Com chocolate artesanal amazônico, empreendedora cria rede de empoderamento feminino

São necessários muro de 45 dias entre a colheita do cacau e a transformação dos chocolates da Kakao Blumenn, uma fábrica artesanal na Amazônia que produz 200 quilos de chocolate por mês. Avante da empresa está Verônica Preuss, de Santa Catarina, que mora na Agrovila Duque de Caxias, a 100 quilômetros de Altamira (Pará), em uma comunidade com muro de 1.500 habitantes.

Conquistas e prêmios de destaque

A trajetória de Verônica inclui lutas por **pujança elétrica e ensino** e foi coroada com o prêmio de bronze da melhor amêndoa do Brasil pelo Núcleo de Inovação do Cacau (CIC) em 2021, e com o segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Produtora Rústico, em 2022.

Para Verônica, falar de chocolate é também falar de empoderamento feminino. Em 2000, ela chegou à comunidade no Pará e se deparou com a precariedade do lugar. “Não tinha pujança elétrica e a Rodovia Transamazônica era de terreno, o que dificultava o aproximação. Foram dois anos de luta popular para as melhorias começarem”, conta.

Com seu perfil de liderança, Verônica ajudou a invadir avanços para a região, que passou a racontar com escola até o ensino médio. “Na comunidade, percebi que as mulheres eram chamadas unicamente uma vez que esposa ou filha de alguém, o que me incomodava”, diz. Em resposta, criou um grupo para fortalecer a autoestima e a independência financeira das mulheres, que a apresentaram ao cultivo do cacau. “Foi uma paixão à primeira vista e uma oportunidade de protagonismo para essas mulheres”.

A realização do sonho de produzir chocolate

Em 2016, Verônica e o marido plantaram seis milénio pés de cacau. Em 2020, a **Kakao Blumenn Chocolate Artesanal** começou a lucrar forma. “Comprei uma panela de fazer polenta e fiz minha primeira produção de chocolate”, lembra Verônica. Desde logo, investe em especializações para extrair o melhor do cacau amazônico. Seu primeiro curso, realizado com uma choco maker de renome, durou quatro dias. “Apoiada pelo Sebrae, participei de treinamentos desde a **preâmbulo da empresa** até o **registro de marca**”, afirma.

O processo de fabricação do chocolate é pormenorizado. As amêndoas são fermentadas, secas e refinadas por até 96 horas em um moinho peculiar. Todo o chocolate é feito artesanalmente e sem conservantes, usando unicamente cacau, manteiga de cacau, leite em pó integral e açúcar cristal. Atualmente, a propriedade conta com 11 milénio pés de cacau e a produção anual é de 2,4 toneladas, com sabores regionais uma vez que açaí e cumaru.

Planos de expansão e exportação

Nos próximos anos, Verônica planeja expandir a produção da fábrica para 800 quilos por mês, quadruplicando o volume atual. Está também nos planos a construção de uma loja para estimular o turismo rústico e fortalecer a rede de produtos artesanais feitos por mulheres da região. A logística, mas, é um duelo, já que os chocolates são perecíveis e o transporte depende do aeroporto de Altamira. “O frete é custoso, mas estamos negociando com companhias aéreas para reduzir custos”, explica.

Atualmente, grande secção das vendas é feita para o setor de hotéis e supermercados do Pará, e a empresa já se prepara para expandir para o mercado internacional. A Kakao Blumenn participará da plataforma Alibaba para exportações e tem planos de enviar chocolates diretamente para Dubai, Singapura e Uruguai. “Estivemos recentemente no Salão do Chocolate em Paris, onde realizamos rodadas de negócios para futuras parcerias internacionais”, diz Verônica.

Para ela, o sigilo do sucesso está na resiliência. “Ano pretérito perdi minha filha de 34 anos, o que quase me fez desistir. Mas seguir em frente e empoderar outras pessoas é a melhor maneira de honrá-la”, conclui.

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