Venezuela acusa Brasil de se “passar por vítima” e violar Carta da ONU
A Venezuela acusou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil de se “passar por vítima” e violar os princípios da Missiva da ONU em expedido neste sábado (2). Isso acontece em seguida o Itamaraty publicar uma nota pontuando que as ameaças da Polícia Pátrio venezuelana nas redes sociais são “ofensivas”.
O texto diz que o governo de Nicolás Maduro considera “ininteligível” a enunciação do ministério brasílico e que a pasta “tenta enganar a comunidade internacional, fazendo-se passar por vítimas numa situação em que claramente agiram uma vez que vitimizadores”.
No texto divulgado pela chancelaria brasileira na sexta-feira (1°), é dito que a Venezuela optou por “ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos” e que isso não corresponderia à “forma respeitosa” que o Brasil trata o país sul-americano.
A nota do ministério foi divulgada em seguida uma publicação da Polícia da Venezuela com uma imagem borrada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em frente à bandeira brasileira. Aliás, há a frase: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”, em tradução livre.
Neste sábado, o Itamaraty também foi indiciado de “agressão descarada e rude” contra Maduro, instituições e poderes públicos e a sociedade venezuelana, “numa campanha sistemática que viola os princípios da Missiva das Nações Unidas, uma vez que a soberania vernáculo e a autodeterminação dos povos”.
As ações violariam ainda “a própria Constituição brasileira em seu procuração de não interferência nos assuntos internos dos Estados”.
“O Governo Bolivariano insta, mais uma vez, a burocracia do Itamaraty a desistir de interferir em questões que dizem reverência somente aos venezuelanos, evitando a deterioração das relações diplomáticas entre os dois países, para o que devem assumir uma conduta profissional e diplomática respeitosa, uma vez que a Venezuela tem demonstrado através de sua política externa”, conclui o expedido.
A CNN entrou em contato com o Itamaraty e aguarda retorno.
Escalada da crise entre Venezuela e Brasil
A crise entre Venezuela e Brasil se agravou no final de outubro, em seguida o país de Nicolás Maduro ter a ingressão nos Brics, grupo que reúne as principais economias emergentes, vetada pelo Brasil.
O incômodo no governo venezuelano começou em seguida o Brasil não reconhecer a suposta vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Desde portanto, autoridades brasileiras, incluindo Lula, pediram para que o Parecer Pátrio Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue as atas detalhando os resultados da votação e confirmando o pleito.
Portanto, durante a Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, na Rússia, entre 22 e 24 de outubro, Nicolás Maduro fez um pronunciamento afirmando que seu país “faz segmento desta família dos Brics”.
Ele pretendia que a Venezuela pudesse integrar o conjunto econômico. Entretanto, para isso, é necessário consenso entre os integrantes do grupo e, conforme apurou Américo Martins, exegeta de Internacional da CNN, Lula determinou pessoalmente que o Itamaraty bloqueasse a ingressão do país sul-americano.
No dia 29 de outubro, Maduro afirmou que o Itamaraty “sempre conspirou contra a Venezuela” e que é uma “chancelaria muito vinculada ao Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Celso Amorim, assessor próprio da Presidência para assuntos internacionais, pontuou que o Brasil estava sendo indiciado injustamente por barrar a adesão venezuelana aos Brics.
Porém, o presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, declarou intenção de declarar Amorim, uma vez que persona non grata no país.
Um dos movimentos de maior tensão nessa crise aconteceu no dia 30 de outubro, quando Venezuela convocou o legado venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para consultas em seguida o insatisfação com Celso Amorim.
Esse passo é, na diplomacia, uma medida que expressa possante protesto, e poderia preceder o rompimento de relações diplomáticas entre dois países, caso Maduro decida retirar definitivamente seu legado de Brasília.
*Luciana Taddeo, da CNN, em Buenos Aires, colaborou para esta material