
Um mandato para Moro
Um procuração para Moro
Todos sabemos que no último dia 9 de abril, o TRE-PR absolveu o senador Sérgio Moro de acusações de natureza eleitoral
– injúria de poder econômico e caixa 2 nas eleições de 2022 – dos quais eventual protecção poderia levar a perda do seu procuração. O caso traz um tecido de fundo multíplice, envolvendo aspectos jurídicos, políticos e talvez até “afetivos”.
Moro
esteve no epicentro e foi talvez o mais evidenciado protagonista da chamada Operação Lava Jato,
a maior investigação de prevaricação registrada no país. O tamanho da investigação gerou inclusive impacto na imagem do Brasil no exterior.
Sobre essa visão da prensa internacional, Gustavo Jordan Alves apresentou dissertação de mestrado na USP
sobre o tema e observou que “entre 2014 até 2017 (…) jornais em campos ideológicos divergentes convergiam em enquadrar a operação uma vez que um progressão no combate à prevaricação”
, e que esse quadro muda a partir de 2019, com a prisão de Lula.
Ainda em 2017, Moro foi levado a julgamento no TRF-4 por ter cometido abusos contra Lula e seus filhos na transporte da Lava Jato. Na ocasião, o TRF-4 entendeu que a Lava Jato era um procedimento de subida complicação “não sendo provável ser conduzida por meios ordinários e uma vez que uma investigação geral”.
Por ocasião da eleição presidencial de 2018, Moro havia se tornado uma figura midiática e o invitação do logo presidente Jair Bolsonaro
para que o “juiz da Lava Jato”
fosse Ministro da Justiça, soou oriundo. A lua de mel durou pouco, porém, Moro se desgastou com Bolsonaro, saiu “atirando”
e desde logo tornou-se um cândido para variados adversários.
O PT foi o mais presente combatente do velho juiz de Curitiba. O ressentimento aí é muito compreensível. Moro esteve primeiro de diversas ações impactantes contra o PT, uma vez que a transporte coercitiva e prisão de Lula, assim uma vez que o famoso vazamento do telefonema de Dilma a Lula (“o Bessias está te levando um papel”),
transmitido em horário sublime e em rede vernáculo de TV.
Fim de adversários políticos, Moro também enfrenta problemas no CNJ,
que iria julgá-lo no dia 16 de abril, mas teve seu processo retirado de taxa para “uma melhor deliberação”.
O ex-juiz não responde mais a aspectos disciplinares no órgão em questão já que não é mais magistrado, mas, se sua atuação junto à 13ª Vara Federalista de Curitiba caracterizar violação, poderá responder processo criminal no horizonte.
Voltando à política, Moro procurou o Ministro do STF Gilmar Mendes, seu assumido desafeto, para “uma aproximação”,
já que ações contra ele devem chegar ao STF ou serem ali propostas. O resultado, uma vez que seria de se esperar, foi próximo do desastroso. Mendes teria dito que o senador e o ex-deputado federalista Deltan Dallagnol
“roubavam penosa”.
Parece visível que Moro era pleno sabedor da refrega a ser enfrentada quando decidiu trocar a segurança da curso de juiz federalista pela atividade político-partidária. O desfecho desses embates todos, por óbvio, ele não sabe e nem tem uma vez que saber qual será.
A disputa pela vaga de senador de Sérgio Moro,
envolvendo partidos de direita, esquerda e núcleo, arrefeceu com o julgamento do TRE-PR, porém, uma vez que o caso ainda seguirá para o TSE, trata-se de uma romance dos quais capítulo final parece estar ainda distante.