
O plano de contingência para uma indústria gaúcha atingida por quatro enchentes se proteger
ENCANTADO (RS) — Depois de noventa anos na mesma cidade, Seduzido, sobre 150 quilômetros de Porto Jubiloso, a indústria de produtos de higiene e limpeza Fontana dará passos emblemáticos em outubro. Pela primeira vez na história da empresa, secção da produção ficará em outro município, sobre 50 quilômetros dali.
A mudança tem uma vez que principal motivo a prevenção. Hoje, a Fontana fica numa superfície que margeia o Rio Taquari, um dos principais caminhos de chuva do Rio Grande do Sul.
Em maio, quando a empresa ficou praticamente toda embaixo da chuva — foram 4 metros de inundação —, a família que toca o negócio desde sua instalação parece que estava vendo o replay de cenas recentes. Em setembro e novembro de 2023, menos de um ano antes, já tinham pretérito por um tanto parecido, quando outras enchentes atingiram a região.
“Em menos de um ano, nós fomos atingidos quatro vezes”, diz Ricardo Fontana, sócio da Fontana. “Em setembro do ano pretérito, fomos pegos completamente de surpresa e perdemos muitas coisas. Em novembro, houve mais uma inundação. E em maio agora, foram outras duas vezes”.
Ao todo, a empresa teve um prejuízo que quase alcança os 40 milhões de reais — um valor que se aproxima dos 15% do faturamento da companhia. O valor poderia ser muito pior, se não fosse um projecto de contingência que ajudou a Fontana a passar pelas últimas duas enchentes.
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Uma vez que foi o projecto de contingência da Fontana
Em novembro, depois que a indústria foi atingida pela segunda enxurro do Taquari em menos de três meses, a diretoria da empresa decidiu redigir um projecto de contingência.
Entre as estratégias adotadas para se precaver de novas enchentes, estão:
- Avisar terceiros e funcionários que o projecto foi acionado e que os pertences (uma vez que carros, por exemplo) precisam ser retirados da empresa
- Buscar frota para remoção de estoque para uma superfície segura
- Entrega de EPI’s necessários para a realização das atividades com segurança
- Remoção de equipamentos possíveis da fábrica
- Cancelamento de entregas
- Retirada da secção elétrica para evitar danificação de equipamentos
“Toda nossa secção elétrica, por exemplo, que ficava na secção de insignificante dos equipamentos, foi deslocada para um segundo marchar. Isso permitiu que não houvesse problemas piores”, diz.
Ainda assim, a força da chuva foi tão possante que provocou um prejuízo, só de matéria-prima, de 12 milhões de reais.
Qual é a história da Fontana
A história da indústria Fontana começa com um tanto generalidade no interno gaúcho: a produção de sabão artesanal. O parelha Pedro e Laura Fontana passaram a vender o sabão artesanal que faziam em 1934 — há exatos 90 anos.
A segunda geração da família foi responsável pela modernização do processo produtivo, e, com o passar do tempo, foi claro de inovações e melhorias, uma vez que o aumento significativo da demanda por novos produtos e, consequentemente, da inovação na produção. Era aí que a indústria passaria a se invocar Fontana S.A., uma vez que é conhecida até hoje.
Nos anos 1980, a indústria reestruturou sua fábrica, com ampliação e modernização. É nessa quadra que ela se muda para as margens do Taquari, onde está até hoje. É também nessa quadra que inicia a produção por terceirizações de sabonetes em barra para marcas mundialmente conhecidas uma vez que Nivea, Johnson & Johnson e Davene.
Nos anos 1990, a terceira geração assume o comando da família, com a geração de um juízo de governo.
Atualmente, a Fontana coloca-se entre os principais fabricantes de produtos de higiene, limpeza e óleos químicos no país, além de ter seus produtos exportados para diversos países. Entre suas marcas, estão:
- Font (limpeza para moradia)
- Soft (sabonete)
- Sensus (sabonete)
- 123 Baby (sabonete)
A empresa também fabrica e comercializa produtos para indústria química. Entre eles, glicerina destilada, sebo hidrogenado, ácido graxo destilado de sebo e ácido esteárico.
Uma vez que será o horizonte da empresa
Quando a EXAME visitou a empresa no início de julho, ainda era verosímil ver marcas dos estragos. Muro de 40 barris de metais que armazenavam matéria-prima estavam danificados: alguns nos chãos, outros arrastados, outros amassados e entortados. A produção ainda não tinha retomado, mesmo já passando dois meses da enchente, e a maioria dos 218 funcionários estavam em férias coletivas.
Agora, final de agosto, o cenário já é outro. A empresa já conseguiu reativar murado de metade da produção.
Para se blindar de futuras cheias, secção relevante de sua produção irá para Teutônia, uma cidade a 50 quilômetros de Seduzido. Ficarão nessa novidade instalação as linhas de sabonete, justamente o carro-chefe da indústria.
A escolha do novo sítio levou em consideração a proximidade com a vegetal atual, garantindo a manutenção dos empregos e oferecendo transporte para a novidade fábrica. Aliás, essa proximidade facilitará o transporte de matérias-primas para o novo sítio.
Nessa novidade fábrica, serão instalados, inclusive, equipamentos recém-comprados. Foram de um investimento de 12 milhões de reais que a empresa fez no final do ano pretérito, mas que nem tinha disposto em realização ainda. A chuva de maio veio antes.
“É importante retomar a produção o quanto antes”, diz Ricardo. “É o paciente que está tendo um ataque epilético que precisa estabilizar o mais rápido, para conseguir, depois, reanimar e reerguer”.
Negócios em Luta
A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Muro de 700 milénio micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.
São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a chuva das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de convenção com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
Os textos do Negócios em Luta mostram uma vez que os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@examinação.com.