Brasil pode, pela primeira vez, eliminar um câncer. Entenda

Todos os dias, tapume de 19 mulheres morrem no Brasil vítimas do cancro de pescoço do útero. Com 17 milénio novos casos diagnosticados e mais de 6 milénio mortes por ano, leste é o segundo cancro que mais mata mulheres de 20 a 49 anos, conforme dados do Instituto Pátrio de Cancro (Inca). Na Região Setentrião, em peculiar, é o mais mortífero devido a menor adesão à vacinação e baixa realização de exames diagnósticos.

Cancro de pescoço: uma vez que prevenir

Mas essas estatísticas alarmantes podem ser mudadas. Diferentemente de outros tipos de cancro, o de pescoço do útero tem culpa conhecida, sendo um tipo altamente evitável, por meio de uma trindade de prevenção: vacinação, exames regulares e tratamento de lesões pré-cancerígenas.

“Muro de 99% dos casos são decorrentes de infecções pelo vírus HPV e as lesões causadas por ele podem ser identificadas por meio de exames de rotina”, explica a Dra. Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil.

O que é HPV?

O HPV, {sigla} em inglês para papilomavírus humano, é um grupo de vírus muito generalidade, em torno de 200 tipos. Estima-se que tapume de 80% da população sexualmente ativa já tenha entrado em contato com qualquer tipo de HPV, que é transmitido de uma pessoa para a outra por contato

íntimo pele a pele, sendo oral-genital, genital-genital ou manual-genital, a maioria sem apresentar nenhum sintoma de infecção.

Porém, entre esta centena de variantes, 12 são consideradas de supino risco oncogênico (ou seja, que podem suscitar lesões cancerígenas), principalmente os HPV 16 e 18, responsáveis por 70% dos casos. Além deles, outros tipos uma vez que 31, 33, 45,52 e 58 também são comuns e responsáveis por mais 20% dos casos. Infecções persistentes relacionadas a esses tipos têm maior risco de progredir para lesões pré-cancerosas, que, se não detectadas, confirmadas e tratadas, podem suscitar além do cancro de pescoço do útero, cancro de ânus, vagina, vulva, entre outros.

Podemos, pela primeira vez, varar um cancro

Embora seja prevenível, o cancro de pescoço do útero é considerado um problema de saúde pública mundial, particularmente em países menos desenvolvidos – a mortalidade é três vezes maior na América Latina e no Caribe do que na América do Setentrião, por exemplo, devido à disparidade de

renda e entrada aos serviços de saúde.

Segundo estimativa da OMS, em 2018, 570 milénio mulheres no mundo receberam um diagnóstico de cancro de pescoço do útero e tapume de 311 milénio morreram devido a essa doença.

Em 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou uma estratégia global “Por um porvir sem cancro de pescoço do útero”, o primeiro compromisso global para varar um cancro fundamentado em vacinação, exames regulares e tratamento adequado das lesões pré-cancerígenas. Em um marco histórico, 194 países, incluindo o Brasil, se comprometeram com essa missão.

“A estratégia é chamada de 90-70-90”, conta Abadi. “As metas são ter, até o termo desta dezena, 90% das meninas imunizadas aos 15 anos, 70% de mulheres com o rastreio adequado, e 90% das pacientes sendo tratadas.”

Se tudo for realizado, pela primeira vez o mundo estará a caminho de varar um cancro. “Parecia um sonho impossível, mas agora temos as ferramentas custo-efetivas e baseadas em

evidências para tornar esse sonho verdade”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Mas só se combinarmos o poder dessas ferramentas com uma regra

implacável para expandir seu uso em todo o mundo”, frisa.

Vacinação é a medida preventiva mais eficiente

O vírus do HPV é mais generalidade do que as pessoas imaginam e pode suscitar diferentes tipos de cancro. Ele não “escolhe” gênero, idade e muito menos classe social. Transmitido pelo contato pele com pele, principalmente durante o sexo com ou sem penetração. O uso de preventivo (camisinha), apesar de sempre recomendado, pode não proteger todas as áreas de contato e não é 100% eficiente contra o HPV. Por isso, a vacinação é um dos principais pilares contra o cancro de pescoço do útero e faz segmento da trindade da prevenção associada aos exames de rotina para diagnóstico precoce de doenças e tratamento adequado de lesões pré-cancerígenas.

Vacina é específica contra o HPV, aplicada antes que tenham contato com o vírus, não evitando as demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) uma vez que se pensa. (GettyImages/Divulgação)

A vacinação é indicada para homens e mulheres de 9 a 45 anos de idade

A vacinação contra o HPV já é estudada há muito tempo e, alguns países estão a caminho de varar o cancro de pescoço do útero. “Temos uma vacina disponível no SUS pelo Programa Pátrio de Imunização (PNI) para meninos e meninas, de 9 a 14 anos de idade. E para todas as pessoas de 9 a 45 anos, com imunossupressão (HIV, transplantes, quimioterapia e para casos de agravo sexual). Os adultos que não se encaixam nesse perfil podem se beneficiar da vacinação na rede privada. É muito importante pensar na prevenção de todos”, pontua a diretora médica da MSD Brasil. Estudos demonstram que a infecção por mais de um tipo de HPV pode sobrevir, por isso os adultos que já podem ter tido contato com qualquer tipo do vírus também se beneficiam da prevenção contra esse vírus que pode suscitar tantos tipos de cânceres.

“Todas as mulheres se beneficiam, até mesmo aquelas que já tiveram alguma doença relacionada ao HPV. E, simples, além da vacinação, o rastreio por Papanicolau, exames para detectar o HPV e diagnóstico precoce são fundamentais, devem ser mantidos em dia para pessoas com útero. E se alguém tiver diagnóstico de cancro de pescoço do útero deve receber tratamento o mais rápido provável”, ressalta Márcia.

 Aumentar a cobertura vacinal é prioridade

Apesar de a vacina contra o HPV ser disponibilizada gratuitamente e o Brasil ter progredido na cobertura vacinal nos últimos anos (em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses, 42% mais que em 2022), o país ainda está longe da taxa de 90% idealizada pela OMS.

No ano pretérito, segundo levantamento da Instalação do Cancro, 76% das meninas receberam a primeira ração da vacina e somente 57% a segunda, completando o esquema de duas doses prescrito até portanto. Entre os meninos, a adesão é ainda mais baixa: 52% se vacinaram com a primeira ração e 36% com a segunda.

Se as metas 90-70-90 forem cumpridas, nos países de baixa e média renda, 300 milénio mortes por cancro cervical serão evitadas até 2030, 14 milhões até 2070 e 62 milhões até 2120

Natividade: OMS

Desinformação é um dos principais entraves

Para a Dra. Márcia Datz Abadi, um dos grandes obstáculos para o progresso da vacinação é a desinformação. “A quebra de tabus e preconceitos é um repto”, diz.

Um deles é a teoria de que vacinar os jovens incentiva a iniciação sexual precoce, com uma falsa teoria de proteção. Porém, a vacina é específica contra o HPV, aplicada antes que tenham contato com o vírus, não evitando as demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) uma vez que se pensa.

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