‘Há vontade política’ para salvar a Amazônia

PABLO PORCIUNCULA

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, durante uma entrevista à AFP no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 2024

Pablo PORCIUNCULA

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, afirmou que há “vontade política” para proceder na preservação da Amazônia, pulmão do planeta e reguladora crucial do clima, durante uma entrevista à AFP no Rio de Janeiro.

“Sentimos que havia no envolvente a vontade política de fazer (projetos) no lugar notório, a Amazônia, no momento notório. Acho que isso está acontecendo agora”, disse o brasiliano Goldfajn na quarta-feira (25), ao fazer um balanço do programa Amazônia Sempre, lançado pelo BID há um ano.

Para festejar os avanços, Goldfajn viajará neste término de semana para Belém, cidade que sediará a COP30 do clima em 2025.

Lá, ele participará no sábado, ao lado da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, de ministros dos oito países amazônicos e líderes empresariais, de debates sobre desenvolvimento sustentável e financiamento climatológico.

A iniciativa Amazônia Sempre funciona uma vez que um “guarda-chuva” ou plataforma que reúne os países da região e países doadores, bancos públicos e privados, governos, instituições de pesquisa, comunidades locais e o setor privado, explicou Goldfajn.

A cooperação entre todos os atores envolvidos é fundamental “para que esse moeda realmente chegue aonde vai ter um efeito” e “evitar chegar ao ponto de não retorno”, quando a floresta amazônica começará a exprimir mais carbono do que absorve, agravando o aquecimento global.

Segundo o dirigente do BID, essa vontade política começa a dar frutos: em um ano, os recursos para projetos na Amazônia quadruplicaram, passando de 1 bilhão (R$ 5,63 bilhões) para 4,2 bilhões de dólares (R$ 23,7 bilhões).

Países uma vez que Suécia, Itália e Espanha, entre outros, têm cooperado.

Para ilustrar o bom momento ao qual se refere, Goldfajn evocou um evento do BID em junho em Manaus que reuniu tapume de 900 empresários interessados em investir em projetos sustentáveis, um pouco inédito.

“É unicamente um primórdio, mas um primórdio encorajador”, afirmou.

A Amazônia cobre quase 40% da América do Sul. No último século, perdeu tapume de 20% de sua superfície devido ao desmatamento, causado pelo progresso da cultivação e pecuária, a exploração madeireira e mineradora, e a expansão urbana.

– Erradicar a pobreza extrema –

O dirigente BID participou na quarta-feira do pré-lançamento da Coligação Global contra a Rafa e a Pobreza, anunciada no Rio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma das prioridades da presidência brasileira do G20.

“Estamos comprometidos em ajudar os países da região a erradicar a pobreza extrema na América Latina até 2030. Não é uma frase abstrata. Para isso, precisamos investir (o conjunto dos países) anualmente 1,6% do PIB da região”, destacou.

Para atingir nascente objetivo, Goldfajn defendeu a geração de instrumentos financeiros inovadores em parceria com outras instituições financeiras, uma vez que o Fundo Monetário Internacional.

Outrossim, anunciou que o BID garantirá que mais de 50% de seus projetos beneficiem “diretamente” as pessoas de baixa renda, mormente mulheres, afrodescendentes e indígenas, os grupos mais atingidos pela pobreza.

O Rio de Janeiro sedia nesta quinta e sexta-feira uma reunião dos ministros de Finanças do G20, última lanço de negociações antes da cúpula de chefes de Estado e Governo em novembro.

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