Castelões, a pizzaria mais antiga de São Paulo, completa 100 anos

A Castelões, um ícone entre as pizzarias paulistanas, está completando 100 anos aparentando a idade que tem. Sem creme anti-aging, sem ácido hialurônico, sem sérum facial. As paredes estão manchadas, sacos de farinha importada ficam empilhados ao lado das mesas, cacos porquê latinhas antigas de óleo em estantes na parede servem à guisa de obra de arte.

Os garçons são realmente garçons, do tempo em que servir era uma arte. A conta vem em um papel escrito à mão. A porta, acanhada, dá para uma rua movimentada do Brás, na zona leste da cidade, com lixo na passeio, sem glamour, sem valet. Para estacionar é preciso encontrar uma vaga nos periferia.

Mas a pizza… difícil mesmo encontrar pizza mais gostosa na capital vernáculo da pizza. A tamanho de levedação prolongada tem a espessura certa, as bordas são enormes e deliciosas, a cobertura vem na medida, nem pouca nem muita. Os sabores são os mais tradicionais, sem fusion nem releituras.

Muçarela, marguerita, portuguesa, napolitana e quatro queijos estão entre os sabores mais pedidos. Destaque para a castelões, com molho de tomate fresco e calabresa de fabricação própria, levemente apimentada.

Cada pizza de tamanho tradicional sai por volta de 120 reais. A cada mês saem dos fornos tapume de 1.500 unidades. Para seguir, pode-se tanto pedir uma jarra de vinho da morada por 65 reais porquê um Brunello por tapume de 1.300 reais.

Origem ligada ao futebol

A Castelões, que também é cantina, está completando seu centenário neste ano. O salão com mesas com toalhas quadriculadas foi o lugar de comemoração de Fernando Henrique Cardoso quando venceu sua primeira eleição para presidente, em 1994. Hebe Camargo era outra habitué.

O endereço continua o mesmo, assim porquê as receitas da família Donato. A Castelões começou com Vicente Donato, brasiliano e fruto de italianos, e mais um camarada, Ettore Siniscalchi. Com um grupo de amigos, funcionários de uma indústria da região, eles se reuniam depois de partidas amadoras e futebol para manducar.

As especialidades, berinjela, frango à passarinho e bisteca alla Fiorentina, começaram a dar vez às pizzas em um estilo napolitano apropriado, com muitas coberturas com muçarela e aliche. O grupo começou a aumentar e a dupla de amigos tratou de erigir um forno à lenha.

O pedreiro, de tão envolvido com a obra, se tornou o primeiro pizzaiolo da Castelões. Em 1935, os sócios adquiriram a morada ao lado para ampliar o negócio. Até que em 1950 Ettore fez uma viagem ao Rio de Janeiro para testemunhar a um jogo de futebol do Palmeiras e à dramática itinerário da seleção brasileira no Maracanã na Despensa do Mundo. Acabou se apaixonando pela cidade e vendeu sua segmento na pizzaria para o sócio.

Retrofit nos planos

Vicente ficou adiante do negócio até 1987, quando faleceu. Seu fruto, João, já trabalhava com o pai há mais de 20 anos. No ano seguinte foi a vez da terceira geração entrar no negócio. Fábio, logo com 15 anos, passou a dar expediente na pizzaria.

Hoje é ele quem toca o negócio, ao lado da companheira, Claudia Pinho. Técnico em pizza e culinária italiana, é ela quem toca a cozinha do restaurante. Aos fins de semana, quando o movimento é maior, Donato assume o posto na forneria.

Recentemente o restaurante importou uma das melhores máquinas italianas para escadeirar tamanho das pizzas. Está nos planos de Fábio fazer um retrofit no salão, com itens de decoração que remetem ao período de instalação, porquê as geladeiras de madeira.

Fábio também quer publicar um livro com a história do restaurante e, simples, da família. “A Castelões é uma instituição paulistana. Muita história aconteceu cá”, diz.

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