Falta de água, a grande ameaça ao canal do Panamá em seu aniversário de 110 anos

ARNULFO FRANCO

Navio passa pelas eclusas de Cocolí, no Conduto do Panamá, Arraiján, em 14 de agosto de 2024

ARNULFO FRANCO

O Conduto do Panamá enfrenta, 110 anos em seguida sua inauguração, a ameaço de permanecer sem chuva devido às mudanças climáticas, em meio aos conflitos internacionais e à concorrência de outras rotas comerciais, disseram seus principais responsáveis à AFP nesta quinta-feira (15).

A via panamenha, que funciona com chuva gulodice, comemorou seu natalício nesta quinta enquanto se recupera de uma seca que, no final de 2023, forçou a redução de 38 para 22 no número quotidiano de navios que transitam pelo meato.

As autoridades projetam edificar um reservatório em um rio próximo para fornecer mais chuva ao meato, mas mais de 2.000 pessoas teriam que ser realocadas. A mesma bacia abastece com chuva potável metade dos quatro milhões de panamenhos.

Em entrevistas à AFP, o gestor do Conduto, Ricaurte Vásquez, e o ministro para Assuntos do Conduto, José Ramón Icaza, abordam esses temas.

Pergunta: Quais são os grandes desafios do meato?

Vásquez: A questão da chuva é um repto vernáculo. Existem formas de resolver isso para que não haja um conflito entre o consumo humano e o trânsito pelo Conduto do Panamá. Calculamos que até o final do ano devemos retornar à normalidade [nos trânsitos] se o padrão de chuva se mantiver.

Icaza: O principal repto é prometer a segurança hídrica e manter a crédito na rota para que nossos clientes e usuários sempre prefiram o Conduto do Panamá. Nesse sentido, temos trabalhado, não de agora, mas há quase 90 anos, em várias alternativas.

P: Entre essas alternativas está o reservatório do Rio Indio. Porquê está esse projeto?

Vásquez: O reverência aos direitos das pessoas vem antes do desenvolvimento de qualquer projeto de infraestrutura. A Sustentabilidade começa pela sustentabilidade humana, e, para nós, respeitar os direitos das pessoas na bacia é a prioridade que temos em mente.

Icaza: Temos avançado em conversar primeiramente com as comunidades que poderiam ser afetadas caso o projeto seja realizado. Da mesma forma, estamos analisando outras alternativas para prometer a segurança hídrica para os próximos 50 anos.

– “Ameaças de todo tipo” –

P: O meato se sente ameaçado com projetos uma vez que o Trem Maya no México, o hipotético meato da Nicarágua ou o meato sequioso na Colômbia?

Vásquez: Sabemos que não estamos sozinhos no jogo. Existem ameaças de todo tipo, algumas mais visíveis que outras. Mas 110 anos de operação contínua e 500 anos de tradição mercantil são elementos que nenhum outro país pode trazer à mesa.

Icaza: Essas ideias sempre existiram, e o que eu sempre comento é que, na medida em que o Conduto do Panamá se concentre em realizar seus investimentos, em prometer a segurança hídrica e, por conseguinte, ter a crédito dos mercados, deve ter negócios e deve seguir em frente sempre.

P: Porquê os conflitos internacionais afetam o meato?

Vásquez: Tudo o que acontece na Ucrânia ou no Oriente Médio, ou um conflito mercantil entre os Estados Unidos e a China nos afeta. [Com a guerra na Ucrânia] Todo o tráfico de gás procedente liquefeito que passava do Golfo do México para a Ásia pelo Conduto do Panamá foi perdido porque agora vai do Golfo do México para a Europa [devido às sanções contra a Rússia]. Haverá ameaças, sempre haverá ameaças, e devemos estar atentos.

Icaza: A guerra na Ucrânia nos afeta […], mas também temos a situação que ocorre no Oriente Médio, que está afetando o Conduto de Suez e toda a questão de segurança, o que gerou um evidente mercê para o Panamá.

– O DNA do Panamá –

O meato foi construído pelos Estados Unidos, que ajudaram o Panamá a invadir sua independência da Colômbia em 1903.

Em seguida uma guerra geracional, o Panamá recuperou a via em 1999, depois um negócio assinado em 1977 pelo líder patriótico panamenho Omar Torrijos e pelo logo presidente dos EUA, Jimmy Carter.

Estima-se que tapume de 6% do negócio marítimo mundial passe pela via panamenha, cujos principais usuários são os Estados Unidos e a China.

P: Porquê o Conduto contribuiu para o negócio mundial?

Vásquez: Nós contribuímos ao mundo com nossa posição geográfica, mas aliás, acredito que deu sentido à razão de ser do país.

Icaza: O Conduto do Panamá faz secção do nosso DNA uma vez que país desde que nós nascemos uma vez que República em 1903. Desde que éramos província da Colômbia já se falava em edificar um meato. Portanto, representa um componente importante da nossa identidade uma vez que país.

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