
COP29: 2024 será "uma aula de destruição climática", diz Guterres
Famílias correndo para salvar suas vidas antes do próximo furacão, devastação da biodiversidade, trabalhadores desmaiando em um calor insuportável, inundações devastando comunidades, crianças dormindo com míngua devido à seca. 2024 já é o ano mais quente da história e todos esses desastres estão sendo potencializados pelas mudanças climáticas causadas pelo varão, levando o mundo neste ano a “uma lição de devastação climática”, disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres nesta terça-feira (12), durante a sessão de início da ação climática de líderes da Conferência do Clima da ONU (COP29) em Baku.
“O som que vocês ouvem é o tique-taque do relógio. Estamos na resenha regressiva final para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius. E o tempo não está ao nosso obséquio”, destacou aos líderes. Segundo Guterres, nenhum país é poupado dos efeitos da crise climática e enquanto os ricos causam o problema, são os pobres que pagam o preço mais cumeeira. “A menos que as emissões diminuam drasticamente e a adaptação aumente, toda economia enfrentará uma fúria ainda maior”, reiterou.
Mas o secretário acredita que esta história de injusiça é evitável e há motivos para se ter esperança, Guterres relembrou que na última COP28, em Dubai, as nações se comprometeram a se alongar dos combustíveis fósseis, correr os sistemas de robustez zero emissões, investir em adaptação climática e a alinhar a próxima rodada de planos climáticos nacionais (NDCs) respeitando o limite de 1,5 graus.
“É hora de executar. Cientistas, ativistas e jovens estão exigindo mudanças – eles devem ser ouvidos, não silenciados. E o imperativo econômico é mais evidente e mais persuasivo – com cada lançamento de renováveis, cada inovação e cada queda de preço”, disse.
Logo, ele convocou os líderes para três prioridades nesta COP: financiamento climatológico, regulação e concordância dos mecanismos de mercado de carbono e mitigação das emissões. “Para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, devemos reduzir as emissões globais em 9% ao ano. Até 2030, elas devem desabar 43% em relação aos níveis de 2019″, reiterou.
Já a vácuo entre as necessidades de adaptação e o financiamento pode chegar a US$ 359 bilhões por ano ainda nesta dezena, e mais do que nunca, as promessas de financiamento devem ser cumpridas e dobrarem para pelo menos US$ 40 bilhões por ano até 2025, pediu Guterres.
“Esses dólares que faltam não são abstrações em uma planilha: são vidas perdidas, colheitas arruinadas e desenvolvimento rejeitado”, argumentou.
Mais do que nunca, os países desenvolvidos devem percorrer contra o relógio para destravar recursos. “A COP29 deve derrubar as barreiras para o financiamento. Os países em desenvolvimento não devem deixar Baku de mãos vazias. Um congraçamento é imprescindível e precisamos de uma novidade meta financeira que esteja à fundura do momento”, acrescentou.
Para Guterres, um congraçamento bem-sucedido leva em consideração cinco elementos: um aumento significativo de valores, uma indicação clara dos mecanismos e de uma vez que mobilizar os trilhões de dólares, a exploração de fontes inovadoras (mormente taxas sobre transporte marítimo, aviação e extração de combustíveis fósseis), maior acessibilidade, transparência e responsabilidade e por último, aumentar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais.
“Os recursos disponíveis podem parecer insuficientes. Mas podem ser multiplicados com uma mudança significativa na forma uma vez que o sistema multilateral funciona. O mundo deve remunerar, ou a humanidade pagará o preço”, alertou Guterres.
Até a próxima COP, os países também devem entregar novos planos de ação climática pátrio abrangentes para toda a economia e que alinhem estratégias para atrair investimentos. “Todos países devem fazer sua segmento. Mas o G20 deve liderar”, destacou.
O secretário também ressaltou que a revolução da transição energética já acontece e que as nações devem seguir em suas metas globais para triplicar a capacidade de renováveis, duplicar a eficiência energética, concluir com o desmatamento e reduzindo o consumo de combustíveis fósseis.
“Ação climática não é opcional, é imperativa. Ambos são indispensáveis: para um mundo habitável para toda a humanidade. E um horizonte próspero para todas as nações da Terreno. O relógio está correndo”, concluiu.