
Bradesco entrega o combinado, mas mercado esperava mais
O Bradesco está perto de completar um ano sob a gestão de Marcelo Noronha, que assumiu o banco em novembro de 2023 com o repto de colocar a empresa nos trilhos . De lá para cá, o lema “step by step” virou mantra do CEO para mostrar ao mercado que a recuperação virá, sim – mas de forma gradual.
Foi reforçando o “passo a passo” que Noronha abriu a coletiva com jornalistas para comentar os resultados apresentados nesta quinta-feira, 31. “A gente vem entregando com consistência [o que foi estimado]. Esperamos retornos melhores trimestre a trimestre”, disse.
Mas, se no segundo trimestre, o ritmo de melhora convenceu o mercado, o último balanço não animou tanto. O Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 5,225 bilhões no terceiro trimestre, praticamente em traço com as expectativas dos analistas.
A última traço do balanço ficou supra dos R$ 5 bilhões estimados pela Bloomberg, mas praticamente em traço com os números do buy side estavam otimistas, girando em R$ 5,3 bilhões.
“O mercado comprou a tese de recuperação, mas de certa forma, ainda está cético, querendo ver um sinal possante de que o banco está no caminho visível”, afirma um gestor. O descompasso explica a queda de 3% nas ações por volta de 12h, com os papéis figurando entre as maiores baixas do Ibovespa hoje.
“Talvez o mercado tivesse na cabeça uma velocidade de melhora maior, mas a tese de longo prazo de melhora da rentabilidade até 2026 está totalmente dentro do esperado”, comentou outro gestor comprado no papel. “Você não move um transatlântico rapidamente.”
Em termos de rentabilidade, o indicador observado com lupa é o retorno sobre patrimônio líquido (ROE). Antes da explosão da inadimplência que maculou os resultados do banco a partir de 2022, o ROE do Bradesco estava na mansão dos 20%, em traço com os grandes pares do mercado. No ponto mais insignificante, o indicador caiu para 3,9% no quarto trimestre de 2022, refletindo ainda o efeito Americanas.
Leste ano o Bradesco retomou o patamar de 10% de ROE e entregou rentabilidade de 12,4% no terceiro trimestre. O cenário macroeconômico, no entanto, gera preocupação mormente pela tendência de subida da taxa básica de juros, a Selic.
“As perspectivas mais desafiadoras para o propagação da margem financeira – considerando a Selic mais subida e a subtracção dos spreads de empréstimos – podem desapontar aqueles que esperavam uma recuperação mais rápida do ROE”, avaliaram, em relatório, os analistas do BTG.
Noronha não passou um guidance sobre a evolução do ROE. “Desde o prelúdios falamos que iríamos caminhar para retornos maiores, sem promessas específicas de chegar a um determinado patamar”, reforçou. Apesar do progressão, o executivo reconhece que o caminho é longo: “Nunca vou estar satisfeito com os resultados se estamos com essa fita de ROE”.
Crédito, inadimplência e cenário macroeconômico
Questionado sobre o impacto da subida da Selic na inadimplência do Bradesco, o CEO disse não estar preocupado. “Já estamos trabalhando em cima de um cenário onde a pessoa física está mais estressada em termos de crédito. Não estamos mais capturando [esse tipo de cliente]”, afirmou.
A fatia de pessoas físicas foi a fita que mais cresceu na carteira de crédito do Bradesco: subida de 10% em base anual. O propagação, no entanto, é pautado em linhas mais seguras, porquê opções de garantias e tíquetes mais altos.
Na avaliação do Goldman Sachs, a consistência de melhora no crédito pode facilitar a percepção dos investidores sobre as ações. “Embora os resultados tenham estado relativamente alinhados ou ligeiramente inferior do consenso, o Bradesco está adotando uma abordagem disciplinada na originação de crédito que pode ser muito recebida pelos investidores.”
A carteira de crédito expandida do banco chegou aos R$ 943,9 bilhões, subida de 7,6% em 12 meses e de 3,5% na verificação com o trimestre pretérito.
Por sua vez, o índice de inadimplência supra de 90 dias caiu para 4,2% – melhora de 1,4 p.p. na verificação anual e de 0,1 p.p. na trimestral.