Com seca e câmbio depreciado, inflação acelera e “inverte” rumo da Selic

Expectativas do mercado financeiro apontam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Mediano (BC) irá gabar em 0,5 ponto percentual (p.p) a taxa Selic nesta quarta-feira (6), enquanto a inflação acelera no país, puxada principalmente por impacto das secas e movimento no câmbio.

O Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), que coleta e analisa dados de mercado, estima verosimilhança de 85,8% para elevação de meio ponto nos juros.

Há tapume de oito meses, o colegiado caminhava, no mesmo ritmo, na direção oposta: em março, reduzia a Selic em 0,5 ponto — no último namoro desta proporção do ciclo iniciado em agosto de 2023.

De lá para cá, o BC viu as expectativas de inflação coletadas pelo seu Boletim Focus acelerarem: na edição anterior ao último namoro de 0,5 p.p, previa o Índice de Preços ao Consumidor Vasto (IPCA) de 3,79% neste ano.

No mais recente, projeta 4,59%, percentual supra da tolerância da meta de inflação (4,5%).

Segundo economistas consultados pela CNN, os principais efeitos que puxaram para cima os índices de preço foram as secas que atingiram o país, resultando no aumento do dispêndio da pujança elétrica e do preço dos víveres, e a desabono do real.

As secas levaram ao acionamento de termelétricas, o que levou o país à bandeira vermelha 2 no mês pretérito, e prejudicou a produção de víveres in natureza, principalmente as proteínas animais, porquê explica André Braz, coordenador de índices de preços da FGV.

“Tivemos uma seca que acabou prejudicando a oferta de víveres de maior valor, relacionado à pecuária. A mesocarpo, assim porquê a família de lacticínios, está muito rostro porque a quesito de pastagem está muito ruim”, diz.

Já a moeda americana subiu mais de 15% neste período, saindo de R$ 4,96 no dia do último namoro de 0,5 p.p para R$ 5,75 na terça-feira (5). Para o economista, o movimento reflete incertezas sobre a política fiscal do governo, mas também o envolvente extrínseco.

“A questão fiscal esbarra sempre no câmbio. Sempre que temos problema fiscal que aumenta o risco país, isso desvaloriza a nossa moeda. Mas as razões também estão em questões externas, porquê com as guerras”, completa.

Do lado da demanda, Antonio Ricciardi, economista da GO Associados, menciona a “atividade econômica mais potente que o esperado”, que abriu o hiato do resultado em 0,5% no segundo e terceiro trimestres, segundo o Banco Mediano.

“Esses três fatores combinados [seca, câmbio e atividade] podem levar a taxa de inflação supra da meta em 2024”, disse o técnico.

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