Milhares de pessoas protestam contra lei de ‘influência estrangeira’ na Geórgia

VANO SHLAMOV

Manifestantes protestam em frente ao parlamento da Geórgia contra projeto de lei sobre “influência estrangeira”, em 2 de maio de 2024

Vano SHLAMOV

Dezenas de milhares de pessoas voltaram a ocupar as ruas da Geórgia nesta quinta-feira (2), em uma novidade noite de protestos contra o controvertido projeto de lei sobre “influência estrangeira”, comparado com as leis russas contra a dissidência.

A poviléu fez toar apitos e tremulou bandeiras brancas e vermelhas da Geórgia ao lado das azuis com estrelas amarelas da União Europeia na capital Tiblíssi, segundo repórteres da AFP.

As marchas se sucedem desde 9 de abril, quando o governo apresentou o projeto legislativo. Os críticos do texto argumentam que ele é inspirado na lei russa de “agentes estrangeiros” usada para silenciar a dissidência.

Diferentemente dos dias anteriores, nesta quinta o protesto ocorreu em dois locais diferentes: em frente ao Parlamento, ponto tradicional de manifestações, e na Rossio dos Heróis, onde está levantado um monumento aos soldados georgianos mortos.

A polícia utilizou spray de pimenta e prendeu várias pessoas que bloquearam a rua que leva à rossio. Os manifestantes gritavam “Não à Rússia!” e chamavam de “traidores” os deputados do partido governante, Sonho Georgiano.

“Estamos juntos para provar às marionetes do Kremlin que não aceitaremos um governo que vai contra os desejos do povo”, disse Giorgi Loladze, um manifestante de 27 anos.

O partido Sonho Georgiano tentou sancionar oriente projeto de lei no início de 2023, mas não conseguiu precisamente devido aos protestos maciços.

O governo voltou a apresentar o projeto em abril e, nesta quarta, obteve sua aprovação em segunda leitura, por 83 votos em prol e 23 contrários, e pretende promulgá-lo até meados de maio.

O Supino Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, instou “as autoridades georgianas a retirarem oriente projeto de lei e a iniciarem o diálogo, em privado com a sociedade social e os meios de notícia”.

“Qualificar as ONG e os meios de notícia que recebem financiamento estrangeiro de ‘organizações que agem no interesse de uma potência estrangeira’ é uma séria ameaço aos direitos à liberdade de sentença e associação”, acrescentou.

Ou por outra, Türk disse que está “preocupado com os relatos sobre o uso desnecessário e desproporcional da força […] contra manifestantes e profissionais dos meios de notícia em Tiblíssi, a capital georgiana”.

O porta-voz do Parecer de Segurança Pátrio dos Estados Unidos, John Kirby, também manifestou preocupação pelo que essa legislação “poderia supor em termos de sufocar a dissidência e a liberdade de sentença”.

O texto também foi duramente criticado pela União Europeia, que considera que sua aprovação seria incompatível com as aspirações do país para integrar o conjunto.

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