
Crise climática pede nova ordem mundial, diz presidente do Sebrae
Por Décio Lima*
Um pequeno trecho da música de Caetano Veloso sintetiza o momento climatológico que estamos vivendo: “alguma coisa está fora da ordem”. E colocar novamente nos trilhos requer uma reflexão. É necessário uma paragem para questionar os preceitos e conceitos estabelecidos na ordem ideológica que constitui o convívio em sociedade.
Instituições já pertencentes ao nosso imaginário, porquê o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional (FMI), unicamente para reportar alguns exemplos, deveriam estatuir uma espécie de “fechadas para balanço”.
A crise climática que o mundo vive hoje faz um chamado à responsabilidade com o planeta Terreno. O desenvolvimento estabelecido ao longo de décadas por instituições mundiais, criando modelos que foram replicados pelos diversos países em seus continentes, está esgotado, sendo agora queimado pelas labaredas, inundado pelas cheias, sofrendo com calor excessivo e desastres climáticos. O planeta chora. A máxima de que unicamente retirar riquezas não dará grandiosidade a nenhuma pátria se comprova com a crise climática que o mundo vive hoje.
Com os recentes acontecimentos, é necessário edificar novas perspectivas para a humanidade. Unicamente explorar e retirar as riquezas, os recursos naturais, nunca deveria ter sido uma prática adotada. Em 2023, o Canadá entrou em chamas. Do outro lado do mundo, a Polônia e a Europa Meão enfrentam grandes enchentes.
O primeiro passo seria compreender que a discussão em torno da Amazônia deve se estender a todas as reservas presentes no nosso país. A Amazônia é nossa, é brasileira; só o Brasil tem a Amazônia, e somos nós que temos que nos apropriar de sua preservação, porquê um grande ror tanto do ponto de vista biológico quanto cultural.
Essa postura deve ser a praxe brasileira para todo o seu patrimônio originário. O governo Lula e o de Geraldo Alckmin se mostram entre os mais preocupados com as condições climáticas de toda a nossa República. De inopino, foi emitida uma MP que abre crédito insólito de R$ 514 milhões para financiar medidas emergenciais de enfrentamento de incêndios na Amazônia. Outrossim, endureceram-se as penas, por meio de multas, para quem provocar incêndios florestais. Essas são medidas essenciais que já estão permitindo moderar e controlar os focos de incêndio. A postura do atual Estado brasílico é diametralmente oposta ao governo pretérito. Agora, Ibama e o Ministério do Meio Envolvente são peças essenciais na reconstrução do nosso país. Fala-se inclusive na geração de uma filial reguladora específica para o tema.
Paralelamente às medidas emergenciais, o planejamento de atuação está em curso para inferir a desejada prevenção e resiliência a médio e longo prazos. Sem incerteza, o aquecimento global está aumentando a intensidade dos eventos climáticos em todos os continentes. O Sebrae, pela capilaridade que tem, presente em todos os estados brasileiros, posiciona-se porquê escora a essas iniciativas. Os pequenos negócios são vistos porquê atores essenciais neste debate, representando 95% das empresas brasileiras. Nos centros urbanos, nas pequenas cidades ou em torno da Bacia Amazônica, os microempreendedores individuais (MEI), as micro e pequenas empresas serão instrumentos dessa mudança.
A sustentabilidade, inovação e inclusão são conceitos que não têm mais volta. Uma vez que instituição, temos um patrimônio sem igual, que é a tecnologia social própria acumulada há mais de 52 anos. Não se trata de verso demais, mas de uma grande convocação de solidariedade, com menos debates e mais ações para atuar nos problemas ambientais. As nossas pesquisas apontam que quase 70% dos pequenos negócios entrevistados já implementam políticas de sustentabilidade em seus negócios. A pesquisa abrangeu todos os estados brasileiros e entrevistou 3.623 empresários. Ao adotarem práticas sustentáveis, os pequenos negócios dão exemplo e contribuem para o Brasil e para o mundo.
*Décio Lima é presidente do Sebrae