Venezuela sofre apagão, governo denuncia ‘sabotagem’

Juan Barreto

Um apagão registrado na madrugada desta sexta-feira (30) deixou a Venezuela na trevas, incluindo a capital, Caracas, informou o governo do presidente Nicolás Maduro, atribuindo esta lapso à sabotagem do sistema e à tentativa de golpe de Estado.

“Houve uma sabotagem elétrica na Venezuela, uma sabotagem contra o sistema elétrico vernáculo, que afetou quase todo o território vernáculo. Os 24 estados informam perda totalidade ou parcial do fornecimento elétrico”, disse o ministro das Comunicações, Freddy Ñáñez, ao conduto estatal VTV.

A interrupção ocorreu às 04h40 horário lugar (03h40 no horário de Brasília). Muitas ruas de Caracas estavam desertas no início da manhã, observou a AFP.

“É uma novidade sabotagem elétrica”, insistiu o ministro. “Vivemos isso em 2019, sabemos o que nos custou em 2019, sabemos o que nos custou restaurar o sistema elétrico vernáculo desde logo e hoje estamos enfrentando isso com os protocolos anti-golpe porque (é) o que tem na Venezuela desde antes do 28 de julho, durante 28 de julho e nestes pouco mais de 30 dias que se passaram”.

Ele se refere às eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro procuração de seis anos, que a oposição liderada por María Corina Machado qualificou porquê fraudulentas e afirma ter provas que mostram que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, foi o vencedor da disputa.

Os apagões têm sido frequentes na Venezuela há uma dez. O pior deles ocorreu em março de 2019 e durou vários dias, deixando o país no escuro.

Regiões do oeste do país, porquê Táchira e Zulia, que já foram a capital do petróleo, sofrem cortes diários de força.

O governo do presidente Nicolás Maduro normalmente atribui estas falhas a conspirações orquestradas pelos Estados Unidos e pela oposição para derrubá-lo. Embora líderes e especialistas da oposição, contrariando a tese da sabotagem, responsabilizem o governo pela falta de investimento, incompetência e depravação.

– Candidato da oposição convocado –

González, 75 anos, foi citado pelo Ministério Público, que abriu uma investigação criminal contra ele.

É a terceira citação, depois que ignorou outras duas. O não cumprimento desta medida acarretaria a emissão de um mandado de prisão. Não está evidente porquê fica o procedimento em meio ao apagão vernáculo.

A oposição publicou em um site cópias de mais de 80% das atas de votação que a mostram vencedora, que é o foco da citação: “Usurpação de funções” e “falsificação de documento público” do Parecer Pátrio Eleitoral (CNE), que não publicou os detalhes do escrutínio mesa a mesa, conforme exigido por lei.

Esses crimes teoricamente acarretam pena máxima de 30 anos de prisão.

Não foi especificado em qual qualidade González foi convocado: denunciado, testemunha ou técnico, de congraçamento com a lei venezuelana.

Mas alertou que “se não comparecer perante esta secretaria fiscal na referida data será considerado” em “risco de fuga” e “transe de obstrução (…), portanto será processado o correspondente mandado de consumição”.

González não se pronunciou, embora já tenha chamado o procurador-geral, Tarek William Saab, de “arguidor político” que o submeteria a um processo “sem garantias de independência e do devido processo”.

A oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD) denunciou uma “perseguição política” e negou que a publicação das atas no site estivesse a incumbência de González Urrutia. “De qualquer forma, não representa delito”.

Juristas classificaram o procedimento porquê irregular.

Maduro pediu prisão para González e Machado. Ele também os responsabiliza pelos atos de violência nos protestos pós-eleitorais, que deixaram 27 mortos – incluindo dois militares -, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos, uma centena deles menores, embora 16 adolescentes tenham sido libertados e colocados em liberdade condicional na quinta-feira.