Falta de água em Cuba: mais de um milhão de pessoas sem abastecimento
Há duas semanas, Lorenzo Islem não recebe uma pingo de chuva em sua morada, em Havana, Cuba, e precisa buscá-la de longe. Em meio à crise econômica, marcada pela escassez, a falta de chuva é um golpe duro para os cubanos. “Se não faço isso, faço o quê? Morro de sede ou de rafa”, diz o emérito.
Islem vive há 10 anos em Punta Brava, a 25 km do núcleo da cidade, e “nunca” havia pretérito por “zero igual. O problema de chuva é crítico, estamos 15 ou 20 dias sem chuva”, explica. “Depois ainda faço outra viagem porque esta chuva é para ingerir e tomar banho”, acrescenta.
Milhões de cubanos sem chuva
Pelas ruas de Punta Brava, pessoas carregam chuva em carrinhos, bicicletas e até carrinhos puxados por cavalos. Na ilhota, que tem uma população de menos de 10 milhões de habitantes, mais de um milhão de pessoas não estão recebendo chuva em suas casas, explicou na televisão estatal o presidente do Instituto Vernáculo de Recursos Hidráulicos, Antonio Rodríguez.
“Temos afetados em todas as províncias”, disse o funcionário. Ele destacou que, em Havana, os municípios com maior escassez são os três da região oeste da cidade, incluindo La Lisa, onde Islem mora com sua esposa.
Sisudez da crise
Com escassez de víveres, remédios, combustível e constantes apagões, Cuba está atolada em sua pior crise econômica em três décadas devido ao endurecimento do embargo dos EUA, em vigor desde 1962, mas também às fraquezas estruturais de sua economia planejada.
Rodríguez conta que a escassez de chuva ocorre devido à falta de “equipamentos de bombeamento, falta de vontade e interrupções nas redes de fornecimento”.
Em Alturas de La Lisa, a dona de morada Saray López, de 49 anos, está “há mais de um mês sem chuva” e está desesperada. “Com tantos problemas que temos, isso é a cereja do bolo. Já é demais”, ela reclama.
Em uma carroça puxada por cavalos, um colega lhe trouxe dois tanques de 200 litros de chuva cada um, mas Lopez calcula que, mesmo “economizando o supremo provável”, terá “o suficiente para dois dias”, pois há sete adultos e duas crianças na morada.
De convénio com o Instituto Vernáculo de Recursos Hidráulicos, entre 2023 e 2024, Cuba importou mais de 1.200 equipamentos de bombeamento, dos quais 866 funcionam com vontade solar fotovoltaica, uma vez que segmento de uma estratégia para mudar a matriz energética nesse setor.
O impacto da falta de combustível
Também estão sendo realizados trabalhos para substituir as redes de aprovisionamento danificadas. De convénio com números oficiais, em 2018, 50% da chuva bombeada na ilhota foi perdida por vazamentos.
A escassez de combustível enfrentada por Cuba desencadeia vários problemas. O combustível é insuficiente para cevar as usinas hidrelétricas que geram a eletricidade necessária para as bombas de distribuição de chuva e para mobilizar os caminhões-pipa que abastecem murado de 300 milénio pessoas na ilhota, de convénio com dados oficiais.
López conta que, há alguns dias, tentaram lhe vender “à esquerda” chuva de um pequeno caminhão-tanque por 4 milénio pesos, quando esse serviço estatal é gratuito em Cuba.
Em uma ilhota com um salário médio de 5 milénio pesos, o preço ilícito do líquido em tal caminhão é de murado de 25 milénio pesos. Muitas vezes, as pessoas se reúnem para comprar o valioso recurso.
Quando os vizinhos avistam um caminhão-tanque — ou pipa, uma vez que eles o chamam — saem correndo de suas casas, com baldes, galões e até panelas na mão. Mas, às vezes, passam-se dias sem que um deles apareça.
“Nunca enviaram um tubo para cá“, reclama Luis Imbert, 59 anos, funcionário de uma policlínica em La Lisa. “Não há pipa, não há resposta solene”, diz ele, muito irritado.