Abstenção de 29,2% surpreende o Planalto, que avalia que eleitor não embarcou de vez no bolsonarismo

A taxa de continência de eleitores no segundo vez, que chegou a 29,2% segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), surpreendeu positivamente auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmaram à EXAME técnicos do governo. A tradução, relataram as fontes ouvidas pela reportagem, foi de que embora o PT e a esquerda tenham ido mal, não houve uma vitória acachapante do bolsonarismo nas urnas. Nas contas do QG de Lula, um terço da população se absteve, isto é, rejeitou petistas, bolsonaristas e até mesmo políticos de meio.

A disputa por votos ocorreu em 51 municípios brasileiros, sendo 15 capitais.Estavam aptos a votar 33.996.477 eleitores, dos quais 9.947.369 não compareceram às urnas, segundo os dados do TSE.

No primeiro vez, a taxa de continência foi de 21,68%, segundo a Justiça Eleitoral. A avaliação entre auxiliares de Lula é de que ajustes na notícia do governo e um compromisso com a responsabilidade fiscal são sinais importantes que podem mudar expectativas e ajudar na melhora do envolvente de negócios. E, com isso, atrair segmento desse eleitorado que rejeitou a classe política nas eleições municipais.

A mobilização petista em Fortaleza, única capital conquistada pelo partido na eleição, também foi comemorada pelo Planalto. Na capital do Ceará, a taxa de continência do primeiro para o segundo vez subiu de 15,52% para para 15,84% e ficou muito inferior das médias nacionais nos dois turnos.

A vitória na capital nordestina fortaleceu o ministro da Ensino, Camilo Santana, que pediu licença do posto para se envolver diretamente no processo eleitoral e evitar uma guinada na liderança política de Fortaleza.

Outro ponto de atenção entre os líderes do PT é a premência de renovação e formação de novos líderes que da esquerda ou da centro-esquerda. Segundo um facilitar de Lula, o tema tem sido discutido internamente e há preocupação com o horizonte das legendas sem a figura de Lula.

Reforma ministerial

Uma vez que mostrou à EXAME, o término das eleições municipais reacendeu o debate no Palácio do Planalto sobre uma reforma ministerial que deve ser feita por Lula no início do próximo ano. A tendência, segundo auxiliares do petista, é de que a dança das cadeiras não seja tão ampla quanto se especula. Somente pastas importantes e com orçamento significativo têm sido cobiçadas pelos partidos de meio.

O principal claro é o Ministério da Saúde, que deve ir para uma das legendas do Centrão. O resultado das eleições municipais fortaleceu o PSD e o MDB, que passaram a governar, respectivamente, 37,3 milhões e 35,6 milhões de habitantes. A escolha de quem comandará o segundo maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, entretanto, pode ser definida depois o processo de sucessão da Câmara dos Deputados.

Até o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é cotado para a Saúde. O eventual embarque de Lira no governo garantiria pedestal político na Câmara e seria um possante golpe no partido comandado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), coligado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outra mudança cogitada por Lula é na Secretaria de Relações Institucionais, chefiada atualmente por Alexandre Padilha. A coordenação política do governo feita por Padilha tem sido criticada dentro do Planalto e por partidos da base aliada. Uma escolha que ganhou força entre auxiliares de Lula é trasladar o atual ministro de Minas e RobustezAlexandre Silveira, para o posto.

Outras duas mudanças são consideradas por Lula em fevereiro: na Secretaria de Notícia da Presidência da República e na Secretária-Universal da Presidência da República.

Os titulares das pastas, Paulo Pimenta e Márcio Macedo, voltariam para a Câmara dos Deputados e dois petistas assumiriam os postos. Os nomes de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e do deputado federalista Rui Falcão são cotados para a Secretaria-Universal. Para a Secom, Lula ainda não escolheu o substituto.

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