
Segurança pública, aliados políticos e críticas à atual gestão: veja como foi debate da Globo no Rio
Os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro se enfrentaram nesta quinta-feira (3) no último debate na TV antes das eleições municipais, que acontecem no domingo (6).
Participaram do embate promovido pela TV Mundo Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União Brasil) e Tarcísio Motta (PSOL).
O confronto foi dividido em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres, e o segundo e o quarto com temas determinados. Ao final do debate, os candidatos fizeram suas considerações finais.
Amorim x Paes
O candidato do União Brasil questionou o atual prefeito sobre casos de devassidão, incluindo a Lava Jato, e o suposto envolvimento do candidato à reeleição com nomes uma vez que o do ex-governador Sérgio Cabral e de Paulo Assed – que é sogro de Paes.
“A Lava Jato, cá no Rio de Janeiro, ela pegou muita gente. Esse prefeito cá que estava no Poder, comandando, fazendo muita coisa, e sem pensão privilegiado, está cá governando a cidade do Rio de Janeiro”, respondeu o pessedista.
Na réplica, Amorim mencionou outros nomes que seriam aliados do prefeito.
“Queria agradecer o espeque de todas essas pessoas citadas por ele. A gente não pensa igual a todo mundo, em política. Eu respondo pelos meus atos, por aquilo que eu fiz”, rebateu Paes.
Paes X Ramagem
Ao questionar Ramagem sobre uma vez que solucionar a questão da segurança na capital fluminense, Paes mencionou o espeque do atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e sua atuação frente ao tema.
“Eu não tenho paraninfo Claúdio Castro. Minha liderança política se labareda Jair Messias Bolsonaro”, afirmou Ramagem.
Sobre o combate à instabilidade na cidade, Ramagem defendeu que “segurança é sim responsabilidade, também, da prefeitura”.
“Cláudio Castro, ele diz que não é paraninfo dele, mas em 2022, há dois anos, o tempo que ele estava na política, ou seja, ele iniciou na política pedindo voto para Cláudio Castro. É uma crise gravíssima que a gente vive no estado, essa é uma responsabilidade do estado”, disse o atual prefeito.
“Quando a gente olha para a gestão de Cláudio Castro, é uma gestão medíocre, tem muito a se fazer, mas a sua gestão é muito pior. É nota zero”, rebateu o candidato do PL.
Tarcísio X Amorim
O candidato do PSOL questionou Amorim sobre a resguardo à democracia e às instituições. Tarcísio ainda citou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) que indeferiu a candidatura do oponente.
“Enquanto eu responder processo por transgressão de opinião, onde os conservadores estão sendo perseguidos, é sinal de que eu estou no caminho visível. Eu não respondo nenhum processo por ladroagem”, respondeu Amorim.
Na réplica, Tarcísio associou Amorim à “extrema-direita”. “Quando a gente pergunta o compromisso político de qualquer candidato com a democracia, essa extrema-direita do ódio, da intolerância, da baixaria, do [sic] fake news, só repete as questões do ataque. Não respondeu, teve a candidatura indeferida porque é sentenciado por violência contra as mulheres”.
Ao final do embate, Eduardo Paes teve o primeiro recta de resposta do debate facultado, depois declarações de Ramagem o acusando de “esconder” o espeque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu sou coligado do presidente Lula, mas nós não somos iguais. Ele é do PT, eu sou do PSD, mas a gente trabalha junto para trazer melhorias para a população da nossa cidade”, afirmou o candidato à reeleição.
Ramagem X Marcelo
Em embate com Marcelo Queiroz, Ramagem voltou a falar sobre o papel da prefeitura nas questões envolvendo a segurança pública da cidade.
“Primeiro, eu acho que cá está muito simples: eles estão discutindo o que ninguém aguenta mais, uma subdivisão entre direita e esquerda, entre Lula e Bolsonaro”, respondeu Marcelo.
O candidato do PP ainda listou suas propostas para mourejar com tema, citando a instalação de câmeras de segurança e o diálogo com os demais entes federativos.
“Segurança pública é responsabilidade de todos. Não sou que estou dizendo, é a Constituição Federalista”, afirmou Ramagem, na réplica.
Marcelo X Tarcísio
O candidato Marcelo questionou Tarcísio sobre o posicionamento do ex-deputado federalista Marcelo Freixo ao voto útil em Eduardo Paes.
Tarcísio respondeu dizendo que tem “muito reverência” por Freixo, mas criticou a decisão do ex-companheiro de partido.
“Nós não abrimos mão das nossas bandeiras, nós continuamos enfrentando o atual prefeito e a direita fisiológica e essas máfias que controlam o poder na cidade do Rio de Janeiro”, disse.
Ao fazer sua réplica, Marcelo também criticou a iniciativa. “Quem passou por o que ele passou é realmente inacreditável pregar um voto útil”, afirmou.
Questões da cidade
Ao longo do segundo conjunto, os candidatos tiveram embates diretos sobre temas determinados pela organização do debate.
Saúde: “Nós fizemos muito pela saúde. Recuperamos todas as clínicas da família, foram mais de 4.000 médicos contratados, criamos o Super Meio Carioca de Saúde”, afirmou Paes. “A Prefeitura do Rio tem todos os hospitais que nós assumimos na zona oeste da cidade pelo deserção do Estado. Nós vamos fazer mais dois novos Super Centros da Saúde, um na zona setentrião, outro na zona oeste.”
