Human Rights Watch denuncia participação de Guarda Nacional da Venezuela em mortes de manifestantes

A organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta quarta-feira, 4, o envolvimento das forças de segurança da Venezuela, incluindo a Polícia Pátrio Bolivariana (PNB) e a Guarda Pátrio, e de milícias chavistas conhecidas uma vez que “colectivos” em diversos assassinatos cometidos durante protestos contra a contestada eleição do presidente Nicolás Maduro, em 28 de julho. A ONG documentou ao menos 24 mortes e, a partir de uma perícia independente, pôde averiguar as condições de 11 casos.

“Os ‘colectivos’ há anos intimidam e assediam os críticos e os denunciam ao governo, principalmente em áreas populares, onde o governo tem uma potente política de segurança pública”, explica a HRW no documento.

Modus operandi

Depois coletar relatos de diferentes ONGs locais, a HRW chegou às descobertas a partir da estudo de mais de 40 vídeos e fotos dos protestos, nas quais pesquisadores, especialistas em armas e patologistas forenses observaram sombras, padrões climáticos para instaurar os locais e horários exatos das ocorrências, os tipos de ferimentos e as armas utilizadas. Também foram analisadas certidões de óbito e realizadas entrevistas com 20 pessoas, incluindo testemunhas e fontes locais, afirma a organização.

De convenção com a Human Rights Watch, milicianos pró-governo e as forças de segurança adotaram um modus operandi próprio durante as manifestações para amedrontar civis: primeiro a polícia dispersa os manifestantes por meio de barreiras, disparos de gás lacrimogêneo e a detenção de alguns deles. Depois, membros dos colectivos atiram contra a população com armas de incêndio por trás da barreira formada pelos agentes.

Uma situação assim foi flagrada durante um protesto em 29 de julho, em um vídeo publicado no TikTok e verificado pela HRW, que identificou sua localização na Avenida Urdaneta, em Caracas. Nas imagens, três milicianos vestidos à paisana surgem por trás da barreira montada pelos agentes de segurança uniformizados com armas de pequeno porte, atirando para o ar.

“Os manifestantes fogem e se dispersam. Os homens disparam suas armas por mais de um minuto. As forças de segurança não tomam nenhuma medida para moderar os civis ou prendê-los”, relata a HRW.

Dias mais mortais

A maioria das mortes ocorreram entre 29 e 30 de julho, os primeiros dois dias que sucederam o proclamação do resultado pelo Recomendação Pátrio Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo. O órgão, responsável por organizar o pleito, consagrou a vitória de Maduro para um terceiro procuração de seis anos por 51% dos votos, mas não apresentou até hoje os boletins das urnas que comprovariam o resultado. A oposição, liderada por María Corina Machado, reivindicou a vitória do seu candidato, Edmundo González, por 67%, publicando em um site supostas atas das seções eleitorais, as quais tiveram entrada, que atestariam a versão.

Entre os 24 mortos, um é membro da Guarda Pátrio da Venezuela (GNV). Oito casos ocorreram na capital, a maioria em bairros populares uma vez que El Valle e Antímano, que já foram redutos chavistas. Seis foram registrados durante o mesmo protesto em San Jacinto, no estado de Aragua. Os demais aconteceram nos estados de Bolívar, Carabobo, Lara, Miranda, Táchira, Yaracuy e Zulia.

“A repressão que estamos vendo na Venezuela é brutal”, destacou Juanita Goebertus, diretora da Subdivisão das Américas da Human Rights Watch. “A comunidade internacional deve tomar medidas urgentes para prometer que os venezuelanos possam reclamar pacificamente e que seu voto seja respeitado”.

A presença de milícias chavistas em protestos na Venezuela não é um pouco novo. Em 2020, a Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos sobre a Venezuela, estabelecida pelas Nações Unidas, destacou, a partir de relatos de manifestações, que “os colectivos estavam, em alguns casos, envolvidos no controle de multidões ou em violações em coordenação com as forças armadas do Estado e/ou sob instruções da liderança política do Estado”.

Vítimas da violência: dos disparos à desinformação

Uma das vítimas dessa combinação entre o poder estatal e paralelo na Venezuela foi o jovem Isaías Jacob Fuenmayor González, de 15 anos. Ao transpor de mansão em 29 de julho em San Francisco, no estado de Zulia, para ensaiar a dança de uma sarau de 15 anos com amigos, ele encontrou seus colegas se manifestando em frente a uma escola que havia servido uma vez que seção eleitoral no dia anterior. Em frente ao escola, está localizada a sede lugar do Partido Socialista Uno da Venezuela (PSUV), de Maduro, que foi fim de pedras por secção dos manifestantes, o levou a confrontos com a Guarda Pátrio. Depois o choque entre os dois grupos, membros de colectivos atacaram os manifestantes com armas de incêndio. O jovem acabou baleado no pescoço e não resistiu, documentou a HRW.

Outro caso verificado pela organização foi de Aníbal José Romero Salazar, de 24 anos, que morreu durante um protesto em Carapita, um bairro pobre de Caracas. Em uma coletiva de prensa, Maduro alegou que Salazar havia forjado sua morte, exibindo uma vez que prova um vídeo de um varão confessando a informação, fingindo ser o jovem.

Em 29 de julho, Salazar aparece em dois vídeos diferentes entre os manifestantes que se reuniam na Avenida Intercomunal, na capital venezuelana, cantando pacificamente por volta das 14h30, segundo análises meteorológicas da HRW. Por volta das 17h30, um terceiro vídeo centenas de manifestantes atirando objetos contra polícia, que dispara em resposta, enquanto secção do grupo tenta fugir da confusão. Às 19h, Zalazar, que estava sobre 230 metros do lugar, é atingido na testa por uma projéctil de incêndio — ferimento registrado em uma retrato analisada pela ONG.

A HRW relata ter tido entrada a um áudio de uma testemunha afirmando que, no momento em que Salazar foi atingido, policiais da Diretoria de Ações Estratégicas e Táticas (DAET) disparavam contra manifestantes perto de uma igreja, onde ele estava do lado de fora. Um vídeo publicado no TikTok e gravado a 100 metros do lugar onde o jovem estava mostra um agente armado, vestindo um uniforme da DAET, atirando contra a povo. Outra gravação, momentos depois, mostra Salazar sendo sobrecarregado com ferimentos por manifestantes.

No mesmo áudio analisado pela HRW, a testemunha diz que policiais impediram que Salazar fosse levado a um hospital. Ele aparece ferido em um outro vídeo, já de noite, na traseira de uma caminhonete. Os manifestantes conseguiram levá-lo ao hospital Pérez Carreño, nas proximidades, onde morreu.

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