria inelegível.
Segundo o ex-presidente, Moraes a todo momento estava “usando a caneta para fazer malícia, tentar me tirar de combate, desgastar”.
Para ele, o ministro cometeu um transgressão quando “vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudante de ordens”, falando sobre o tenente-coronel Mauro Cid.
Ainda disse que Moraes “consegue pegar tudo para ele”, pediu para que ele tenha caráter e afirmou que o magistrado “está ajudando a enterrar o Brasil por questão pessoal”.
Em novembro de 2022, em seguida o segundo vez que deu a vitória para Lula com 50,90% dos votos válidos, apoiadores de Bolsonaro começaram a contraditar o resultado das urnas.
Ao se pronunciar sobre o matéria, Moraes relembrou uma história sobre o Corinthians, time para o qual torce.
“Eu sou corinthiano, porquê todos sabem. Até hoje, eu contesto a vitória do Internacional contra o Corinthians, em 1976. Aquela esfera que bateu na trave e bateu fora e foi oferecido o gol. Eu contesto até hoje, mas eu fico com a objecção para mim mesmo. É mal o Tribunal Superior Eleitoral vai tratar quem contraditar as eleições”, disse.
Dias depois, Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entraram com uma ação no TSE para pedir a anulação dos votos feitos em modelos de urnas UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015 no segundo vez das eleições de 2022.
A alegado era de que houve “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento” nesses modelos.
Posteriormente, o pedido foi indeferido e Moraes aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões para a coligação de Bolsonaro no pleito, que incluía, além do PL, o Progressistas e o Republicanos. O valor foi pago unicamente pelo PL.
3- Encontro com embaixadores e Bolsonaro fica inelegível
Em junho de 2023, Moraes foi responsável por dar o voto final durante o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condenou Bolsonaro por afronta de poder e uso indevido dos meios de notícia por uma reunião com embaixadores antes da eleição de 2022.
Por 5 votos a 2, foi determinada a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.
Em seu voto, Moraes foi incisivo e disse que a Justiça Eleitoral não estaria em zero inovando com a decisão de improbar o ex-presidente.
“A Justiça Eleitoral avisou a todos os participantes das eleições que não admitiria extremismo criminoso e atentatório aos poderes de Estado, não admitiria notícia fraudulenta, desinformação a título de tentar enganar eleitores sobre fraudes nas eleições, sobre o sistema eleitoral”, relembrou Moraes.
Segundo o ministro, nenhum candidato, principalmente Bolsonaro, “poderia alegar ignorância sobre o posicionamento dessa Incisão eleitoral das principais premissas que deveriam ser observadas para as eleições de 2022”.
Para Moraes, o evento de Bolsonaro com os embaixadores foi um “solilóquio eleitoreiro”.
“Uma taxa dele, pessoal, eleitoral, faltando dois meses e meio para o primeiro vez das eleições. A taxa foi instigar o seu eleitorado e eleitores indecisos, instigar contra o sistema eleitoral, contra a Justiça Eleitoral, contra as urnas eletrônicas”, disse.
Ainda disse que não era liberdade de sentença os ataques feitos por Bolsonaro à Justiça e ao sistema eleitoral “que o elege há 40 anos”.
“Isso é conduta vedada e ao fazer isso utilizando do incumbência do presidente da República, do numerário público, da estrutura do Palácio da Alvorada, da TV pública, é afronta de poder. E ao preparar tudo isso para imediatamente bombardear o eleitorado via redes sociais, uso indevido dos meios de notícia. Tudo absolutamente é interligado. Tudo seguindo um modus operandi realizado em outras oportunidades”, defendeu Moraes.
4- “Dinâmica golpista” e entrega de passaporte
Em fevereiro deste ano, Moraes disse que a descrição feita pela Polícia Federalista de uma reunião convocada e comandada por Bolsonaro revelava o conspiração de uma dinâmica golpista na subida cúpula do governo.
Um vídeo do encontro, que aconteceu em julho de 2022, foi encontrado pela PF no computador de Mauro Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente.
“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o conspiração de dinâmica golpista, no contextura da subida cúpula do governo”, afirma Moraes na ordem que autorizou a deflagração da operação policial na era.
Ainda de conciliação com a PF, aliados de Bolsonaro monitoraram Moraes em dezembro de 2022 para uma tentativa de golpe de Estado. Na ocasião, foram cumpridos 33 mandados de procura e inquietação e quatro de prisão na Operação Tempos Veritatis.
“A equipe de investigação comparou os voos realizados pelo Ministro no período de 14/12/2022 até 31/12/2022, com os dados de seguimento realizados pelos investigados. A estudo dos dados confirmou que o Ministro ALEXANDRE DE MORAES foi monitorado pelos investigados, demonstrando que os atos relacionados a tentativa de Golpe de Estado e Extermínio do Estado Democrático de Recta, estavam em realização”, disse a PF.
Um dos alvos da operação, Bolsonaro precisou entregar seu passaporte por preceito de Moraes. Na ocasião, ele disse à CNN que “não se movimentou um soldado em Brasília para dar golpe em ninguém aí”.
5 – Atos do 8 de janeiro e a facada
Moraes atuou diretamente na pena dos participantes dos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023 na Rossio dos Três Poderes, em Brasília. Mais de 100 pessoas já foram condenadas no STF pelo caso.
Bolsonaro já se manifestou diversas vezes sobre as medidas determinadas pelo ministro, pediu anistia para os condenados e já chegou a expor que estaria recluso até se estivesse no Brasil na ocasião — ele havia viajado para os Estados Unidos uma semana antes, em dezembro de 2022.
O magistrado já disse que um dos objetivos dos responsáveis pelo 8 de janeiro era prendê-lo e, posteriormente, enforcá-lo na Rossio dos Três Poderes.
“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, disse Moraes ao jornal “O Orbe”, em janeiro de 2024.
“E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, em seguida o golpe, eu deveria ser recluso e enforcado na Rossio dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, prosseguiu.
Em seguida a repercussão da fala de Moraes, Bolsonaro reagiu com ironia.
Segundo relato de interlocutores, o ex-presidente debochou do que disse o magistrado.
“Se tem alguém que foi atacado, fui eu, inclusive tomei uma facada”, disse Bolsonaro ao telefone, segundo o relato, relembrando a facada de que foi branco em Juiz de Fora, durante a campanha presidencial. “Caso, inclusive, [que] não foi solucionado até agora”, emendou o ex-presidente.
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