
Protestos explodem na Venezuela após resultado contestável das eleições
Protestos eclodiram na segunda-feira, 29, em Caracas, capital da Venezuela, com centenas de jovens marchando pelas ruas furiosos com a eleição presidencial em que o atual presidente, Nicolás Maduro, declarou vitória, apesar das amplas acusações de fraude. Autoridades proclamaram oficialmente a decisão da eleição sem publicar a descrição completa dos votos, intensificando a suspicácia e a insatisfação entre muitos venezuelanos. As informações são do AP, Al Jazeera e CNN.
Os Estados Unidos e diversos países ao volta do mundo condenaram os resultados oficiais da votação de domingo, 28, que não parecem corresponder às estimativas estatísticas baseadas em contagens parciais e outros dados que mostravam o presidente perdendo por uma margem significativa.
Na tarde de segunda-feira, o governo venezuelano anunciou a expulsão das missões diplomáticas de sete países latino-americanos (Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai) que condenaram os resultados eleitorais oficiais. A líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que seu movimento recebeu contagens em papel de 73% das urnas do país e contestou as alegações do governo. Essas contagens mostraram que o oponente de Maduro, Edmundo González, recebeu 3,5 milhões de votos a mais do que o presidente.
González declarou que a margem era “matematicamente irreversível”. A decisão da domínio eleitoral de declarar a vitória sem publicar os resultados detalhados, o que era rotina em eleições anteriores, intensificou a sensação entre muitos venezuelanos e observadores internacionais de que a eleição havia sido essencialmente roubada.
O governo de Maduro, por sua vez, anunciou que estava investigando os principais líderes da oposição, acusando-os de hackear os sistemas eleitorais. Protestos esporádicos em Caracas na manhã de segunda-feira cresceram ao longo do dia, à medida que moradores indignados se dirigiam ao núcleo da capital, alcançando redutos tradicionais do governo que não viam espalhafato política há mais de duas décadas. Grandes grupos de jovens caminharam mais de oito quilômetros por estradas principais, arrancando cartazes de campanha de Maduro e gritando “Eles nos roubaram!”.
Confrontos nas ruas
Outro grupo de centenas de pessoas tentou chegar ao palácio presidencial, incendiando pneus pelo caminho. Paramilitares pró-governo responderam disparando tiros para o cimeira, e a polícia usou gás lacrimogêneo para espalhar os protestos. Manifestantes em Cumaná, a 400 km a leste da capital, tentaram chegar à sede da eleição do país, mas foram repelidos pela Guarda Pátrio.
A eleição contestada voltou a atenção para os incentivos da gestão Biden à Venezuela. As negociações de autoridades dos EUA com o governo dominador e a flexibilização das sanções à vital indústria petrolífera do país ajudaram a pavimentar o caminho para a votação de domingo. Por enquanto, a gestão afirmou que não está considerando revogar quaisquer licenças para a venda de petróleo.
A gestão Biden também exigiu que o governo de Maduro divulgasse as tabulações dos votos e alertou que corre o risco de isolamento diplomático à medida que mais países, incluindo alguns aliados cruciais, questionam a falta de transparência de uma eleição que parece violar as normas internacionais.
O governo brasílico, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, distanciou-se de Maduro na segunda-feira, apesar de anos de relações amistosas entre os dois líderes de esquerda. Em uma enunciação cuidadosamente elaborada, o governo de Lula elogiou “a natureza pacífica” da eleição, mas pediu “a verificação recto dos resultados” e a divulgação dos resultados detalhados das urnas.
A Colômbia, liderada por Gustavo Petro, um esquerdista que nos primeiros meses de seu procuração priorizou a aproximação com a Venezuela, também pediu a divulgação detalhada dos resultados e que os observadores internacionais que monitoraram a votação forneçam suas avaliações.
Falta de transparência
Na noite de segunda-feira, Brasil, Colômbia e México negociavam uma enunciação conjunta para pedir à Venezuela a divulgação dos registros de votação de cada estação, na esperança de que uma posição unificada das três nações mais influentes da região ajudasse a pressionar Maduro, segundo dois oficiais diplomáticos brasileiros que falaram sob quesito de anonimato para descrever conversas privadas.
Celso Amorim, assessor-chefe de política externa de Lula, também se reuniu separadamente com Maduro e González em Caracas na segunda-feira. Em uma reunião de uma hora no palácio presidencial da Venezuela, Maduro prometeu entregar os resultados completos da votação, embora não tenha fornecido um cronograma simples para fazê-lo, segundo um dos oficiais brasileiros. Amorim disse a repórteres que não podia responsabilizar nas contagens de votos apresentadas tanto pelo campo de Maduro quanto pela oposição porque nenhum deles havia fornecido provas.
‘Derrotar aqueles que são violentos’
Na segunda-feira à noite, Maduro disse que seu governo “sabe porquê enfrentar esta situação e derrotar aqueles que são violentos”, alegando sem evidências que a maioria dos manifestantes eram criminosos cheios de ódio – e que seu projecto foi arquitetado nos Estados Unidos.
Mais cedo, Maduro foi formalmente dito vencedor em uma cerimônia pelo Recomendação Pátrio Eleitoral (CNE), que está referto de aliados de Maduro e que ainda não divulgou as contagens finais de votos da eleição de domingo.
As manifestações de segunda-feira, em várias cidades venezuelanas, surgiram em resposta ao resultado das eleições presidenciais. Em Caracas, a polícia lançou gás lacrimogêneo para espalhar uma grande plebe de manifestantes, enquanto grupos de pessoas batiam panelas em protesto contra a vitória de Maduro no domingo. A organização de direitos humanos PROVEA relatou que grupos armados pró-Maduro dispararam contra manifestantes pacíficos na capital venezuelana.