Juros para grandes poluidores são, em média, 14 pontos-base maiores na zona do euro, diz ECB

Os bancos europeus já precificam os riscos climáticos e cobram taxas de juros maiores de empresas intensivas em carbono. A epílogo é de um estudo realizado pelo Banco Medial Europeu (ECB). Em média, companhias com altas emissões pagam uma taxa de juros 14 pontos-base maior do que aquelas com baixas emissões. Essa diferença chega a 20 pontos-base quando o cliente corporativo não possui um compromisso público de redução de emissões.

Segundo o ECB, a política de precificação dos bancos parece incentivar empresas altamente poluentes a investirem em estratégias de redução de carbono, uma vez que estas recebem descontos consideráveis nas taxas de juros ao adotarem tais compromissos. O prêmio climatológico cobrado das empresas com subida emissão de carbono supera o prêmio de risco de crédito, o que demonstra que o risco climatológico é um fator relevante na regra das taxas de juros.

Bancos que possuem compromissos de descarbonização tendem a cobrar um prêmio ainda maior de empresas poluidoras. Essas instituições financeiras reduzem os spreads em 16 pontos-base (21% da sua variação padrão) para empresas com metas de redução de emissões e cobram 2 pontos-base a mais para empresas com altas emissões.

Quando se analisam os volumes de empréstimos, os resultados se mantêm consistentes. Bancos comprometidos com a descarbonização tendem a oferecer menores volumes de empréstimos para empresas altamente poluentes e maiores volumes para aquelas com metas ambientais.

O trabalho também menciona uma diferença em relação a outro estudo que analisa bancos membros da Net Zero Banking Alliance, no qual os efeitos observados são menos consistentes. Isso pode ser devido à diferença de abordagem, já que o estudo do ECB se concentra no tomador de crédito e distingue entre emissões atuais e futuras, enquanto o outro estudo foca no setor, e não na empresa.

Efeitos da política monetária na estudo do risco climatológico

A política monetária, diz o ECB, afeta não só o risco de crédito, mas também o risco climatológico. Bancos ajustam seus padrões de empréstimo em resposta a choques monetários, cobrando um prêmio maior de empresas altamente emissoras de carbono durante períodos de política monetária restritiva e oferecendo melhores condições para empresas que se comprometem com a redução de emissões.

Um aumento inesperado de 25 pontos-base nas taxas de juros resulta em um aumento de 1,4 pontos-base no spread para empresas com subida emissão de carbono, enquanto para empresas comprometidas com a descarbonização o spread é 5 pontos-base menor.

Resultados semelhantes são encontrados quando se analisam as grandes mudanças na postura do BCE entre 2021 e 2022, porquê o termo das compras líquidas de ativos e o aumento das taxas de juros em julho de 2022. A política monetária mais restritiva está associada a uma queda no volume de empréstimos para todas as empresas, mas sem uma diferença significativa para empresas com diferentes níveis de exposição ao risco climatológico.

Apesar do envolvimento de grandes bancos no teste de estresse climatológico do BCE em 2022, os resultados indicam que, mesmo excluindo esses bancos da exemplar, o comportamento dos spreads permanece consistente. Bancos continuam a cobrar taxas mais altas de empresas altamente emissoras e taxas mais baixas de empresas com metas ambientais.

Os dados sugerem que a política monetária influencia significativamente a precificação tanto do risco de crédito quanto do risco climatológico, com bancos ajustando seus critérios de licença de crédito de concórdia com as condições econômicas e a postura das empresas em relação às emissões de carbono.

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