BCB se prepara para aumentar taxa de juros após dois anos de cortes

PEDRO LADEIRA

(Registro) Sede do Banco Mediano do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012

PEDRO LADEIRA

O Banco Mediano do Brasil deve aumentar nesta quarta-feira (18) sua taxa básica de juros em 0,25%, chegando a 10,75%, dois meses em seguida interromper um ciclo de cortes.

O economista Mauro Rochlin, coordenador acadêmico da Instauração Getúlio Vargas (FGV), disse que a “quase unanimidade do mercado” acredita que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) será nesse sentido.

“Temos alguns problemas também conjunturais, problemas com relação à seca, problemas com relação a um desemprego muito plebeu hoje. Fala-se de pleno ofício, inclusive. O crédito vem se expandindo muito fortemente e, por esses motivos, se acredita que haja uma subida de pelo menos 0,25%”, afirmou à AFP.

A maioria das 123 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo jornal Valor nesta semana prevê que a taxa Selic ficará em 10,75%.

O aumento contradiz os apelos por redução feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob o argumento de que não há explicação para o nível atual.

Em sua última reunião, em julho, o Copom decidiu pela segunda vez consecutiva mantê-la intacta em 10,5% por “cautela” diante de um cenário internacional “incerto” e das projeções de aumento da inflação no país.

Se for confirmado nesta quarta, será o primeiro aumento em pouco mais de dois anos, desde agosto de 2022, e do terceiro procuração de Lula.

A taxa permaneceu inalterada em 13,75% durante um ano, até agosto de 2023. Começou portanto um ciclo de sete cortes consecutivos até junho.

A inflação registrou ligeiro queda de 0,02% em agosto e ficou em 4,24% no índice anual. Embora esteja dentro da margem de tolerância solene (até 4,50%), continua longe da meta de 3%.

Segundo o último boletim Focus do Banco Mediano, divulgado na segunda-feira, o mercado espera uma inflação de 4,30% para levante ano.

Já o desemprego registrou uma redução de 1,1 ponto no trimestre maio-julho, situando-se em 6,8%. A população ocupada atingiu novo recorde histórico de 102 milhões de pessoas no período.

O Executivo prevê que a economia brasileira cresça 3,2% levante ano, enquanto o mercado prevê 2,68%.

– Na contramão do Fed –

A política de taxas elevadas torna o crédito mais dispendioso e desencoraja o consumo e o investimento.

Desde que assumiu o poder em janeiro de 2023, Lula tem pressionado por um incisão das taxas para impulsionar o prolongamento econômico.

Em suas críticas, atacou o presidente do Banco Mediano, Roberto Campos Neto, a quem acusou de “trabalhar para prejudicar o país”.

A reunião do Copom de terça e quarta-feira ocorre em seguida Lula nomear o economista Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, para chefiar o Banco Mediano a partir de 2025.

A designação ainda precisa receber aprovação do Senado.

A elevação da taxa básica também está relacionada à desvalorização do real frente ao dólar e à suspicácia do mercado na capacidade do governo de satisfazer a meta fiscal, segundo analistas.

A decisão do Banco Mediano do Brasil vai contra a do Federalista Reserve (banco meão americano), que se prepara para trinchar nesta quarta-feira sua taxa básica de juros pela primeira vez desde 2020.

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