Funcionários públicos completam 6º dia de protestos por reajustes em província argentina

Natalia GUERRERO

Policiais da província de Misiones protestam por melhores salários

Natalia GUERRERO

Policiais, professores, médicos, enfermeiros e funcionários públicos em universal completam, nesta quarta-feira (22), seis dias de protestos por reajustes salariais na província argentina de Misiones, despertando temores de que o movimento se espalhe no momento em que os efeitos do ajuste econômico do presidente ultraliberal Javier Milei se intensificam.

Com o passar dos dias, outros setores afetados pela combinação de salários desvalorizados e aumento do dispêndio de vida se juntaram ao protesto iniciado pela polícia.

“Não temos terror porque já não temos zero”, alertam os manifestantes em torno de pneus em chamas nesta província de 1,2 milhão de habitantes, no nordeste da Argentina.

Milei mantém um controle rígido sobre as transferências de verba para as províncias, que caíram em abril quase 90% em relação ao ano anterior.

“Queríamos ajustar as contas e pesamos um pouco a mão com o ajuste”, disse ele na terça-feira. A Argentina registrou levante ano o primeiro superávit fiscal trimestral desde 2008, mas as finanças das províncias estão contra as cordas.

O oposicionista Sergio Berni, senador pela província de Buenos Aires, alertou ao ducto C5N que “o que acontece em Misiones terá um efeito de contágio em todo o país”. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, por sua vez, disse nesta quarta-feira que não tem “terror qualquer” de que o movimento se espalhe.

O governo da província contígua de Corrientes reajustou os salários em 10% na terça-feira, um dia depois de sua polícia ter ameaçado adotar uma medida igual à dos “colegas da vizinha Misiones”.

Ao aumento dos aluguéis e da sustento (inflação de 8,8% em abril e de 290% interanual) somam-se os das tarifas dos transportes e da robustez, que sufocam a economia familiar, em um contexto de demissões e retração da atividade econômica.

Em Posadas, capital de Misiones, os professores bloquearam uma estrada vernáculo que dá chegada à ponte Garupá, na ingresso da cidade.

“Os professores não têm verba para ir trabalhar, remunerar o combustível, o ônibus, estão comprando comida com cartão de crédito, todos endividados. Não há subterfúgio se não houver reajuste salarial, a situação é desesperadora”, disse Camila, uma professora do ensino médio, à AFPTV.

Depois de deixarem a via, os docentes se juntaram a um acampamento de rua improvisado que cresce a cada dia, onde centenas de manifestantes se espalharam em um relâmpago de três quarteirões ao volta do Comando Radioelétrico I da polícia, epicentro dos protestos.

Quase todos os setores exigem um aumento salarial de 100%, longe da oferta de 15% a 50% que receberam. Ambas as partes permanecem intransigentes.

Enfermeiros e médicos entraram no ministério da Saúde para forçar um diálogo, mas não tiveram sucesso.

Os protestos são pacíficos e a Infantaria os controla a intervalo.

“O protesto está razoavelmente controlado”, disse o ministro do Interno, Guillermo Francos, ao ducto TN+. “Estamos conscientes das dificuldades das províncias”.

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