
Nova presidente da Petrobras quer ‘acelerar’ exploração
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, 27 de maio de 2024 no Rio de Janeiro
Pablo PORCIUNCULA
A novidade presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira (27) que a petrolífera deve “açodar” a exploração de novas reservas, incluindo na região próxima à foz do rio Amazonas, um projeto ao qual defensores do meio envolvente se opõem.
Em sua primeira coletiva de prensa posteriormente sua nomeação na sexta-feira passada, Chambriard sublinhou que a gigante petrolífera atingirá seu pico produtivo por volta de 2030, quando começará a declinar.
“O esforço exploratório dessa empresa tem que ser mantido, tem que ser rápido”, disse, destacando que a exploração é “forçoso” para a “sobrevivência” da empresa estatal de capital desobstruído.
“Para nós é forçoso repor reservas. Isso significa que é forçoso continuar explorando petróleo, principalmente na costa brasileira mais equatorial”, afirmou Chambriard.
A novidade presidente da Petrobras disse que entre as regiões a serem exploradas estão a bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul, mas também a “margem equatorial”, no litoral do Amapá, limítrofe com a Guiana Francesa e que abriga a foz do Amazonas.
A exploração dessa região, próxima à Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do mundo, não conta com a aprovação de todo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ministra do Meio Envolvente, Marina Silva, manifestou-se contra, assim uma vez que várias organizações ambientalistas.
Aliás, o Instituto Brasílio do Meio Envolvente (Ibama) recusou em maio do ano pretérito concordar uma licença de exploração para a Petrobras nessa região, argumentando que a empresa não havia apresentado os estudos ambientais necessários.
Em contrapartida, o ministro de Minas e Vigor, Alexandre Silveira, é muito favorável à exploração dessa zona, enfatizou Chambriard, que indicou que, se não houver um entendimento, cabe ao presidente Lula “arbitrar”.
Trata-se de um tópico sensível para Lula, que quer liderar a guerra mundial contra a mudança climática e que se comprometeu fortemente com a redução do desmatamento no Brasil.
Mas “temos que tomar muito desvelo com a reposição das reservas, a menos que a gente queira admitir o roupa de que podemos voltar a ser importadores, o que para mim está fora de cogitação”, enfatizou.
Questionada sobre a relação entre as enchentes que devastaram o sul do Brasil e o aquecimento global, devido em grande secção, segundo os especialistas, aos combustíveis fósseis, Chambriard respondeu que seria “bastante injusto” colocar o sinistro “na conta do pré-sal”, os depósitos em grandes profundidades no subsolo marítimo.
Chambriard, uma engenheira social e química de 66 anos, foi nomeada em substituição a Jean Paul Prates, que foi destituído por Lula posteriormente uma polêmica sobre o pagamento de dividendos.