
No 2º tri, Atacadão volta a brilhar e Carrefour revisa projeções de abertura de lojas e sinergias
O jogo começou a virar no Carrefour Brasil. Depois de voltar ao azul no primeiro trimestre, no segundo trimestre a varejista viu o desempenho de seu principal negócio, o Atacadão, voltar a açodar, permitindo projeções mais ambiciosas, enquanto a operação de varejo intensificou uma política mais competitiva de preços.
O grupo revisou a conversão de lojas de 12 para 20 novos atacarejos, incluindo, agora, 8 supermercados da bandeira Bom Preço, do Nordeste. No totalidade, 20 lojas serão convertidas em Atacadão e outras 8 em Sam’s Club. Também elevou a estimativa de sinergias da compra do Grupo BIG – agora prevê R$ 3 bilhões até o termo de 2025, e não mais R$ 2 bilhões.
No segundo trimestre, o Carrefour Brasil reportou um lucro líquido de R$ 330 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 249 milhões do ano anterior. Considerando ajustes, principalmente pagamento de impostos e despesas financeiras, o lucro líquido foi de R$ 151 milhões no trimestre, um aumento de 412,5% na conferência anual. A receita totalidade do grupo, incluindo vendas do varejo e números do banco, cresceu 7,8% para R$ 29,62 bilhões.
As cifras atenderam às estimativas de analistas e investidores, que já indicavam um momento melhor do grupo. Nesta segunda-feira, os papéis subiram 4,39%, com expectativa positiva em torno do balanço.
“Acertamos nosso parque de lojas e limpamos a morada, além de reduzir despesas administrativas e corporativas. Ainda vai melhorar o lucro líquido porque, a partir do terceiro trimestre, vai passar a ter efeito da renegociação da dívida, que reduziu as despesas financeiras”, afirma o CEO do Carrefour Brasil, Stephane Maquaire.
Coche-chefe dos negócios do grupo, o Atacadão, que vinha ficando detrás da concorrência em propagação de vendas, voltou a ter um potente desempenho de vendas, principalmente com o aumento das vendas para o segmento B2B, porquê pequenos comerciantes e serviços, e mais receitas de serviços (talho e panificação, por exemplo) no segmento B2C.
No trimestre, as vendas comparáveis do Atacadão cresceram 7,4%, supra da inflação e superando a concorrência, quando observados os números Nielsen, destaca o CFO do Carrefour, Eric Alencar. O Ebitda do Atacadão foi de R$ 1,2 bilhão, 22% supra do mesmo período de 2023, sendo o principal impulso para o Ebitda do grupo, que chegou a R$ 1,61 bilhão, 20,2% maior do que um ano antes.
O Sam’s Club, protótipo de clube e o mais recente dentro dos negócios, também tem se mostrado uma boa legado da compra do BIG. Embora ainda pequeno, o negócio cresceu 16% em vendas, ou 2,5% em vendas comparáveis.
Já no varejo, repartição com desempenho mais pressionado, as vendas caíram 9% por culpa dos fechamentos de lojas. No entanto, as vendas comparáveis ficaram 2,3% maiores, entrando no campo positivo pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2023. Essa melhora nas vendas em mesmas lojas se deve à aposta do grupo em adotar uma política de preços mais agressiva, numa espécie de oferta de atacado para vendas de maior volume em cada item, afirmam os executivos.
“Estamos mais enxutos em custos e, por isso, podendo ser mais competitivos em preço”, diz Alencar. Foi essa combinação, diz ele, que deixou o grupo confortável para aumentar a projeção de sinergias da incorporação do BIG para R$ 3 bilhões ao termo de 2025. Até agora, R$ 2,3 bilhões já foram capturados.