Por que vinícola portuguesa lançou seu vinho mais icônico e caro no Brasil?

Em 2023, a importação de vinhos de Portugal alcançou números recordes, consolidando a preferência dos brasileiros pelos rótulos lusitanos. O Brasil, inclusive, superou os Estados Unidos e se tornou o principal tramontana das garrafas de vinho português – exceto os vinhos do Porto.

Entre janeiro e dezembro do ano pretérito, o Brasil importou 77 milhões de euros em vinhos de Portugal, um aumento de 8,7% em relação ao ano anterior. Em volume, o desenvolvimento foi de 4%. Os dados são da base global de transacção Comtrade e foram compilados, com exclusividade para a Casual EXAME, pela escritório Vinhos de Portugal. Com esse desempenho, o Brasil se tornou o maior mercado dos vinhos portugueses, ultrapassando os Estados Unidos.

De roupa, o brasílio nunca consumiu tanto vinho, e não exclusivamente o português. Embora a expectativa global seja de uma queda de 1% ao ano no consumo de vinho até 2026, conforme a consultoria especializada IWSR, no Brasil a situação é dissemelhante. O consumo médio per capita passou de 1,8 litro em 2019 para 2,7 litros em 2022, e permanece nesse patamar.

O bom momento também se reflete nos vinhos premium. Segundo a IWSR, o mercado de bebidas de valor ressaltado deve crescer 50% nas Américas até 2026. Unicamente o segmento de vinhos premium deve aumentar 16% na região.

Diante desse cenário, a vinícola portuguesa Frasqueira Cartuxa optou por lançar, pela primeira vez fora de Portugal, a novidade safra de seu icônico Pêra-Manca, safra 2018. O lançamento ocorreu na ProWine, a maior feira de vinhos e destilados da América Latina, voltada exclusivamente para o setor de transacção e distribuição.

João Teixeira, diretor mercantil e de marketing da Instauração Eugénio de Almeida (proprietária da Frasqueira Cartuxa), explica que o Pêra-Manca tem um valor privativo no Brasil. Segundo a história, o vinho teria sido utilizado por Pedro Álvares Cabral para selar o encontro com os indígenas no século XVI. A novidade safra chega ao mercado com garrafas que custam em torno de R$ 4.000 e estará disponível nos próximos meses.

Pêra-Manca 2018. (Divulgação/Divulgação)

A safra 2018

O enólogo Pedro Baptista, da Instauração Eugénio de Almeida, destacou os desafios climáticos enfrentados em 2018, com temperaturas mais quentes e secas que afetaram o desenvolvimento das vinhas. Foi necessário reduzir a quantidade de cachos por vegetal para prometer a qualidade das uvas. Ao final, as vinhas mais antigas e resilientes produziram frutas com uma maturação adequada.

Foram produzidas murado de 20 milénio garrafas do Pêra-Manca Tinto 2018. O processo envolveu uma seleção rigorosa das uvas, levedação controlada, maduração em tanques de roble gaulês por 18 meses, e, por término, um período de maturação nas caves do Convento da Cartuxa.

“É um vinho denso, profundo e elegante, com a máxima frase do perfil clássico do Pêra-Manca: aromas de frutas negras maduras e em compota, notas florais e especiarias doces, sustentadas por taninos firmes”, diz Teixeira.

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