Aquecimento global deve influenciar na reconstrução de cidades no Sul

ESG Insights

Aquecimento global deve influenciar na reconstrução de cidades no Sul

POR RAQUEL MIURA

A reconstrução das áreas destruídas no Rio Grande do Sul vai colocar à prova não unicamente a capacidade, mas principalmente a vontade política de transformar de indumento áreas urbanas e rurais em territórios resilientes, exigência importante para evitar ou amenizar novas tragédias. A comoção diante do desespero de quem teve bens e memória arrastados pela enchente terá de ser transformada em ações concretas.

O Brasil já viveu outras tragédias recentes, porquê deslizamentos na serra fluminense, enchentes na Bahia e mesmo inundações no sul do país. Esses episódios ensejaram algumas mudanças pontuais, porém a carência de uma mudança estrutural a ponto de tornar as áreas adaptáveis a eventos climáticos extremos levanta a incerteza se agora, diante de uma situação de graduação maior, que atingiu quase todo um estado, haverá uma mudança.

“Sociedades resilientes são aquelas que aprendem com as suas próprias tragédias, mas precisa de vontade política para que essa transformação aconteça”, afirmou à
Rádio França Internacional (RFI) Diego Pereira Lindoso, do Núcleo de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. “Com base nesse histórico de outras tragédias, eu sou um pouco cordato em declarar que vai ter um aprendizagem, apesar de reconhecer que a dimensão da catástrofe do Rio Grande do Sul tem potencial para simbolizar um ponto de inflexão”.

Adaptação às mudanças climáticas

A visão de que a chuva da chuva enche um afluente que corre e deságua num único ponto pode até parecer oriundo, mas até isso evidencia o equívoco da atuação humana. A chuva da chuva em boa medida deve infiltrar o solo e ser retida pela própria vegetação. Certificar condições para que isso volte a ocorrer é o que a reconstrução terá de buscar.

“A adaptação das cidades precisa levar também em conta o uso da terreno, a cobertura do solo nas bacias hidrográficas, porquê, por exemplo, a bacia hidrográfica do Rio Guaíba. É que, mais do que cidades adaptadas ou cidades esponja, nós precisamos pensar territórios adaptados e territórios esponja frente ao cenário de mudança do clima”, explicou Lindoso.

A bióloga e pesquisadora Mercedes Bustamante também conversou com a RFI e explicou que o contexto das mudanças climáticas maximiza carências e gargalos. “Todas as infraestruturas precisam considerar sua adaptação às novas condições associadas ao aquecimento global. Nesse processo, também precisamos olhar para as soluções de velhos problemas que são amplificados pela crise climática, porquê o saneamento capital e construções populares em locais seguros.”

“Mapear onde estão as novas áreas de risco, estimar solos, topografia e hidrografia. Soluções devem considerar paisagens conectadas e multifuncionais. Adicionalmente, os serviços públicos, a economia e as redes de suporte social devem estar contempladas no processo de reconstrução. Transladar comunidades sem prover as condições de vida adequadas e socialmente justas contribuirá para novos problemas”, alertou Bustamante.

Agenda ambiental para reconstrução de cidades

É justamente esse o ponto que autoridades deverão considerar para reerguer bairros e, em alguns casos, cidades inteiras que foram alagadas. “A pergunta sobre se o Brasil reúne condições de implementar cidades adaptadas ou resilientes ao clima coincide também com a pergunta se o país está disposto a enfrentar o problema do aproximação à cidade, o problema da especulação imobiliária nas grandes cidades, a exclusão social e o déficit habitacional”, disse Lindoso.

No Rio Grande do Sul, são mais de 540 milénio pessoas que tiveram de deixar suas casas e estão alojadas em residência de parentes ou amigos, além das 77 milénio que estão nos abrigos públicos. “Esses números, que são preliminares, dão uma teoria da população que estava exposta a um evento extremo porquê esse. Logo podemos discutir que, sempre quando for verosímil, a reconstrução, tanto das casas, quanto do negócio e das indústrias, deve ser feita em áreas de ordinário risco”, disse o professor. Para ele, no entanto, tal mudança não pode ser de cima para ordinário, mas mediante negociação com a população afetada.

“As pessoas têm vínculos afetivos, identitários com o lugar, por isso tem que ser construído, negociado com as populações afetadas. Esses novos lugares precisam prometer distinção, com infraestruturas e serviços básicos urbanos integrados à cidade. Em outras tragédias brasileiras, famílias removidas retornaram, mesmo com a vulnerabilidade, porque esses aspectos não foram contemplados”, alertou Lindoso.

Além de participar dos debastes porquê figura ativa na reconstrução, o votante também será peça importante na forma porquê a tarifa ambiental será tratada daqui para frente pela classe política. “Já observamos que o oração negacionista permanece, sobretudo no Legislativo nas três esferas, pátrio, estadual e municipal. O papel da sociedade social e do setor privado será chave para interrogar que legisladores e gestores considerem com seriedade e capacidade técnica que a mudança do clima já é o presente”, destacou Mercedes Bustamante.

Esta reportagem foi publicada originalmente na Rádio França Internacional. Ver o teor original.

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

No Rio Grande do Sul, mais de 540 milénio pessoas estão desalojadas

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