
TikTok, Taylor Swift, poder feminino: conheça Jody Gerson, CEO da Universal Music Publishing Group
A indústria da música tem três tradicionais competidores que sempre brigam pelo pódio. Dois deles, ano a ano, disputam o ouro. Em 2023, a Warner Music teve receita de 6,03 bilhões de dólares, garantindo o bronze; a Sony Music, 10,35 bilhões de dólares, ficou com a prata; e a Universal Music, medalha de ouro, fechou o ano com recorde: 12,11 bilhões de dólares de receita, com lucro de 1,37 bilhão de dólares.
Olhando por cima, as três empresas têm estratégias semelhantes: capital lhano, catálogo formado de celebridades e artistas de peso, recursos e parcerias bilionárias com streamings. Só uma delas, no entanto, tem uma mulher no comando.
Desde que assumiu em 2015 porquê CEO da Universal Music Publishing Group (UMPG), braço músico da Universal, Jody Gerson trata de dar a sua face a um negócio de 52 anos. Distante de ser reconhecida só por seu gênero — ainda que tenha conquistado a impressionante marca de ser a primeira mulher a assumir a presidência de uma grande editora músico —, Gerson quer ser lembrada pelos números.
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Surfando a vaga da música
Em nove anos, a executiva viu a receita da empresa que lidera crescer 76%. Os quase dez anos de lar também vieram acompanhados das contratações e extensões de compositores históricos, incluindo a obtenção do catálogo de Bob Dylan, Bee Gees, Elton John, Carly Simon, Bruce Springsteen, Prince, Taylor Swift, Billie Eilish, Kendrick Lamar, Alicia Keys, Coldplay, Justin Bieber. Com escritórios em mais de 40 países, incluindo o Brasil, a UMPG já ultrapassou 4 milhões de músicas gerenciadas.
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Pelo trabalho avante da companhia, marcado pela disposição para receber as mudanças do mercado de braços abertos — desde que pagas por um preço justo —, Jody Gerson foi nomeada “Executiva do Ano” pela Billboard, em sua lista Power 100 de 2023, aos 62 anos.
Em maio de 2024, ela aterrissou no Rio de Janeiro para palestrar no Rio2C, o maior encontro de originalidade da América Latina. Dias antes de subir ao palco do evento, ela conversou com a EXAME em um bate-papo marcado por suas ambições para a indústria da música, que continua cercada por desafios das tecnologias e negociações atuais. Entre eles, a lucidez sintético e a disputa por direitos autorais, assuntos dos quais ela falou na entrevista a seguir.
Sabrina Carpenter: talento da Universal Music que viralizou nas redes, ela é uma das preferidas de Jody Gerson (Astrida Valigorsky/Getty Images)
Veja a entrevista com Jody Gerson, CEO da Universal Music Publishing Group
A Universal Music é a companhia de música que mais faturou em receita em 2023 no mundo todo. Porquê é para você o duelo de manter essa roda funcionando, com tanto poder nas mãos?
Jody Gerson: Quando eu assumi o incumbência, as pessoas me faziam perguntas sobre ter poder, o que o poder significa para mim. Agora que estou dirigindo uma empresa global, eu pensei muito estrategicamente sobre o que o poder significa nesta posição e entendi que tem a ver com a habilidade de empoderar outros, encarregar em seus trabalhos e apoiá-los. Acredito que essa é uma razão muito, muito grande para o sucesso da empresa. Pude contratar e dar suporte às equipes certas ao volta do mundo para levar nossa companhia adiante.
O que aprendi é que muita gente que chega quer transpor mudando tudo e se apoia somente na opinião dos outros para pôr essas mudanças em ação. Eu não sou assim. Todas essas pessoas me disseram que eu precisaria de um mentor que me guiasse, e eu recusei, tive crédito de que realmente tenho bons instintos. E meu instinto era que eu precisava aprender sobre a empresa, saber quem eram as pessoas com quem eu trabalharia.
A partir daí, as contratações de todos os cargos, do assistente estagiário ao jurisconsulto, tinham um requisito indispensável: se você está em uma gravadora de música, logo a música tem de estar na vanguarda e na responsabilidade a todo momento do seu trabalho, independentemente da sua função. Eu não quero ser a única mulher no topo, não terei tido uma curso de sucesso se eu ainda for a única mulher no final do meu tempo.
