Uma estreia na Bolsa? Simpar propõe cisão da Vamos e fusão com a Automob, de concessionárias

Depois um jejum de quase três anos de IPOs no Brasil, uma novidade empresa pode estrear no pregão nos próximos meses, trazendo para a Bolsa um setor até agora sem representantes listados: o de concessionárias de automóveis.

Essa é a proposta da Simpar, holding da família Simões, que controla a Movida, de aluguel de automóveis, a JSL, de logística, e a Vamos, de locação de veículos pesados.

Em traje relevante que acaba de ser divulgado, a companhia está propondo uma cisão do negócio de concessionárias da chamada “risco amarela”, que vende caminhões, tratores e equipamentos agrícolas, da Vamos e a união com seu negócio de concessionárias de veículos leves, a Automob, que já fatura quase R$ 10 bilhões.

Numa espécie de listagem reversa, a Automob passaria a ter ações negociadas, abrindo uma plataforma para financiar seu projecto de expansão que resultou numa expansão de 15 vezes a receita nos últimos quatro anos.

O negócio ainda tem potencial para destravar valor de um negócio menos sabido pelo mercado dentro da holding Simpar.

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A família Simões atua em concessionárias desde 1995, quando comprou a Original Autos, que vende a marca Volkswagen. De lá para cá, vem fazendo uma série de aquisições que ganharam tração nos últimos anos, quando o faturamento passar de R$ 700 milhões em 2020 para R$ 9,5 bilhões nos últimos 12 meses encerrados no segundo trimestre.

O EBITDA foi de R$ 457 milhões no mesmo período.

A tese da Automob é de que o setor de concessionárias é muito pulverizado no Brasil e há um espaçoso espaço para consolidação, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, onde empresas uma vez que Lithia e AutoNation faturam mais de US$ 30 bilhões.

O Brasil tem tapume de 5 milénio concessionárias, dos quais 1,2 milénio pontos pertencem a grupos que tem entre 1 e 4 lojas. Apesar de ser uma das maiores do país, com 120 lojas que vendem 28 marcas, a companhia ainda está presente exclusivamente em cinco estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

A transação

A Simpar está propondo a cisão da Vamos Concessionárias, que tem 72 lojas e faturou R$ 3,2 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho – separando da Vamos uma unidade que tem um perfil egrégio do negócio de locação. (As lojas de seminovos seguem embaixo de VAMO3.)

A Vamos Concessionária vai comprar tapume de 35% da Automob que pertence a Simpar por R$ 1 bilhão, por meio de uma risco de crédito a ser contratada pela novidade empresa. A conversão restante se dará por meio de troca de ações.

Pelo escorço apresentado, ao termo do processo, a novidade companhia ficaria com uma elaboração acionária de 64,12% para a Simpar, 21,39% para os minoritários de Vamos e 14,49% para os demais acionistas de Automob, essencialmente donos de concessionárias adquiridas que receberam secção do pagamento em ações.

Na prática, a operação dá um valuation implícito de R$ 3,1 bilhões para a Automob e de R$ 2,4 bilhões para a Vamos Concessionárias. (Na secção em cash da transação, foi aplicado um desconto de 10% sobre o valuation da Automob.)

A transação será submetida à câmara de acionistas de Vamos, a ser convocada.

Porquê envolve partes relacionadas, a operação será submetida a um comitê independente formado por três membros, que dará seu parecer ao parecer de Vamos sobre os termos apresentados.

Não está simples se a Simpar votaria na câmara, mas em operações semelhantes – uma vez que a própria reorganização societária que resultou na estruturação da companhia uma vez que holding listada em 2020 – os controladores se abstiveram.

O negócio de concessionárias

De concórdia com fontes próximas à transação, nos próximos dias, a Simpar deve debutar um processo de road show para mobilização dos acionistas de Vamos.

Sem pares comparáveis no Brasil, um dos pontos centrais é detalhar o negócio de Automob, que hoje recebe menos atenção dentro da holding do que seus pares listados. Boa secção dos analistas de sell side atribui à rede de concessionárias exclusivamente o valor patrimonial, de R$ 1 bilhão.

Além do potencial de consolidação, a Simpar vê um grande potencial de valor a ser tirado nos negócios adquiridos, mormente com a associação de vendas de carros usados além dos novos.

Por terem menor chegada à capital de giro, os players independentes acabam focando mais na venda de 0 km, financiados pelas montadoras. Ao entrar nas concessionárias, a Automob tem feito a proporção de carros usados para novos passar já no primeiro ano de 0,3 para 1,3 – aumentando sua margem e as vendas ‘mesmas lojas’.

Outro vetor de receita em concessionárias são os rebates recebidos na originação de financiamento e seguros e, nesse sentido, a lógica é simples: quanto mais graduação, maior o poder de barganha e maior a percentagem.

Na formação da novidade companhia, a tese é que o negócio de venda de caminhões e máquinas agrícolas da Vamos dá um perfil complementar e mais resiliente, oferecido que a demanda depende de setores uma vez que o agronegócio, mais resiliente a crises e ciclos econômicos.

Cá, o repto será mostrar que o filme é melhor do que a foto: nos últimos 12 meses findos no segundo trimestre, a Vamos Concessionárias teve EBITDA negativo, em R$ 39 milhões – revérbero, em grande secção de uma ressaca nas vendas em 2023, oferecido que o ano anterior concentrou uma grande compra de caminhões em antecipação à mudança do padrão Euro 5 para Euro 6.

Para a Simpar, o negócio pode dar ainda um consolação relevante ao endividamento. No termo do segundo trimestre, a empresa tinha uma dívida líquida de R$ 3,3 bilhões, equivalente a 3,8 vezes o EBITDA dos 12 meses anteriores.

A Simpar está sendo assessorada pelo Morgan Stanley e a Vamos, pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de Vistoria.)

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