Lula pediu a Haddad que cancelasse viagem para evitar “mundo da especulação”

O pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o ministro da Herdade, Fernando Haddad, ficasse em Brasília foi para evitar “o mundo da especulação”, segundo um ministro próximo ao dirigente do Executivo, ouvido pela CNN.

Haddad estava com viagem marcada para a Europa durante toda a próxima semana e só retornaria a Brasília no dia 11 de novembro.

O roteiro do ministro aconteceria em meio à volatilidade no mercado, que espera por um pacote de cortes de gastos robusto e eficiente desde o meio do ano. A avaliação do governo veio posteriormente o dólar renovar as máximas e chegar ao maior patamar desde a pandemia, fechando em R$ 5,87 na última sexta-feira (1º).

Segundo o facilitar do presidente, a prioridade é fechar essa proposta, “se não fica o mundo da especulação”.

Embora tenha oferecido a ordem para manter o ministro da Herdade em Brasília, debruçado sobre o texto, Lula não quis comentar a decisão.

Depois visitar as instalações da sala de monitoramento do Fiscalização Pátrio do Ensino Médio (Enem) neste domingo (3), o presidente foi questionado sobre o pacote e se limitou a proferir que não comentaria nenhum objecto além de instrução.

“Eu não vou discutir nenhum objecto que não seja instrução. Mais zero. Nem Estados Unidos, nem Venezuela, nem Nicarágua, nem Rússia, nem China. Hoje é Enem”, disse.

A pressão dos agentes de mercado e investidores começou a ser intensificada em agosto, quando Haddad e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, passaram a proferir que apresentariam um projeto para dar sustentabilidade ao busto fiscal.

Na era, Tebet disse que Haddad teria planos de “A a Z” para endereçar o objecto e que seriam apresentados em momentos oportunos.

Naquele mês, a equipe econômica chegou a apresentar um projeto de revisão de gastos para 2025, que mira mormente a Previdência Social, Bolsa Família e remanejamentos orçamentários em ministérios, cuja expectativa de retorno é de R$ 25,9 bilhões. Mas para o mercado, não é suficiente para mostrar o compromisso do governo com a regra das contas públicas em vigor.

Em entrevista à prelo na semana passada, Haddad chegou a proferir que “entende a inquietação do mercado”, mas que “tem gente especulando em torno de coisas”.

Em outro momento, posteriormente reunião da Junta de Realização Orçamentária (JEO), que reúne ministros que tomam decisões sobre o orçamento, Haddad disse que já estava uma “forçação boba” a quantidade de questionamentos da prelo sobre a questão.

Haddad procura escora

A primeira reunião solene para apresentar as novas medidas para o presidente Lula aconteceu na semana passada e contou com Haddad e seus secretários, além do ministro da Moradia Social, Rui Costa e do porvir presidente do Banco Médio, Gabriel Galípolo.

Na ocasião, o ministro afirmou que foi verosímil chegar a uma “convergência” com a Moradia Social, no intuito de apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com as medidas estruturais. Segundo ele, também há “consenso” no governo sobre o incremento das despesas.

“A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do busto. A teoria é fazer com que as partes não comprometam o todo que o busto tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo”, disse na ocasião.

Agora, além de redigir o texto, Haddad também precisa do cômputo político com o Congresso Pátrio, já que segmento das medidas que estão sendo pensadas também afetam emendas parlamentares.

Na última quinta-feira (31), o ministro foi à Residência Solene do Senado para conversar com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros senadores sobre a regulamentação do mercado de carbono, que deve ser votada essa semana.

Segundo interlocutores presentes na ocasião, Haddad aproveitou o momento para falar aos parlamentares sobre a proposta do governo que será encaminhada.

O senador Efraim Rebento (União-PB) disse que os parlamentares presentes disseram ao ministro que o galanteio de gastos é “um tema importante para endereçar a preocupação com a responsabilidade fiscal e as ações do governo” e que Haddad vai “proceder em uma opção nesse sentido”.

Já a própria fala do governo com os parlamentares só deve debutar quando a proposta estiver “concreta”.

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