
Eleições nos EUA: como interpretar as pesquisas entre Kamala e Trump desta semana?
Chicago – A eleição nos Estados Unidos teve uma reviravolta potente no último domingo, 21, quando o presidente Joe Biden deixou a disputa e deu lugar à sua vice, Kamala Harris. Quatro dias posteriormente a troca, as primeiras pesquisas que incluem Kamala em vez de Biden começam a transpor, e há dois pontos importantes a observar.
O primeiro é que Kamala ainda é pouco conhecida pelos eleitores. Embora tenha disputado a eleição em 2020, primeiro uma vez que candidata nas primárias e depois uma vez que vice na placa de Biden, ela passou os últimos anos aparecendo pouco no noticiário.
“É exigir muito dos eleitores que eles tenham uma opinião clara poucos dias posteriormente a troca”, analisa Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e comentarista do programa O Caminho para a Mansão Branca, uma produção da EXAME e da Gauss Capital.
“Exigir das pessoas um cenário de simulação, se for fulano, se for ciclano, é muito. A gente tem sofreguidão em ter respostas, mas a opinião pública não funciona assim. As pessoas vão ter de se avezar com quem for ser candidata e, a partir daí, começa a ter pesquisa relevante. Nesta semana vamos ter muita especulação de pesquisa, mas minha experiência mostra que isso vale muito pouco”, prossegue Moura.
O peso dos Estados
O outro ponto importante é a eleição americana é decidida estado a estado, e não pelo voto universal. Assim, não basta invadir o maior número inteiro de eleitores, mas sim vencer nos estados decisivos. Com isso, é preciso prestar atenção no desempenho dos candidatos nos estados-chave para a disputa, que neste ano são Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
Uma das primeiras pesquisas em segmento destes estados, feita pelo Emerson College, aponta Trump ligeiramente adiante de Kamala, em empate técnico, em quatro deles. No entanto, a democrata está com pontuação melhor do que Biden tinha há uma semana, em uma notícia positiva para sua campanha.
Faltam ainda mais de século dias até a votação, em 5 de novembro, e tanto a saída de Biden quanto o atentado sofrido por Trump, em 13 de julho, mexeram com as pesquisas de forma significativa. Para o republicano, que está na frente, a situação lhe favorece, mas a ingresso de Kamala na disputa acelerou os ataques dos democratas contra ele.