
Por que homens e mulheres reagem de forma diferente ao assédio no trabalho?
Homens e mulheres apresentam diferentes padrões de resposta ao assédio. Estudos indicam que as mulheres são mais propensas a buscar redes de base e desafogar com colegas ou companheiros sobre as agressões sofridas no envolvente profissional.
“Elas tendem a ser mais expressivas, denunciando o assédio com maior frequência”, afirma Luciana Veloso Baruki, auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho, advogada e médica pós-graduanda em saúde mental e psiquiatria.
Em contraste, uma pesquisa realizada pelos pesquisadores americanos, Michael E. Addis e James R. Mahalik, revela que metade dos homens níveo de assédio prefere fingir que não percebe o que está acontecendo, uma forma de evitar ser visto uma vez que vulnerável.
“Homens muitas vezes internalizam o terror de retaliação, mormente se o assédio provém de uma mulher ou de colegas em posição subalterno hierárquica,” afirma Baruki. “Esse comportamento é amplamente influenciado pela percepção de que reconhecer o assédio pode prejudicar a imagem de masculinidade e até sexualidade”.
O que pode ser considerado assédio no trabalho?
Assédio moral no trabalho se refere a qualquer conduta abusiva que, de forma repetitiva e prolongada, culpa humilhação, constrangimento ou isolamento ao trabalhador, degradando suas condições de trabalho, afirma Baruki.
“O atacador pode ser um superior hierárquico, colega ou até mesmo um subordinado. Esse comportamento inclui ações uma vez que gritos, ofensas, ridicularização, isolamento deliberado, sabotagem das atividades profissionais, disseminação de boatos, imposição de metas inatingíveis ou desvalorização contínua do trabalho”, diz.
A advogada, que também é médica especializada em psiquiatria, buscou no ramo jurídico e da saúde entender a origem e os impactos das doenças relacionadas ao mercado de trabalho.
“O assédio não é caracterizado unicamente por gritos no escritório ou por telefone, mas também por ações que visam desqualificar a pessoa ou colocar em incerteza sua cultura profissional, afetando diretamente seu estabilidade emocional e capacidade de trabalho”, afirma Baruki.
Os 4 tipos de assédio moral e suas consequências
No mercado de trabalho, a médica Baruki reforça que há 4 tipos de assédio moral:
- Assédio moral interpessoal: quando a agressão é entre dois indivíduos, uma vez que entre director e subordinado.
- Assédio moral organizacional: quando as práticas institucionais, uma vez que sobrecarga de trabalho ou metas inatingíveis, visam desestabilizar emocionalmente o trabalhador.
- Assédio moral vertical (ascendente e progénito): ocorre quando há insulto entre pessoas em diferentes níveis hierárquicos.
- Assédio moral nivelado: entre colegas de trabalho, sem jerarquia direta.
Esses tipos de assédio podem gerar diferentes consequências na vida do trabalhador, uma vez que psicológicas, físicas e profissionais, afirma Baruki. “O assédio pode ocasionar em problemas psicológicos uma vez que sofreguidão, depressão e síndrome de burnout, problemas físicos uma vez que insônia, dores crônicas e distúrbios alimentares, e impactos profissionais uma vez que de produtividade, absenteísmo e até desistência do serviço.”
No caso das mulheres, o assédio pode sobrevir de uma forma mais sútil, ou seja, nem sempre tão explícito. Louise F. Fitzgerald, psicóloga americana conhecida por suas pesquisas na extensão de assédio no envolvente de trabalho e acadêmico, fez um estudo intitulado “Sexual Harassment: Review and Recommendations for Research and Intervention”. A pesquisa reforça que o assédio com mulheres pode ser tanto direto quanto indireto, e envolve tanto gestos quanto palavras que criam um envolvente tóxico.
“Em muitos casos, o assédio vem escoltado de humilhação e desvalorização sistemática do trabalho”, diz. “Mulheres em posições de liderança podem ser níveo de formas mais sutis de assédio, uma vez que a desvalorização uniforme de suas capacidades”, afirma Baruki que é auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho.
Sim, existe uma saída
As estratégias para homens e mulheres enfrentar o assédio no trabalho podem variar. Mulheres tendem a ser mais ativas em denunciar, mormente se houver redes de base organizacional.
“Em minha experiência, mulheres que acumulam fatores de discriminação, uma vez que negras, LGBTQIA+, gestantes, com filhos pequenos e chefes, têm maior urgência de proteção e base institucional para enfrentar o assédio”, diz Baruki.
Já os homens, que em muitos casos optam por não reagir por terror de serem vistos uma vez que “fracos”, podem usar os canais oficiais sigilosos da companhia, que segundo Baruki, é a melhor estratégia para a denúncia formal – independentemente do gênero.
“Gerar um “dossiê” detalhado do assédio, incluindo mensagens, e-mails e outros registros, pode fortalecer a posição da vítima ao buscar ajuda. Redes de base dentro do envolvente de trabalho, uma vez que RH e testemunhas, também são essenciais”, diz Baruki.