Universidade de Columbia se torna trincheira de estudantes contra conflito em Gaza

TIMOTHY A. CLARY

Bandeira pendurada em uma das janelas da Universidade de Columbia pede a libertação dos territórios palestinos

TIMOTHY A. CLARY

Foi a 9 milénio quilômetros da Tira de Gaza, em Manhattan, onde começaram os protestos que agitam as universidades dos Estados Unidos: na prestigiada Columbia, em Novidade York, onde estudantes ocupam o campus e enfrentam autoridades.

Uma bandeira com os dizeres “Palestina Livre” foi pendurada em uma das janelas da instituição, que restringiu fortemente o entrada ao campus, onde havia hoje uma pequena presença policial.

A estudante de economia Tina Deng, 25, diz que não tem opinião formada sobre o protesto, mas culpa as autoridades universitárias por terem feito a polícia intervir e prender manifestantes no último dia 18, o que, segundo ela, fez o clima de tensão aumentar.

“O mesmo pode ocorrer com quem vier a expressar sua opinião no porvir”, diz a aluna estrangeira, que também lamenta os transtornos causados aos estudantes, que não podem acessar o restaurante universitário nem a livraria.

Epicentro das manifestações pró-palestinos que se espalharam por dezenas de universidades americanas e de outros países, os jardins de Columbia costumam estar cheios de estudantes. Mas hoje, os poucos que havia pareciam tensos.

Ao amanhecer, um pequeno grupo ocupou o prédio administrativo depois que autoridades informaram que haviam começado a suspender os alunos por não respeitarem a ordem de remoção do acampamento montado nos jardins.

– ‘Tratados com desprezo’ –

Os manifestantes pedem o término do conflito na Tira de Gaza e da ocupação israelense dos territórios palestinos. Também exigem que a universidade rompa seus laços com Israel e o retorno da centena de estudantes suspensos em seguida a mediação policial de abril, cujas imagens correram o mundo.

“Você acorda de manhã e tudo o que ouve são helicópteros e sirenes da polícia. E descobre que seus colegas foram agredidos ou presos”, conta o estudante de recta Mohamed Ali, 24.

“Estavam cá pacificamente e foram tratados com desprezo. Todos nós somos tratados com desprezo”, reclama o jovem, para quem os estudantes “são punidos coletivamente” para que se voltem contra os manifestantes.

Felipe Poelling, 19, aprova o movimento: “São meus colegas, acredito que saibam por que estão lutando, admiro isso.”

– ‘Longe demais’ –

Autoridades de Columbia, assim uma vez que segmento da classe política, principalmente os republicanos, acusam os manifestantes de antissemitismo, devido às suas palavras hostis a Israel, um grande coligado dos Estados Unidos no Oriente Médio.

A universidade ameaçou expulsar os alunos que participam do protesto, que responderam convocando seus simpatizantes a se manifestarem no campus ou em frente à instituição. “Tomar nosso campus é a única resposta a uma instituição que não segue suas próprias normas ou regras éticas”, disseram ontem os líderes do protesto, em entrevista coletiva.

Perto do campus, o estudante de ciência política David, que preferiu não informar o sobrenome, diz estar chateado. Ele quer o término “do efusão de sangue” nos dois lados do conflito.

“Nos Estados Unidos, temos o recta de nos reunir pacificamente, um recta que valorizamos muito. Mas você não tem o recta de tomar um sítio, organizar motins e agressões. Isso é ir longe demais”, criticou o aluno.

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