
Por que o Brasil opta por veículos híbridos e biocombustíveis para a descarbonização?
Por que o Brasil opta por veículos híbridos e biocombustíveis para a descarbonização?
POR BÁRBARA VETOS
Em um contexto de intensificação das mudanças climáticas, a transição energética e a descarbonização ganham destaque entre os compromissos estabelecidos pelos países. O planeta exige a adoção de medidas mais sustentáveis, mas, até o momento, não existe uma regra sobre qual caminho deveria ser seguido por todos.
A solução seria a adoção de veículos híbridos, híbridos plug-in, totalmente elétricos ou a utilização de biocombustíveis? A União Europeia, que havia proibido a venda de carros novos a esbraseamento a partir de 2035, reverteu a decisão e tem enfrentado dificuldades para impulsionar o mercado de elétricos.
Já o governo brasílico optou por um processo de descarbonização e mobilidade mais sustentável por meio de incentivos fiscais com o Programa Pátrio de Mobilidade Verdejante e Inovação (Movimentar). O programa traz limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos, cobrança de menos imposto para quem polui menos, geração do IPI Verdejante, e expansão de investimentos em eficiência energética. Mas não faz uma aposta poderoso em veículos exclusivamente elétricos e prevê o incentivo a biocombustíveis, na esteira da experiência de quase 50 anos dos carros a álcool.
“Podemos ter alternativas diferentes do que as que foram utilizadas em outros países”, defende Roberto Braun, diretor de Relações Públicas e Notícia Corporativa da Toyota e membro do Juízo de Mobilidade de Plebeu Carbono para o Brasil (MBCB). “O Brasil tem a capacidade de ser um grande protagonista na descarbonização por meio do uso do biocombustível em combinação com a eletrificação.”
Programa Pátrio de Mobilidade Verdejante e Inovação (Movimentar)
Por medida provisória, o Movimentar
foi lançado em dezembro de 2023 e regulamentado pelo governo federalista em março. A iniciativa amplia as exigências de sustentabilidade no setor e estimula o desenvolvimento de novas tecnologias.
Uma das metas do programa é reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030, que serão medidas pelo critério “do poço à roda”, que contempla todo o ciclo da manadeira de força utilizada até o veículo. O incentivo fiscal para que as empresas invistam em descarbonização, por meio de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, será de mais de R$ 19 bilhões. Até o momento, 23 companhias já fazem segmento da iniciativa.
“O Movimentar serve uma vez que uma diretriz para todas as entidades e empresas do Brasil poderem se guiar”, avalia Braun. “O programa tem aspectos bastante positivos, porque traz consigo metas de eficiência energética que devem ser consideradas pelas indústrias em seu planejamento de tecnologia e produtos.”
Postura brasileira no processo de descarbonização
Uma pesquisa lançada em março pela LCA Consultores e MTempo Capital analisou três cenários para o contexto brasílico de descarbonização e transição energética. O primeiro deles seria uma situação sem mudanças tecnológicas, enquanto o segundo e o terceiro teriam uma predominância de veículos híbridos e totalmente elétricos, respectivamente.
O estudo mostra que os híbridos têm um desempenho melhor no contexto brasílico em termos de produção e impacto econômico. Os resultados apontam para um aumento no PIB, na arrecadação de impostos, e na geração de ocupação e renda no país. A projeção é de que o país obtenha ganhos de R$ 2,8 trilhões no PIB e R$ 1,6 milhão na geração de empregos, em relação ao cenário dos veículos 100% elétricos. Braun, no entanto, reforça que essa tendência não anula a utilização de outras rotas sustentáveis.
Diferença da veras brasileira para a de outros países
O mercado de elétricos tem desenvolvido em todo o mundo. Segundo relatório publicado pelo Rocky Mountain Institute, até 2030, os veículos elétricos representarão entre 62% e 86% das vendas globais – caso a tendência permaneça em subida e desafios no setor sejam superados.
“Mas não necessariamente precisamos plagiar as estratégias de descarbonização que estão sendo utilizadas em países desenvolvidos”, explica o membro do MBCB. Ele aponta que existe um contexto de infraestrutura e renda dissemelhante do nosso. “Aliás, somos um país de dimensões continentais, de grandes distâncias entre as cidades e estados.”
Por outro lado, o Brasil tem a oportunidade de investir nos biocombustíveis, uma vez que o etanol, por exemplo, que pode ser produzido a partir da cana-de-açucar e outras vegetais ou raízes. Uma propriedade que, segundo Braun, pode ser vista uma vez que uma vantagem. “Eles [países desenvolvidos] não têm uma produção de biocombustíveis uma vez que nós temos em nosso território”, enfatiza.
A Índia, segunda maior produtora de cana-de-açúcar do mundo, somente detrás do Brasil, encontrou no padrão brasílico uma referência para atingir suas metas de energias renováveis. O país tem uma vez que objetivo chegar a 20% de mistura de etanol à gasolina até 2025. “Os biocombustíveis favorecem a descarbonização porque você tem uma absorvência do CO₂ no momento do plantio dessas culturas, uma vez que a cana”, diz o diretor.
Dificuldades dos veículos 100% elétricos
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Infraestrutura –
No Brasil, existem muro de 4.600 postos de recarga de veículos elétricos. O estado de São Paulo, sozinho, concentra quase 1/3 deles. “O que a gente vê hoje é uma concentração muito grande de pontos de recarga em alguns locais. Isso cria uma dificuldade, já que a pessoa precisa da infraestrutura para poder fazer a sua jornada”, aponta Braun. De concordância com o EV Charging Índice, índice global de infraestrutura para carros elétricos, o Brasil ocupa a 20ª posição na lista de 30 países. -
Longas distâncias e bateria –
Por conta da requisito de autonomia das baterias e da infraestrutura de recarga, o veículo elétrico é mais adequado para trajetos urbanos. “Para um deslocamento um pouco mais extenso, você necessitaria ter uma infraestrutura de recarga ou mesmo autonomia maior das baterias”, explica o membro do parecer. Ele ainda diz que essas tecnologias estão sendo estudadas para que se desenvolvam de concordância com o incremento do mercado de elétricos.
Embora o país pareça caminhar para a utilização de híbridos e biocombustíveis, o diretor reforça que todas as rotas tecnológicas são importantes e vão coexistir. “Elas trazem contribuições e também desafios. Precisamos pensar de forma ampla, do ponto de vista ambiental, simples, mas também do social e econômico, sempre priorizando o que é melhor para o país.”
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