Por que ainda há preconceito contra o lucro?

FreePik

Por que ainda há preconceito contra o lucro?

Meu avô materno sempre ganhou a vida porquê empreendedor. Até hoje lembro da pequena metalúrgica que ele mantinha no terreno contíguo à sua lar, no bairro recifense da Jaqueira (hoje uma vizinhança chique da capital pernambucana). Quando se aposentou, seu Manoel resolveu montar uma lojinha que vendia frango e ovos. Certa vez, já juvenil, fiquei ao seu lado no caixa, e ele me mostrou porquê estabelecia o preço de cada resultado para calcular seu lucro. Tinha orgulho de seu estabelecimento e vibrava quando o faturamento quotidiano era cimo.

Ele ficaria estarrecido com o preconceito que muitos esquerdistas ainda carregam, nos dias de hoje, contra a  lucratividade
das empresas. Não deixa de ser irônico: os maiores símbolos do comunismo, Rússia e China, se renderam – cada um à sua maneira – ao capitalismo. Mesmo assim, existem anticapitalistas de montão por aí, disfarçando a repulsa aos ganhos líquidos de uma transação porquê uma espécie de preocupação social.

Tomemos as declarações do ministro das Minas e Força, Alexandre Silveira, em uma entrevista coletiva ocorrida esta semana em Belo Horizonte. Ele disse o seguinte: “A Petrobras precisa ter 100% ou 200% de [alta de] lucro? No governo anterior, chegou a ser distribuído mais dividendo do que lucro líquido registrado. Por que isso? Porque os ativos eram vendidos e distribuídos porquê lucro”.

Pergunta-se: e daí?

Se determinado ativo de uma companhia é vendido, seria falso que o acionista desta empresa receba um quinhão por conta da operação? Vamos responder, para que não pairem dúvidas: não, não é falso. O ministro, nesta mesma enunciação, também questiona o propagação da lucratividade da Petrobras. Ele aparentemente não considera justo que a petroleira dobre ou triplique sua lucratividade.

Pergunta-se novamente: e daí?

Qual é o problema em aumentar a produtividade, melhorar a eficiência ou mesmo vender ativos de uma empresa? Onde está o vício em buscar um lucro cada vez maior, desde que se respeite a lei e as boas normas de governança, sem abusos aos colaboradores e fornecedores? Por que não se pode buscar resultados melhores?

A sensação que se tem é a de que o ministro deve ter, em sua cabeça, uma tábua para definir o que é justo em termos de lucratividade crescente. Talvez o lucro de uma companhia possa crescer 20% — mas 100% ou 200% já seria um pouco proibido ou condenável.

Infelizmente, Silveira não é o único dentro do governo a exsudar seu obsoleto preconceito contra o lucro – ou de imaginar porquê se pode tabelar um lucro justo para a sociedade. Essa repulsa, na verdade, tem início à aversão que os esquerdistas sentem em relação aos empresários.

Lembremos, porém, que é o empresariado quem paga os impostos que sustentam o Estado – os mesmos empresários que o governo, em sua sanha arrecadatória, quer sufocar para sustentar uma estrutura mastodôntica e pantagruélica.

Não fossem as famílias empreendedoras deste país e as grandes corporações internacionais instaladas cá, não teríamos a figura do lucro que permite o funcionamento de toda a estrutura estatal, assim porquê seus programas sociais. O lucro e os empresários merecem saudação, não ataques. Precisamos varrer essas intolerâncias retrógradas do Brasil e investir em uma economia de mercado – ou em ministros com uma mentalidade mais moderna que a de Silveira.

Mostrar mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios