
Em estreia na Bolsa, Azzas ainda não quantifica sinergias – mas reforça aposta no cross-sell
Já digerindo a transação desde o seu proclamação, em março deste ano, o que o mercado quer mesmo saber na fusão entre a Arezzo &Co e a Soma é a quantificação e o detalhamento das sinergias – o que deve ser divulgado exclusivamente num Investor Day marcado para o próximo dia 15.
Mas, em evento de comemoração do primeiro dia de negociação da Azzas 2154 – uma vez que foi batizado o grupo –, o CEO Alexandre Birmann trouxe um tom otimista mormente sobre o turnaround de Hering e a capacidade de gerar receitas adicionais via venda cruzada entre as mais de 24 marcas que compõem o que se tornou o maior grupo de voga do Brasil.
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Além do potencial de venda de calçados em marcas hoje exclusivamente de vestuário, uma vez que já vem sendo repetido desde o dia 1 da combinação de negócios, ele trouxe uma novidade: a geração do Azzas Prime.
É uma espécie de programa de fidelidade, aos moldes do programa quase homônimo da Amazon, para alavancar o relacionamento com as mais de 11 milhões de clientes de classes AB+ que fazem compras recorrentes no grupo.
“O maior ativo que temos é o relacionamento com a nossa cliente. Estamos falando aí de quase 50% de toda a classe B+ do Brasil que comprou conosco nos últimos 12 meses”, afirmou.
O projecto é lançar o programa no próximo ano, dando benefícios para as clientes mais fiéis, uma vez que frete gratuito, troca de produtos de uma marca na malha física de outra, além de aproximação antecipado a coleções, por exemplo.
A Suplente já trabalha com um programa de assinatura, em que os clientes pagam R$ 19,90 por mês e tem frete gratuito, entre outros benefícios. De conformidade com Birmann, já são 800 milénio assinantes.
De conformidade com Birmann, os pilotos de coleções de calçados na Farm e na Hering, vigentes desde março, já trouxeram R$ 30 milhões em receita. “É pouco dentro de um grupo que fatura R$ 30 bilhões, mas ao mesmo tempo extraímos tudo isso em menos de seis meses, sem a integração entre os grupos estar completa”, afirmou.
“Não existe nenhum grupo de voga relevante que não faça pelo menos 10% da receita em bolsas, acessórios e calçados.”
Um novo bolso
No primeiro dia de negociação do novo grupo, as ações da Azzas chegaram a figurar entre as maiores altas do Ibovespa, subindo mais de 3%, mas perderam o ímpeto e eram negociadas com valorização de tapume de 1,7% por volta das 16h –num dia fraco para o varejo, dada a expectativa de subida da taxa de juros em seguida o último expedido do Copom.
Depois uma queda significativa das ações de Arezzo e Soma desde a fusão – refletindo o mau humor do investidor da Bolsa em universal, mas também um evidente ceticismo sobre a geração de valor no negócio –, o progresso é pequeno, mas já sugere o poder de uma novidade base acionária.
Com a expectativa de negociar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões em volume por dia, a Azzas entra no radar de fundos de large caps, dando aproximação a um outro bolso, mormente do estrangeiro, que costuma permanecer mais longe de empresas de capitalização menor.
“Já estamos notando isso, a Arezzo, na contramão do mercado, tem uma base de 65% de estrangeiros e dois grandes, a Westwood e a CPP [fundo de pensão canadenses] montaram posições relevantes”, afirmou Birmann.
Hering e Farm
Em uma conversa com jornalistas, Birmann focou menos do potencial de economia de custos com a Hering – uma alavanca acompanhada de perto por investidores, já que o parque fabril da companhia pode ser usado para fazer malhas básicas de marcas uma vez que Suplente e Farm, por exemplo.
Segundo fontes, um estudo preparatório mostrou uma redução de dispêndio de R$ 8 por cada camiseta produzida da Suplente, o que de largada daria R$ 32 milhões de largada se toda a produção foi internalizada pela empresa.
Agora com progénie sobre um negócio que sempre lhe brilhou os olhos, desde a compra frustrada da Hering em 2021 pela Arezzo &Co, que acabou ficando com Soma, ele elogiou o trabalho feito pelo grupo de Marcelo Jatahy na otimização da ergástulo de fornecimentos e na aposta em megalojas.
“Manter o Thiago Hering no comando foi uma decisão acertada e temos notado bons resultados nos últimos meses”, disse. Segundo ele, julho foi um dos melhores meses da companhia, mormente no ecommerce, que se tornou “de longe”, o maior do Grupo Azzas 2154.
“O terceiro trimestre vem potente e vemos muito potencial na Hering, uma vez que a nossa marca mais democrática e com maior mercado endereçável.”
O time de Arezzo &Co vem trazendo um novo viés de marketing para a marca, mas robusto e menos voltado para marcas com teor de voga mais intrínseco em si, “em que o resultado falar por si”, uma vez que é o caso de boa segmento do portfólio da Soma.
Há ainda uma oportunidade grande em B2B, alavancando a resposta do meato de franquias e de multimarcas, apontou.
Para Hering e Farm, as duas maiores marcas do Soma, a Arezzo &Co também trazendo uma novidade metodologia de gestão de coleções.
“A teoria é encurtar o time to market e a entrega na loja, para dar responsividade de reação do resultado dentro da estação. São projetos que ainda estão na tempo inicial, mas devem trazer grandes oportunidades a partir de 2025.”
Outro ponto que deve ser escoltado de perto pelos investidores é a internacionalização, que pode destravar uma novidade avenida de desenvolvimento para o grupo, num momento de varejo mais vacilante no Brasil.
Nesse sentido, a maior aposta é em Farm Global.
“Eles já estão entregando resultados, rentabilidade, mas tudo dentro de um padrão de mais parcimônia que era originário e estabelecido dentro do Soma. Num grupo maior, com mais fôlego e mormente mais pessoas, vamos jogar gasolina para correr bastante esse desenvolvimento.”
Porquê é originário em processos de M&A, a diferença de culturas entre o grupo Arezzo &Co, mais centralizador, e o Grupo Soma, em que Roberto Jatahy sempre deu mais liberdade aos criativos da marca em que incorporou, é indigitado com um grande duelo no novo grupo.
Birmann minimizou essa questão.
“Existe talvez uma diferença de estilo, mas não de cultura. A Arezzo &Co é conhecida por ser uma empresa com um pouco mais de gestão de KPIs, um pouco mais ali talvez no ‘bit-byte’. Soma até uma gestão mais macro, de um pouco mais de delegação. E temos plena consciência de que existe um meio termo ideal para ambos os lados que vai reunir valor.”