Visita real: por que a rainha da Dinamarca visitou o bioma mais ameaçado do Brasil

Na sexta-feira passada, 4, a rainha consorte da Dinamarca, Mary Donaldson, e o ministro dinamarquês do Clima, Pujança e Serviços Públicos, Lars Aagaard, visitaram a Embrapa Cerrados, um núcleo de pesquisa agrícola com atuação no bioma.

A visitante real chamou a atenção e tem um motivo privativo: o país da rainha e o Brasil avaliam assinar uma parceria público-privada com empresas dinamarquesas que pretendem restabelecer o Encerrado.

O Encerrado é um dos principais biomas e o mais ameaçado de extinção no país, com 51% de sua extensão desmatada, segundo o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Estagnar), do Instituto Vernáculo de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Outrossim, o bioma tem 2 milhões de quilômetros quadrados, que cobrem 24% do território brasiliano. Ali estão oito das 12 bacias hidrográficas do país, incluindo o Aquífero Guarani, o segundo maior reservatório subterrâneo do mundo.

De conciliação com Sebastião Pedro da Silva Neto, chefe-geral da Embrapa Cerrados, a teoria é desenvolver um Programa de Recuperação Ambiental voltado ao bioma, que concentra 60% de toda a produção agrícola do Brasil, com plantações de soja, milho, algodão, além da pecuária bovina e leiteira, de conciliação com o Instituto Brasiliano do Meio Envolvente (Ibama).

A Embrapa Cerrados é uma unidade ecoregional da Embrapa que atua em três eixos principais: produção vegetal, produção bicho e manejo de recursos naturais, afirma à EXAME, o chefe-geral.

“Dentro do manejo de recursos naturais, uma equipe de pesquisadores se dedica à conservação e preservação do bioma Encerrado. Nesse contexto, desenvolvemos projetos voltados não unicamente para a preservação da fauna e flora, mas também para a proteção dos recursos hídricos“, diz Neto. 

O Encerrado concentra 330 milénio espécies — 5% de toda a biodiversidade do planeta — entre vegetalidade, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e mamíferos.

Durante a visitante, a rainha conheceu a Vitrine de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), implantada na Embrapa Cerrados, onde atualmente foram cultivados milho, sorgo, trigo, girassol, capim braquiária e eucalipto.

O ILPF é uma estratégia de produção que consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, músculos, leite e agroenergia na mesma extensão, em plantio consorciado, sequencial ou rotacional. O uso da terreno é revezado, no tempo e no espaço, entre lavoura e pecuária.

A tecnologia brasileira permite que o país duplique a produção de grãos e músculos sem desmatar novas áreas. O produtor pode ter três ou mais colheitas em uma única safra, porquê grãos da safra principal e da safrinha, pasto para a produção de músculos ou leite, além de frutas ou madeira das árvores.

De conciliação com o Ministério da Lavoura (Planta), no Brasil, mais de 17 milhões de hectares têm produção em sistemas integrados. Embora esse número pareça pequeno, ele corresponde a uma extensão equivalente aos territórios de Portugal e Suíça juntos. Os benefícios desses sistemas já foram comprovados pela pesquisa.

Uma pastagem com baixa produtividade sequestra 182 quilos de carbono, enquanto áreas que adotam a Integração Lavoura-Pecuária juntamente com o plantio direto sequestram 1.273 quilos do gás, um resultado sete vezes maior.

O Encerrado no Brasil

Historicamente, a parceria mercantil entre os dois países é antiga, mormente no que se refere à cooperação agrícola. Em 2023, as exportações brasileiras de produtos agropecuários para a Dinamarca somaram US$ 366 milhões, com ênfase no multíplice soja, que dominou a tarifa exportadora com 83% do totalidade exportado.

A relação entre Brasil e Dinamarca no campo da tecnologia é marcada por interesses complementares, afirma Neto. Enquanto o primeiro é uma potência agrícola na produção de soja, milho e proteína bicho, o segundo possui uma indústria avançada na produção de músculos suína, sendo um dos líderes mundiais em genética suína e também em leite.

“Para a produção tanto da músculos suína quanto do leite, a Dinamarca depende da importação de grãos, porquê soja e milho, utilizados na fabricação de ração. Outrossim, o país demonstra um potente compromisso com a sustentabilidade, buscando grãos não transgênicos e cultivados com práticas sustentáveis, porquê a integração lavoura-pecuária e o plantio direto na palha—técnicas nas quais o Brasil é líder mundial”, afirma o chefe-geral da Embrapa Cerrados.

Em agosto deste ano, o ministro da Lavoura e Pecuária, Carlos Fávaro, e a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersen, assinaram um conciliação com o objetivo de estimular o desenvolvimento reciprocamente de sistemas agrícolas e pecuários, com ênfase na agropecuária sustentável.

O Brasil demonstra interesse na tecnologia dinamarquesa, mormente em áreas porquê genética de suínos, já importada do país, além de equipamentos para frigoríficos e produção de mudas.

Segundo Neto, a Embrapa Cerrados está colaborando com a empresa dinamarquesa Ellepot para importar equipamentos que visam aumentar a eficiência na produção de mudas de espécies nativas do Encerrado, com o objetivo de utilizá-las na recuperação de áreas degradadas no bioma.

Sobre o conciliação, ele diz que ainda está na período de desenvolvimento e sendo negociado, para ser assinado em um momento que ainda não foi definido.

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