Plano Real, 30 anos: Gustavo Loyola e as reformas necessárias para o Brasil crescer

O economista Gustavo Loyola fala com propriedade sobre os bastidores da geração do Projecto Real e da veras econômica brasileira dos anos 80 e início dos anos 90. Loyola foi presidente do Banco Medial por duas ocasiões, por alguns meses entre 1992 e 1993, durante o governo do ex-presidente Itamar Franco, e de 1995 a 1997, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Ele testemunhou uma miríade de planos econômicos que falharam em debelar a hiperinflação e prometer a segurança monetária. Viu o promanação, e conduziu, a implementação do real — de uma perspectiva de quem já estava no serviço público. E aponta que o projecto funcionou porque foi antecedido por uma série de reformas estruturais — que seguem necessárias para a economia do país hoje.

Em sua avaliação, o projecto aprendeu com as experiências fracassadas do pretérito e teve algumas vantagens, entre elas a pronunciação política dos governos que o implementaram e um processo evidente de informação aos brasileiros, o que permitiu que ninguém fosse pego de surpresa sobre as mudanças na moeda.

“O legado do Real é justamente a moeda sólido. O vestuário de o país ter uma moeda sólido permite planejar o porvir, seja no contextura das famílias, seja no contextura das empresas. Estamos falando de uma moeda que chegou em 1994, há 30 anos. Qual foi o período histórico que o Brasil teve moeda sólido durante 30 anos? Talvez na República Velha, talvez no Poderio, mas desde 1930 para cá, o Brasil não teve”, diz.

“A segurança da moeda permite planejar o porvir. Hoje você tem um horizonte. Em uma situação de instabilidade monetária, você não tem. Esse é o grande legado do Projecto Real, a moeda sólido. O Brasil precisa preservar essas conquistas. As reformas são necessárias para prometer que o país continue em um caminho de prolongamento sustentável. O porvir do Brasil depende da manutenção da segurança monetária e de reformas estruturais que garantam a eficiência do gasto público e um envolvente favorável ao investimento privado.”

Reformas

Projecto Real tinha entre outras coisas a propriedade de ser muito expedido. A informação com a sociedade foi muito muito feita. Houve uma explicitação de que não haveria refrigeração de ativos, o que evitou uma corrida aos bancos. Ou por outra, o projecto foi introduzido com o mínimo de mediação sobre contratos privados, o que minimizou a turbulência nas relações econômicas

“O Real não teria tido sucesso se uma série de outras reformas não tivessem sido introduzidas anteriormente. A constituição institucional de um país se dá por etapas, não surge do zero”, diz.

Em 1994, o Brasil em em 1994 tinha uma economia muito mais ensejo do que no final dos anos 80, quando aconteceram os demais planos, sobretudo por culpa das reformas feitas no governo de Fernando Collor (1990 a 1992). “Uma propriedade desses planos econômicos é que quando a inflação cai, há aumento alcantilado da demanda, porque as pessoas têm o poder aquisitivo aumentado. Aí, você tem um problema de porquê ter a oferta. Se não houver, a inflação volta porque há um excesso de demanda”, diz. “Com a economia fechada, você não tinha porquê aumentar a oferta.”

Para Loyola, outro vista também foi a experiência negativa dos planos anteriores. “Várias lições foram aprendidas, e isso ajudou bastante”, diz. “Do ponto de vista político, com o impeachment do Collor e a presidência do do Itamar acabou se conseguindo se formar uma certa base de escora no Congresso que ajudou a fazer algumas algumas mudanças importantes pré-Projecto Real, principalmente na segmento fiscal.”

“Muitas reformas foram introduzidas ao longo do tempo. Se tivéssemos feito essas reformas antes, estaríamos em uma situação fiscal muito melhor hoje. A classe política brasileira ainda não entendeu que os recursos públicos são limitados. A sociedade se acostumou a ter vantagens em termos de regimes fiscais favorecidos ou recursos estatais para certas atividades. Há muitos que acreditam que o sigilo do prolongamento é o gasto público, mas isso é um equívoco. O sigilo está na eficiência do gasto público, na qualidade do gasto público, e na geração de um envolvente favorável ao investimento privado.”

Descontrole e planos fracassados

Segundo Loyola, a crise hiperinflacionária brasileira teve origem nos choques externos de petróleo e na incapacidade do Brasil de controlar a inflação, que se tornou inercial por culpa da indexação dos salários e outros benefícios — o que criou uma globo de neve para o aumento dos preços. Ele explicou porquê crises internacionais, porquê a crise da dívida de 1982, afetaram o Brasil, que tinha uma posição internacional frágil. O descontrole monetário e fiscal, assim porquê os estados e bancos públicos descontrolados, contribuíram para a instabilidade.

