Com técnica inédita no Acre, paciente recebe fígado adaptado – ac24horas.com

O transplante de fígado é considerado uma das cirurgias mais complexas da medicina moderna. Na semana passada, o Acre alcançou a marca de 90 procedimentos realizados; no entanto, apesar de sua expertise em cirurgias do tipo, há casos em que é preciso inovar para seguir com o procedimento. Foi o que aconteceu durante a cirurgia do paciente João Batista da Silva, de 47 anos, realizada na Instauração Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), em Rio Branco, quando a equipe médica teve que tomar uma importante e delicada decisão: a de reduzir o tamanho do órgão para seguir com o implante.

A técnica consiste em remover uma segmento do fígado do doador para que o órgão caiba na cavidade abdominal do receptor. Isso é mais generalidade em crianças, mas há situações em que é necessário adotar essa postura também em pacientes adultos.

“Às vezes, no transplante, a gente lida com intercorrências e tem que resolver. O seu João é um paciente pequeno, e o doador era muito grande. Porquê só tinha o seu João na lista [compatível com o doador], se a gente não usasse o fígado nele, seria perdida essa doação”, explicou Leonardo Mota, cirurgião que realizou o procedimento ao lado do colega Aloysio Coelho, com espeque da equipe multiprofissional.

O transplante de fígado é uma cirurgia muito difícil, porque o fígado tem muitas veias e artérias importantes. Os médicos precisam conectar essas veias e artérias de forma perfeita, para que o sangue possa fluir corretamente. Mota reforça que a Fundhacre possui todas as condições para realizar.

“A gente conseguiu fazer a cirurgia com segurança, e o transplante foi bem-sucedido. Esse procedimento [transplante com redução do órgão] a gente já realiza em outros locais, mas foi a primeira vez cá no Acre, e o hospital tem plenas condições tecnológicas e de material para que a gente faça esse tipo de cirurgias, mais delicadas e complexas, para mourejar com essas eventualidades”, frisou.

Apesar do risco e dificuldade da cirurgia, o procedimento correu conforme o planejado. Entre a captação do órgão, proveniente de um doador lugar, e seu implante no receptor, foram 14 horas de cirurgia.

“Eu estou entusiasmado, porque vou transpor da vida que eu estava passando. Era uma coisa ruim, difícil para mim, viver a dispêndio de remédio é ruim demais e não poder consumir o que a gente quer consumir, porque é uma dieta medonha, a gente não come de tudo. [Quando ligaram] dizendo que era pra a gente se internar pra fazer o transplante, o cabelo até ‘arrupiou’, porque estava esperando fazia mais de um ano”, comemorou João Batista, que é originário de Feijó, interno do Acre, e segue em plena recuperação, enquanto é escoltado pela equipe multiprofissional da Fundhacre.