Eleições nos EUA: vitória de Trump pode ameaçar produção de etanol de milho no Brasil
A vitória do republicano Donald Trump na eleição presidêncial dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 6, deve acirrar a disputa entre os EUA e o Brasil pela liderança na produção global de etanol de milho — com os EUA atualmente na posição de maior produtor mundial do biocombustível. A estudo é de Welber Barral, sócio-fundador da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de Transacção Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Transacção e Serviços (MDIC).
“Você pode ter mais medidas com políticas e subsídios para a produção de etanol de milho nos Estados Unidos, o que deve afetar o Brasil”, afirma Barral. Em setembro, o Brasil aprovou a Lei do Combustível do Horizonte, que altera os percentuais de mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel, além de oferecer incentivos ao diesel verdejante e ao combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).
Os EUA são o principal produtor global de milho, com uma estimativa de produção de 386,18 milhões de toneladas para a safra 2024/25. Em relação à soja, os EUA ocupam o segundo lugar, com uma projeção de produção de 124,70 milhões de toneladas nesta temporada.
Durante a campanha, Trump prometeu à Federação Americana de Bureau de Lavoura (AFBF, na {sigla} em inglês) — a principal organização que representa agricultores, pecuaristas e comunidades rurais nos EUA, com presença em mais de 2.800 condados — que lutaria contra barreiras comerciais que considera “injustas”.
Inclusive, nos estados do Meio-Oeste dos EUA, porquê Iowa — maior produtor de milho norte-americano —, Dakota do Sul e Dakota do Setentrião, grandes produtores de trigo, e Kansas, que se destaca na produção de trigo e manada, Trump saiu vitorioso. A exceção, entretanto, foi Illinois, segundo maior produtor de milho, onde Kamala Harris venceu.
No caso do etanol, por exemplo, ele quer não só aumentar a produção no país, mas também exportar o biocombustível para todo o mundo — o novo presidente prometeu reduzir os preços da força para patamares recorde, o que deve diminuir os custos de produção no campo.
Segundo Trump, a política de incentivo à transição energética da gestão Biden encareceu os derivados do petróleo, o que inclui insumos agrícolas, porquê fertilizantes e defensivos agrícolas.
A estratégia do novo mandatário inclui também a edição da “Trump Reciprocal Trade Act”, que prevê medidas de reciprocidade para derrubar barreiras comercias e priorizar os produtores americanos em detrimento de fornecedores estrangeiros terceirizados.
Para Barral, dois pontos de atenção emergem para o Brasil com a novidade gestão Trump. O primeiro é o transacção bilateral: Brasil e EUA competem em grandes commodities agrícolas, porquê soja, milho e trigo. Medidas protecionistas de Trump podem desequilibrar essas relações comerciais, intensificando a concorrência no setor.
“Para o transacção exterior, é uma má notícia, pois implica em mais protecionismo no mundo. Durante a campanha, Trump não prometeu zero de liberalização, e sim mais protecionismo”, afirma Barral. Em seu primeiro procuração (2017-21), Trump implementou uma série de medidas protecionistas, incluindo aumentos nas tarifas de importação de aço, alumínio e cobre.
O segundo ponto é o impacto no agronegócio. Embora Brasil e EUA não sejam grandes parceiros comerciais nesse setor, há destaque para a importação de suco de laranja brasílico pelos EUA. Nesse sentido, as expectativas são de segurança, segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Vernáculo dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
“O suco de laranja já recebe uma sobretaxa de US$ 415 por tonelada e com a subtracção da produção da Flórida não há mais o problema da ameaço brasileira ao produtor da Flórida. Outrossim, os EUA possuem concórdia de livre transacção com o México, que é um fornecedor importante de suco de laranja e isento de tarifas. No primeiro governo Trump houve uma revisão desse concórdia e as tarifas preferenciais do México foram mantidas”, diz o diretor.
Relação mercantil EUA e China
Durante o primeiro procuração, o protecionismo de Trump contra a China beneficiou a soja brasileira. Na idade, o portanto mandatário norte-americano adotou uma série de medidas que afetaram a relação mercantil entre os dois países, levando a China a intensificar as importações do grão brasílico, seu principal fornecedor.
“Aumentamos a participação, a exportação para a China, em detrimento dos agricultores americanos, mas, em indemnização, eles receberam subsídios por conta disso. Porque, muito ou mal, os produtores americanos — o interno dos Estados Unidos — são um grande celeiro de votos para o Trump. Logo, ele tenta proteger sua base”, afirma Josilmar Cordenonssi, professor de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie.
Na campanha, Trump declarou que pretende “terminar permanentemente” com a subordinação dos EUA em relação à China para produtos agrícolas essenciais – ele também propôs melhorias em programas porquê os de preços mínimos, seguro de safra e cobertura de margem em laticínios, buscando fortalecer a produção pátrio e reduzir a exposição ao mercado chinês.
“Os agricultores brasileiros, por sua vez, também têm uma afinidade ideológica com o Trump e apreciaram essa medida de protecionismo dele em relação à China e a retaliação que favoreceu os produtores brasileiros”, diz o professor.
O acadêmico, entretanto, pontua que esse cenário de guerra mercantil entre EUA e China pode mudar se Trump eventualmente fechar um concórdia mercantil com a China, que envolva a redução de tarifas, principalmente uma tratativa que envolva investimentos em fábricas nos Estados Unidos, o que geraria empregos no “Rust Belt”, o cinturão da ferrugem —, isso pode fazer com que as tarifas sejam reduzidas, beneficiando os agricultores americanos.
“O cenário é muito incerto. Precisamos esperar. Se as coisas continuarem porquê estão, saímos beneficiados, mas, caso um concórdia seja feito, o que é muito provável, tudo pode mudar. Por fim, Trump não segue uma questão ideológica; para ele, é uma questão mais negocial e mercantil”, afirma Cordenonssi.