“Também tínhamos o problema da dívida interna indexada em moeda estrangeira. Tínhamos as finanças dos estados totalmente descontroladas, bancos públicos estaduais, e todos eles praticamente sendo outros bancos centrais porque acabavam sacando a desvelado nas reservas bancárias. Havia um processo de descontrole monetário muito potente, descontrole fiscal”, diz. “E tudo isso, evidentemente, foi um período de muita crise.”

Basicamente, o Brasil viveu de crise para crise, um período que é divulgado porquê a dezena perdida, mas talvez seja mais do que uma dezena.

Loyola detalhou os diversos planos econômicos fracassados, incluindo os planos Cruzado, em 1986, Bresser, em 1987, e Verão, em 1989, que causaram grande tensão e falharam em estabilizar a economia . “Em seguida tivemos o Projecto Collor, que foi muito traumático porque houve o refrigeração de ativos financeiros e realmente causou muitos contratempos para as famílias e para as empresas, que também não deu resultado. Depois teve o segundo projecto, uma tentativa de correção, que também deu incorrecto”, afirma. “E finalmente o Projecto Real, que na veras começou um ano antes com o lançamento da Unidade Real de Valor (URV), mas que trouxe em 1994 finalmente a segurança monetária que o Brasil havia perdido há muitos anos.”

LEIA MAIS: Projecto Real, 30 anos: “URV, POR QUE ESSE PLANO É MELHOR QUE TODOS OS ANTERIORES?”

Uma propriedade importante do descontrole monetário e da hiperinflação, lembra Loyola, era porquê ela atingia de forma dissemelhante a população. “A inflação atingiu os brasileiros de maneira muito desigual. Havia um grupo de brasileiros privilegiados pela quesito econômica que conseguiam se tutelar da inflação, porque havia, por exemplo, ativos financeiros indexados que geravam rendas maiores do que a inflação, porquê o overnight, e aqueles que conseguiam reajustar os seus salários, os seus rendimentos de concórdia com a inflação”, diz. “Eu, porquê funcionário público na quadra, me senti até privilegiado nessa situação porque você tinha mecanismos para se tutelar da inflação.”

Ao receber o salário, você gastava imediatamente, evidentemente para evitar o tá dos preços. Isso inclusive teve repercussões sobre a própria arquitetura, naquela quadra se construíam apartamentos que tinham dependências maiores para você armazenar gêneros e tal, as dispensas, os grandes supermercados. Você fazia compras por atacado no início do mês. Era um processo bastante difícil para manifestar o mínimo, e a resguardo contra a inflação era se livrar da moeda.

Projecto Real, 30 anos — série documental

Loyola foi entrevistado para a série documental “Projecto Real, 30 anos”, um projeto audiovisual da EXAME que ouviu alguns dos principais economistas, executivos e banqueiros do Brasil.

Entre os entrevistados estão:

  • Armínio Penedo, ex-presidente do Banco Medial e fundador e chairman da Gávea Investimentos
  • Carlos Vieira, presidente da Caixa
  • Carolina Barros, diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Medial
  • Edmar Bacha, economista e sócio-fundador e diretor da Moradia das Garças
  • Elena Landau, ex-diretora do Banco Vernáculo de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-presidente do Parecer de Governo da Eletrobras
  • Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Medial e sócio-fundador da Rio Indómito
  • Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Medial e sócio da Tendências Consultoria
  • Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Medial e mentor do Banco Master
  • Jorge Gerdau, empresário e presidente do Parecer Superior do Movimento Brasil Competitivo (MBC)
  • Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Parecer de Governo do Bradesco
  • Marcelo Noronha, CEO do Bradesco
  • Pedro Malan, ex-ministro da Rancho
  • Pedro Parente, ex-ministro da Moradia Social e sócio da eB Capital
  • Persio Arida, ex-presidente do Banco Medial e do BNDES
  • Orly Machado, fundador e presidente da C&M Software
  • Roberto Campos Neto, presidente do Banco Medial
  • Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME)

Assista às entrevistas já publicadas:

  • Projecto Real, 30 anos: Jorge Gerdau e o ‘divisor de águas’ no desenvolvimento do país
  • Projecto Real, 30 anos: Persio Arida e a falta de visão de porvir para o Brasil
  • Projecto Real, 30 anos: Luiz Carlos Trabuco Cappi e a moeda porquê um símbolo vernáculo
  • Projecto Real, 30 anos: Roberto Campos Neto e a luta por uma âncora fiscal de longo prazo
  • Projecto Real, 30 anos: Roberto Sallouti e novo desenvolvimento econômico com foco em produtividade
  • Projecto Real, 30 anos: Gustavo Franco e o combate à doença da hiperinflação
  • Projecto Real, 30 anos: porquê a inflação pode derrubar o governo brasílico?
  • Projecto Real, 30 anos: Carolina Barros, do BC, e a jornada do Real ao Pix
  • Projecto Real, 30 anos: Edmar Bacha e o papelzinho azul que deu origem à novidade moeda

Assista à série da EXAME sobre os 30 anos do Projecto Real

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