Cury tem novo tri recorde com impulso do MCMV e receita alcança R$ 1 bilhão
A Cury completou em setembro quatro anos de sua sinceridade de capital e fechou, no mesmo mês, mais um resultado recorde. A construtora de baixa renda teve lucro líquido de R$ 180,6 milhões, subida de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado ficou 10% supra do consenso Bloomberg, que estimava R$ 163 milhões de lucro.
A receita líquida, por sua vez, rompeu novo patamar e somou R$ 1 bilhão no período, um aumento de 40,4% frente ao terceiro trimestre do ano pretérito. A margem líquida, que compara o lucro com a receita, cresceu 2,1 pontos percentuais (p.p.), para 17,1%.
Os resultados da companhia acompanham o bom momento do Minha Mansão Minha Vida (MCMV), maior programa habitacional do país que ganhou um impulso do governo no ano pretérito. Os efeitos vieram com mais força levante ano não somente para a Cury, mas para todas as incorporadoras de baixa renda.
Ainda assim, o CFO João Carlos Mazzuco defende que a construtora mostra um diferencial importante no padrão de negócios. Os pilares são três: incremento de geração de caixa, boa relação de vendas sobre ofertas (VSO) e patamares elevados de rentabilidade, medida pelo retorno sobre patrimônio líquido (ROE).
A Cury alcançou R$ 147 milhões em geração de caixa, progresso de 7,1% frente ao mesmo período do ano pretérito. O ROE, por sua vez, foi de 64,2% – progresso de 14,5 p.p. na confrontação anual.
Em vendas líquidas, a Cury somou R$ 1,43 bilhão, incremento de 47,8% em 12 meses. Os lançamentos foram de R$ 1,56 bilhão, subida de 66,1% frente ao mesmo período do ano pretérito. E a VSO, por sua vez, foi de 43,9%, incremento de 3,5 p.p..
“Mantivemos o que fazemos todos os anos. Mesmo com todo o incremento, continuamos com os fundamentos de progredir na geração de caixa, manter a VSO em 75% e entregar um ROE de 65%”, afirma Mazzuco em entrevista à EXAME.
Com atuação concentrada nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a Cury tem apostado em localizações cada vez mais centrais para seus projetos. O destaque do trimestre foi a segunda temporada do empreendimento Heitor dos Prazeres, localizado na região portuária da capital fluminense, que vendeu 100% das 500 unidades, confirmando, segundo a empresa, a subida demanda por projetos em localizações estratégicas.
“A subida velocidade de vendas demonstra a relevância e quão acertada foi a nossa estratégia de empreender naquela região”, diz o CFO. A incorporadora foi a primeira a apostar na região — uma aposta subida e, no início, solitária. Dos 13 empreendimentos já lançados no porto, 12 são da Cury.
Cenário econômico: Minha Mansão Minha Vida e inflação
A Cury tem 70% de seus empreendimentos voltados para o Minha Mansão Minha Vida, e Mazzuco reforça o otimismo da empresa com o programa. “Não enxergamos problemas no programa no limitado prazo. Em termos de funding, o já ratificado orçamento plurianual é suficiente para o nível de demanda atual.”
A preocupação da Cury e das maiores empresas do setor é com o saque-aniversário, que permite que o trabalhador retire anualmente, no mês do seu natalício, um valor do FGTS – principal funding do MCMV. A retirada consistente pode prejudicar a sustentabilidade do fundo. “É uma preocupação, mas o governo já está estudando medidas para finalizar com o saque natalício, o que pode aumentar os recursos para o fundo já no próximo ano”.
Outro ponto de atenção para o setor é a inflação. O Índice Vernáculo de Dispêndio da Construção – M (INCC-M) registrou subida de 0,67% em outubro, acumulando 5,72% em 12 meses. Esse resultado representa um progresso significativo na confrontação anual, quando o índice acumulava 3,37% no mesmo período.
A Cury, no entanto, ainda não projeta impacto negativo da inflação em suas margens. “Existe uma preocupação pela subida no preço dos materiais mas, por enquanto, não é zero suficiente para se pensar em envolvente negativo pros próximos meses. Está dentro do que conseguimos sorver.”