BC deve manter taxa Selic em 10,50% ao ano, apesar de críticas de Lula

PEDRO LADEIRA

(Registo) Sede do Banco Mediano do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Mediano (BC)
se reúne nesta quarta-feira (19) e, segundo projeções de analistas do mercado financeiro, deve resolver por interromper o ciclo de cortes da taxa básica de juros, que vem ocorrendo desde agosto do ano pretérito.

Caso a manutenção da taxa Selic seja confirmada, ela permanecerá em 10,50% ao ano, o menor nível desde fevereiro de 2022, ou seja, em pouco mais de dois anos. No cenário internacional, essa taxa é considerada subida.

A decisão do Copom, constituído pela diretoria e pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, ocorre em meio a críticas intensificadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula afirmou que o comportamento do Banco Mediano é desajustado e criticou a manutenção dos juros em níveis que considera prejudiciais ao país.

“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Mediano. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar porquê está”, declarou Lula nesta terça-feira (18).

Lula afirmou ainda que o Brasil não pode continuar com juros “proibitivos”, que inibam os investimentos produtivos, o desenvolvimento do país e a geração de empregos.

O Banco Mediano, por sua vez, reforça sua autonomia e seu papel técnico na lei da taxa de juros, de quem objetivo principal é controlar a inflação. Roberto Campos Neto, de quem procuração vai até o termo de 2024 e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem enfatizado que os juros altos são necessários para moderar a inflação, apontando que a subida da dívida pública não pode ser confundida porquê razão direta dos juros elevados.

Em seus comunicados, o BC também destaca que uma inflação mais elevada prejudica principalmente as camadas de baixa renda da população.

Recentemente, o Banco Mediano reportou que o lucro líquido dos bancos alcançou R$ 144,2 bilhões em 2023, atingindo um novo recorde histórico.

Impactos

Para definir a taxa básica de juros e controlar a subida dos preços, o Banco Mediano adota um olhar para o horizonte no sistema de metas de inflação, não se baseando unicamente na inflação recente dos últimos meses. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia. Neste momento, a instituição já está direcionando suas políticas para atingir as metas estabelecidas para nascente ano e também para o segundo semestre de 2025, num horizonte de doze meses.

A meta de inflação para 2024, definida pelo Parecer Monetário Vernáculo (CMN), é de 3%, com margem de oscilação entre 1,5% e 4,5%. A partir de 2025, o regime de metas de inflação será contínuo, mantendo-se a meta de 3% e a mesma tira de oscilação.

Recentemente, economistas do mercado financeiro projetaram que a inflação de 2024 ficará em torno de 3,96%, enquanto para 2025 a estimativa é de 3,80%. Ambos os números estão supra da meta medial de inflação.

Essas projeções aumentaram nas últimas semanas, em verificação com três meses detrás. Em março, os analistas esperavam uma inflação de 3,74% para 2024 e de 3,50% para 2025. O Banco Mediano, por sua vez, estimou uma inflação de 3,8% para 2024 e de 3,3% para 2025 no início de maio.

Além das expectativas de inflação mais altas, eventos recentes na economia brasileira contribuíram para esse cenário. O governo federalista propôs reduzir as metas de superávit primitivo para os próximos anos, o que pode aumentar os gastos públicos em tapume de R$ 160 bilhões em 2025 e 2026. As enchentes no Rio Grande do Sul também pressionam os preços, principalmente de produtos porquê o arroz. O aumento do dólar, que alcançou R$ 5,42, com subida de 11,72% no ano, tende a sublevar os preços dos produtos importados.

Os analistas também apontam que a postura mais conservadora do Federalista Reserve dos EUA em relação aos cortes de juros diminui o espaço para reduções na taxa Selic no Brasil.

Os efeitos esperados dessa política de juros mais elevada incluem reflexos nos juros bancários, potencial impacto negativo no desenvolvimento econômico, piora das contas públicas devido ao aumento das despesas com juros da dívida pública e mudanças nas aplicações financeiras, com rendimentos potencialmente maiores em investimentos de renda fixa.

A decisão do Banco Mediano sobre a taxa Selic será anunciada em seguida a reunião do Copom, cujas últimas deliberações indicaram uma postura mais cautelosa em relação aos cortes de juros.

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