Lula quer diálogo com políticos, quando deveria ouvir os empresários

Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula

O presidente  Luiz Inácio Lula da Silva
viu uma vaga de  pessimismo
tomando conta dos principais agentes econômicos – e tratou de entrar em campo com um exposição repleto de previsões otimistas. “Eu quero alertar os pessimistas: esse país vai crescer mais neste ano, mais do que vocês falaram até agora. Os empregos vão ser gerados mais do que vocês imaginaram até agora, a volume salarial vai crescer mais do que vocês falaram até agora”, afirmou o presidente em evento talhado às pequenas e médias empresas no Palácio do Planalto ainda hoje.

É sempre bom ver um presidente otimista. Mas Lula precisa dar à sociedade uma pista de porquê vai ultrapassar as expectativas dos analistas econômicos. Para ele, porém, tudo é uma questão de conversa.

“O [vice-presidente e ministro Geraldo] Alckmin tem que ser mais jeitoso, tem que conversar mais. O [ministro da Fazenda Fernando] Haddad tem que, em vez de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O [ministro do Desenvolvimento Social] Wellington [Dias], o [ministro da Casa Civil] Rui Costa, passar maior segmento do tempo conversando com bancada A, com bancada B”, explicou o presidente.

Ampliar o diálogo é sempre bom. Mas é interessante observar que, em sua explanação, Lula citou exclusivamente a classe política porquê claro de maiores conversações. Mas aquilo que Lula diz ser subestimado pelos “pessimistas” (prolongamento econômico, empregos e volume salarial) é pilotado pelos empresários, não pelos políticos. Mas quem é responsável pela geração de riquezas no país (e, por consequência, a renda que paga os impostos) não parece ser claro de consultas. Pelo menos na visão do presidente.

Todos os ministros citados por Lula, de veste, precisam estar envolvidos em uma negociação uniforme com o Congresso, mormente neste momento frágil nas relações entre Executivo e o presidente da Câmara Federalista, Arthur Lira. Mas seria bom ver o presidente estimular seus ministros a falar mais com o setor privado. Alckmin e Haddad, evidentemente, já têm agendas com empresários – mas seria muito bom ampliá-las.

O problema, nessas ocasiões, é que políticos do governo querem falar mais do que ouvir – quando deveria ser o contrário. Os empresários têm muito o que expor, além de mostrar sugestões que podem aumentar a atividade econômica e a arrecadação federalista. Mas isso só vai sobrevir se Lula perceber a influência do empresariado para bombar a economia, porquê ocorreu em seus primeiros mandatos.

Será que o presidente conseguirá perceber isso até 2026?

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