Orçamento municipal: “Eu não tenho contato nenhum com o [Marcelo] Crivella, se você investigar as votações no Congresso Pátrio, o Crivella vota com o Lula, 80% das votações dele é com o governo Lula”, começou Ramagem. “Ele [Paes] tinha que dar transparência e ele não faz. O orçamento é secreto, as obras são secretas. A Transparência Internacional, [deu] oito zeros para transparência [da cidade do Rio].”
Ensino e escolas cívico-militares: “A atual gestão é uma tragédia. No meu projecto de governo, eu vou instituir a escola cívico-militar e a escola confessional religiosa para as famílias que não tem moeda para remunerar uma escola pessoal”, afirmou Amorim.
Favelas: “Favela é cidade. E favela é cidade significa que a gente tem que prometer ocupação, renda, moradia, cultura, escola, lazer para a população das favelas do Rio de Janeiro”, disse Tarcísio. Nós vimos o atual prefeito correndo detrás para fazer de tudo pra liberar o estádio do Flamengo, mas uma ocupação ali na Av. Venezuela que está precisando da resposta de um ofício pra garantia de aluguel social, em que o governo federalista já disse que cede o terreno, cede o prédio, não tem resposta até agora da Prefeitura.”
Alianças políticas: “A gente quer ser o novo prefeito do Rio exatamente para ter uma relação com todos, inclusive com o governo do Estado, com quem você [Paes] ultimamente tem trocado farpas, apesar de há um tempo detrás ter sido bastante companheiro quando você precisava dos R$ 5 bilhões da Cedae.”
Garantia de direitos
No terceiro conjunto, os candidatos voltaram a debater temas livres. Ao longo dos embates, os adversários falaram sobre diversos assuntos ligados à garantia dos direitos sociais, uma vez que saúde, ensino, lazer e segurança.
Ao ser questionado por Marcelo sobre os resultados de sua gestão nas áreas de saúde e ensino, Paes afirmou que “tem muita coisa para consertar”, mas defendeu ações de seu governo.
“Mais do que fazer campanha, eu estou trabalhando, uma vez que prefeito, para que as coisas da cidade possam continuar avançando”, disse.
Na sequência, Tarcísio perguntou a Ramagem sobre ensino, criticando a gestão de seu coligado, Jair Bolsonaro, na Presidência da República.
“Ministros do governo Bolsonaro acusados por devassidão? Não lembro, não há”, disse. Sobre a questão da ensino, o candidato do PL afirmou: “o que nós sabemos da ensino é que quem comemora taxas medíocres é o atual prefeito. Não bateu a meta e faz, ainda, aprovação automática”.
Ao ser questionado por Paes sobre a construção de parques na cidade, Tarcísio afirmou que não tem problema em reconhecer uma vez que “boas iniciativas”, mas fez menção a “obras eleitoreiras, enquanto a política pública estruturante está abandonada”.
Ramagem, por sua vez, perguntou a Amorim sobre o uso de tecnologia uma vez que estratégia para aumentar a segurança e uma vez que utensílio para geração de “cidade inteligente”.
“A atual prefeitura não entende absolutamente zero de perceptibilidade. Aliás, o setor de perceptibilidade, de tecnologia da prefeitura do Rio sofreu um apagão. Resta saber se foi incompetência ou se foi um pouco premeditado, um pouco para esconder alguma coisa”, disse o candidato do União.
No fechamento da rodada, Amorim questionou Marcelo sobre seu posicionamento político e em quem votaria nas próximas eleições. “Eu estou cá exatamente para a gente conseguir trespassar dessa lógica”, respondeu.
“Parece até que a gente vive em uma cidade onde tudo está perfeito”, acrescentou o candidato do PP.
Conjunto final
No conjunto que encerrou o debate, os candidatos também tiveram embates diretos, seguindo temas sorteados.
Paes e Ramagem protagonizaram o primeiro embate, falando sobre a questão dos transportes no município.
Ramagem citou um caso de devassidão envolvendo o BRT; falou sobre a situação da Avenida Brasil e citou uma redução na frota de ônibus.
Depois, foi a vez de Marcelo e Paes se enfrentarem, debatendo sobre construções irregulares na capital fluminense.
O atual prefeito falou em combater ocupações, milícias e o tráfico de drogas, e ainda citou mudanças no Projecto Diretor da cidade.
Na sequência, Amorim e Tarcísio falaram sobre empregos nas periferias da cidade.
O candidato do PSOL criticou reformas feitas em gestões anteriores e citou precarização das relações trabalhistas.
Já Ramagem e Amorim discutiram a questão do transacção ambulante no município.
Encerrando a rodada, Tarcísio e Marcelo debateram a requisito de famílias em situação de rua.
Em sua resposta, Marcelo citou propostas de seu projecto de governo, incluindo um programa de hortas, e também defendeu a construção de abrigos que aceitem animais de estimação.
Outros candidatos
Os candidatos Carol Sponza (Novo), Cyro Garcia (PSTU), Henrique Simonard (PCO) e Juliete Pantoja (UP) não foram convidados a participar do debate por não cumprirem os critérios estabelecidos pela organização.
Foram convidados os concorrentes de partidos com, no mínimo, cinco representantes no Congresso Pátrio ou que alcançaram ao menos 6% das intenções de votos na última pesquisa Quaest, divulgada na segunda-feira (30).