De olho nas Olimpíadas, LVMH ainda precisa vencer o jogo na China

A LVMH está em evidência nos Jogos Olímpicos de Paris, que começam oficialmente nesta semana e dos quais é uma das principais patrocinadoras, mas os investidores estão mesmo é de olho na China. A maior empresa de luxo do mundo derreteu hoje na Bolsa de Paris depois de um balanço fraco divulgado ontem. 

As ações caíram 4,66%, refletindo um incremento muito tímido das vendas no segundo trimestre e uma perda expressiva no lucro para todo o semestre.  

As receitas da empresa francesa, que possui marcas que vão de Louis Vuitton e Dior a empresas de bebidas uma vez que Moet & Chandon e Veuve Clicquot , cresceram 1% em termos orgânicos para €20,98 bilhões nos três meses até junho — um ritmo mais lento do que no primeiro trimestre e inferior das expectativas consensuais de um aumento de 3%. O lucro líquido caiu 14%, para €10,7 bilhões. 

A perda de ritmo da empresa de Bernard Arnault, CEO e chairman – e varão mais rico do mundo –, vem em meio a um momento multíplice para o mercado de luxo. No ano pretérito, o setor já havia desacelerado, mas com Kering e a Burberry uma vez que os principais nomes que tinham ficado para trás. Marcas de eminente padrão uma vez que Hermès e Brunello Cucinelli se saíram melhor, com o foco nos clientes ainda mais ricos.  

Mas os números de agora da LVMH podem indicar um inverno um pouco mais prolongado. “A LVMH desacelerou em meio à moderação da demanda por luxo”, diz Luca Solca, da Bernstein. A estudo foi destacada pelo Financial Times, acrescentando o impacto do câmbio no lucro operacional da companhia. “Isso não deve ser um problema intransponível”, ponderou.  

Na britânica Burberry o cenário é mais dramático. No último dia 15 de julho anunciou a troca do CEO Jonathan Akeroyd por Joshua Schulman e a suspensão do pagamento de dividendos. Só em 2024, as ações caem mais de 50% em Londres. Para efeito de verificação, os papéis da LVMH recuam 10,11% desde o primórdio do ano.  

O peso do mercado chinês 

A fraqueza nas vendas da LVMH e de todo o mercado de luxo tem uma origem muito determinada. As vendas na Ásia (excluindo Japão), separação representada em grande maioria pelas operações na China, caíram 14% no segundo trimestre, exacerbando as preocupações sobre a demanda por luxo na segunda maior economia do mundo.  

As vendas de champanhe caíram, embora permaneceram supra dos níveis de 2019, segundo a LVMH, que entre bebidas, relógios, bolsas e joias é dona de 75 grifes. Já as fracas vendas de conhaque no mercado chinês foram parcialmente compensadas por um retorno ao incremento nos Estados Unidos.  

A separação que inclui o negócio de varejo de viagens da LVMH e a varejista de venustidade Sephora, foi um ponto positivo, crescendo 5% no segundo trimestre, embora em um ritmo mais lento do que os analistas haviam previsto. 

É muito verdade que as vendas no Japão foram muito. Cresceram dois dígitos, sendo puxadas justamente pelos turistas chineses. Mas os viajantes chineses não têm comprado o suficiente para dar tranquilidade a todo o setor de luxo. 

Entre os grupos de luxo que já divulgaram balanços neste trimestre, vários apontaram uma demanda fraca na China. A Richemont, proprietária da joalheria Cartier, reportou vendas praticamente estáveis, com a queda acentuada na China anulando o efeito pujante do incremento nos Estados Unidos e na Europa.  

Agora, a expectativa das ‘maisons’ e dos investidores é de que o segundo semestre seja mais generoso, com incremento mais robusto devido a uma base de verificação mais fácil tanto na China quanto na Europa.  “Embora permaneça vigilante no contexto atual, o grupo olha o segundo semestre do ano com crédito”, diz Arnault.  

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