“Otimismo realista”: o que os CEOs de dois dos maiores bancos do país esperam do cenário econômico

De um lado, indicadores econômicos favoráveis e, do outro, a suspeição do mercado. A junção dos dois fatores aparentemente contraditórios cria um envolvente macroeconômico “curioso” na definição de Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). 

“Os números macroeconômicos atuais – até mesmo os fiscais – estão melhores do que todo mundo esperava. E as próprias perspectivas para levante ano estão melhores. Mas existe muita preocupação com o porvir”, declarou Sallouti. O CEO foi um dos convidados do tela desafios e oportunidades do setor bancário da 25ª Conferência Anual do Santander. O presidente do BTG dividiu a plenária com Mario Leão, CEO do Santander Brasil.

O grande repto, segundo Sallouti, é entender se o governo vai entregar a meta fiscal uma vez que prometido. “Eu, pessoalmente, acho que o governo vai respeitar o tórax. Mas falou-se tanto a reverência que os agentes econômicos querem remunerar para ver.”

Depois do otimismo da viradela de ano, o humor do mercado azedou no segundo trimestre em meio à revisão da meta fiscal, críticas do presidente Lula à política monetária do Banco Mediano, além de uma decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Mediano, que colocou dúvidas sobre a independência dos membros indicados pelo governo. 

De lá para cá, o tom mudou. Entre os exemplos, no último mês, o governo anunciou a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024, medida muito recebida no contextura fiscal. Já os embates de Lula com o BC deram lugar a declarações mais hawkish (favoráveis a juros mais altos) por secção dos indicados do presidente. Na véspera, Gabriel Galípolo voltou a declarar que “todas as alternativas na mesa” para a próxima decisão do Copom – enunciação encarada uma vez que um sinal de independência do BC.

A mudança de exposição ainda não foi acompanhada pelas expectativas, mas o envolvente não é negativo. “Não acho que vamos ter um cenário tão benigno quanto imaginávamos no ano pretérito, mas nem tão negativo quanto achávamos no segundo trimestre. É o Brasil sendo Brasil.”

Leão, por sua vez, acredita que o país está à beirada de uma “tremenda oportunidade” neste terceiro trimestre. A grande expectativa é com a possibilidade de um galanteio de juros nos Estados Unidos, que está cada vez mais próximo. No evento de Jackson Hole na última semana, o presidente do Federalista Reserve (Fed, banco médio americano), Jerome Powell, disse que “chegou a hora de ajustar a política [monetária]”. É esperado um galanteio já para a próxima reunião, em setembro.

“Com os juros caindo lá fora, o potencial fluxo de investimentos para o Brasil é enorme. O país ficou, ao longo dos últimos anos, muito subalocado nos portfólios globais”, defendeu Leão. “[Com os cortes de juros nos EUA] o estrangeiro possivelmente estará, na margem, mais otimista com o Brasil do que o próprio brasílico.”

Por cá, as possibilidades ainda estão em lhano para retomar o ciclo de subida de juros. O cenário-base do Santander, no entanto, permanece estimando manutenção na taxa, atualmente em 10,5% ao ano.

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