Porquê você escolhe os talentos que vão assinar com a Universal?
Jody Gerson: Devo manifestar que eu, pessoalmente, não contrato todo mundo. Há vários artistas que eu contratei pessoalmente, mas tenho equipes em todo o mundo, em quem confio, para fazer contratações. Sobre porquê escolher e saber se vai ser um sucesso, é um sentimento.
A maior segmento do meu trabalho é ouvir. A música tem de mexer comigo. Ela me atinge no coração? Eu sinto isso na minha bojo? Eu posso trovar o refrão? A letra pode se conectar com as pessoas? Se sim, são bons indicativos.
Tem uma pergunta que eu sempre faço que define minha decisão: “O que você estaria fazendo agora se não estivesse me oferecendo essa música ou seu trabalho porquê artista? Qual é o seu projecto B?”. Se de veste houver um projecto B, é problemático. A música tem de ser a única coisa que eles queiram fazer, com grande sede. Por isso que a Taylor Swift, que também trabalha conosco, deu tão evidente. O que ela fez é marcante, ela é provavelmente a cantora e compositora mais talentosa que temos por cá, mas também porque é a mais ambiciosa.
A Universal e o TikTok protagonizaram uma disputa por direitos autorais. Esse tipo de queda de braço é inerente ao desenvolvimento do mercado?
Jody Gerson: Uma grande segmento do trabalho é proteger o valor justo para compositores. Lutamos por isso em todas as plataformas. O que aconteceu com o TikTok é que, surpreendentemente, não conseguimos chegar a um conciliação. À medida que sua receita aumentava, eles não queriam remunerar mais do que no conciliação anterior. Nós tínhamos três questões principais nos impediam de fechar a negociação: a questão financeira, a lucidez sintético e a segurança. No termo, conseguimos um conciliação que contemplasse essas três coisas, mas, até lá, eles retiraram as nossas músicas da plataforma.
É preciso entender que os artistas mais jovens veem no TikTok somente uma grande oportunidade de promoção gratuita. E, se cada plataforma for considerada promoção, não haverá valor na música gravada. Não posso permitir que isso aconteça, mesmo que seja desconfortável. Muita gente disse que fazemos isso por nós, mas estou fazendo isso pelos compositores. É fundamental que a música tenha valor.
Porquê você enxerga a subida dos streamings de música?
Jody Gerson: Eu acho que não é verosímil pregar zero quando se fala em tecnologia. Tornar a música atingível em um nível global para milhões e milhões de pessoas é uma coisa ótima. É fantástico que uma garoto no Arkansas possa deslindar um artista brasílico em um streaming. Spotify, Apple e Deezer fornecem uma ótima maneira de ouvir música. Mas eu acho que eles têm de remunerar por isso e, toda vez que houver um impasse sobre valor, serei a pessoa para rivalizar por isso.
Você acredita que a lucidez sintético (IA) será um ponto de viradela para a música? Porquê vai afetá-la, na sua opinião?
Jody Gerson: Eu tento não ser tão pessimista sobre o uso de IA. A tecnologia avançou muito e eu vejo muita gente tendo pânico dela. Não acho que podemos ter pânico do novo. Acho que só temos de prometer que o novo proteja o macróbio. Não acho que a IA vai substituir a sentença humana, a arte humana. Pode ajudar, mas não vai ter a mesma dimensão e o toque humano da coisa. Não dá para imaginar uma máquina criando uma música porquê Espresso, da Sabrina Carpenter, por exemplo, que tem ritmo, tem uma letra envolvente, que se conecta com as pessoas.
Para mim, a IA ainda não consegue tomar nuance, emoção. Mas não quero ser negativa, porque acho que ela pode ser usada porquê uma instrumento para melhorar, não para substituir.
Você é a primeira e única mulher que lidera um gigante do mercado da música. Tem qualquer juízo para quem um dia quer chegar a esse lugar?
