Primeira-dama de João Pessoa teria participado de esquema para influenciar eleição, diz juíza
Presas na manhã deste sábado (28), a primeira-dama de João Pessoa (PB), Lauremília Lucena, e sua secretária Tereza Cristina Barbosa Albuquerque teriam participação ativa em um esquema em congraçamento com uma partido criminosa para influenciar as eleições municipais de 2024. A asseveração está no documento assinado pela juíza da 64ª Zona Eleitoral, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, e foi divulgada pelo G1.
A primeira-dama e Tereza Cristina são investigadas na Operação Território Livre por crimes de aliciamento violento de eleitores e associação criminosa relacionada às eleições municipais. Lauremília é mulher de Cícero Lucena, atual prefeito da capital paraibana que tenta a reeleição.
“As investigadas Maria Lauremília e Tereza Cristina teriam participado ativamente do esquema criminoso, contribuindo para a manutenção da estrutura de depravação e fraudes no serviço público, em conluio com facções criminosas, com o objetivo de influenciar o pleito eleitoral ilicitamente, buscando a perpetuação do poder político, a termo de dar ininterrupção ao atual projeto político na cidade de João Pessoa, já que a investigada Maria Lauremília é esposa do atual prefeito e candidato à reeleição de João Pessoa”, afirma a juíza.
Conforme divulgado pelo G1, Lauremília e Tereza Cristina teriam desempenhado papéis centrais na nomeação de pessoas ligadas ao esquema criminoso na gestão municipal. Indícios mostram que elas viabilizavam a nomeação de servidores comissionados em troca de base político da partido e controle dos territórios durante o processo eleitoral.
As nomeações seriam feitas mediante acordos ilegais com membros de partido criminosa, uma vez que David Sena e Keny Rogeus – apontados uma vez que chefes de facções no Bairro São José e no Tá do Mateus, respectivamente – para prometer o base da organização nas eleições.
David está homiziado desde a segunda tempo da operação Território Livre, enquanto Keny teve mandado de prisão cumprido dentro da própria prisão.
A juíza afirma que há indícios de crimes uma vez que peculato, filtração eleitoral e constrangimento proibido. E que os mandados de prisão foram necessários porque elas poderiam continuar a praticar crimes, interferir na instrução criminal ou mesmo destruir provas.
Além da cooptação de funcionários públicos e cargos, também houve ameaço a eleitores e opositores, além de indicações fraudulentas e promessas indevidas, conforme a decisão.
“As diligências realizadas neste sábado são fruto da estudo do material apreendido nas duas fases anteriores da operação policial. O objetivo é complementar as provas de materialidade, autoria e circunstâncias dos crimes investigados”, informou a PF, em nota.
O GLOBO tenta contato com a resguardo da primeira-dama.
Prefeito sai em resguardo de primeira-dama
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, marido de Lauremília, publicou uma nota em suas redes sociais na manhã deste sábado (28), afirmando tratar-se de uma “prisão política” e um ataque arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição.
“Lauremília não teme as investigações e, na justiça, demonstrará que é vítima de uma grave perseguição política, orquestrada pelos adversários de Cícero, que claramente utilizam sua influência para esse termo. Trata-se de uma prisão política. Lauremília tem residência fixa e nunca se recusaria a prestar prova ou esclarecer quaisquer fatos”, disse o prefeito.
Segundo a PF, Lauremília decidiria sobre o preenchimento de cargos na prefeitura de João Pessoa por indicados de grupos que mantêm o controle sobre comunidades da cidade em troca de aproximação a esses locais.
A filha de Lauremília, Janine Lucena, também já tinha sido escopo de procura na Operação Mandare.