Jody Gerson: Meu juízo é desenvolver a autoconfiança e produzir coragem para ser incisiva sem pânico. Homens têm mais anos na período de trabalho, dentro de grandes empresas. Eles estão à nossa frente nisso e formam alianças e amizades entre eles, têm relacionamentos- transacionais, pedem indicações, eles se ajudam. Nós, mulheres, temos de perguntar umas às outras, empuxar umas às outras para subirmos de incumbência. Muitas de nós carregamos bebês, criamos filhos e somos perfeitamente capazes de liderar uma empresa, seja ela de pequeno porte, seja com a maior receita e lucro do mercado. Mas para isso suceder precisamos nos posicionar, concordar umas às outras e, supra de tudo, ser mais confiantes. E, se você for mais insegura, simplesmente finja. Homens fazem isso o tempo todo e eles se dão muito. Quando entendi isso, mudei a forma de enxergar as coisas.
Era um sonho ser líder de uma empresa desse porte ou foi só um caminho procedente de curso?
Jody Gerson: Digo que não foi um sonho exatamente, mas acho que há certas coisas que acontecem conosco que nos formam porquê pessoas enquanto crescemos. Prefiro manifestar que foi a realização de um sorte que eu sabia, desde cedo, que seria o meu. A minha vida e a minha família, as coisas que eu vivi me levaram a leste incumbência, porque eu sempre soube que seria responsável por pessoas. O problema para mim foi que eu fiz muitas coisas enquanto estava subindo a tal da “escada”. Eu tive três filhos, e isso foi muito importante para mim. E a esmagadora segmento das mulheres que foram meus modelos não tinham exatamente parceiros ou filhos, eram praticamente “casadas com o trabalho”. Eu quis mais que isso, meu objetivo era impactar a indústria, mas também ter uma vida plena enquanto eu estava trabalhando e tendo sucesso.
Porquê editora músico, eu estava criando uma família. E acho que, porquê muitas mulheres, eu imaginava que fazer um bom trabalho, ser leal e não falar sobre meus filhos no sítio de trabalho, fingindo que eles não existiam, me levaria a uma promoção, mas não foi muito assim. E, se os homens se casam, têm filhos, passam por divórcios, e continuam sendo promovidos, mesmo sem fazer a maior segmento dos trabalhos, eu poderia ter tudo isso, falar francamente no envolvente de trabalho e ainda assim liderar a empresa. Enquanto estava subindo na curso, pensei comigo: “Eu sou mãe, e eu sou melhor do que eles”. Eu mereço o meu incumbência e sou boa para exercê-lo.
Quando foi essa viradela de chave na autoconfiança?
Jody Gerson: Eu costumava recontar uma história de quando conheci a Lady Gaga, antes de chegar à Universal, quando ainda estava construindo minha curso na Sony. Ela foi minha primeira grande contratação, e antes eu dizia que tive muita sorte, porque um dia Lady Gaga entrou no meu escritório e, por sorte, fechamos o contrato. Não narrativa mais a história dessa forma, porque um varão não diria que teve sorte. Ele diria que viu o talento, perseguiu a oportunidade. Hoje, eu narrativa que, quando vi Lady Gaga entrar no meu escritório, logo soube que seria um grande sucesso. Ambas as histórias são verdadeiras, mas a que é importante recontar agora é que todos na minha empresa rejeitaram Lady Gaga. Quando eu a conheci, ela me disse que seria a maior estrela do mundo. E eu disse: “Vamos fazer isso suceder”.
Para fechar, a pergunta mais difícil de todas: quais são os seus três artistas favoritos de todos os tempos?
Jody Gerson: Que malícia! É porquê perguntar quem é seu rebento predilecto! Acho que isso muda ao longo dos anos. Semanas detrás eu estava obcecada porque tive aproximação a uma prévia do novo documentário do Elton John, The Last Tour, que vai passar na -Disney. Disse até para meu parceiro: Elton John é meu predilecto de todos os tempos. Dias depois, eu disse que era louca por Lana Del Rey, e depois Rosalia… E eu senhor Coldplay… E porquê não pensar nos Bee Gees? Sei que não estou dando a resposta que você quer, mas fique com isto: meu artista predilecto muda com base no que eu preciso da música. Isso vale para qualquer dia, qualquer minuto, a qualquer hora. Depende.