
Microagressões, solidão e racismo: a luta do MOVER para ter 10 mil pessoas negras na liderança
O Movimento pela Isenção Racial (MOVER) é uma das principais organizações brasileiras que atuam pelo engajamento das empresas na taxa racial. Criada em 2021, a associação conta com 56 empresas afiliadas, garantia do compromisso corporativo em aumentar a presença de pessoas negras em cargos de tomada de decisão e melhorar a qualidade de vida da população.
Até 2030, as metas do conglomerado de empresas são: ter mais de 10 milénio posições de liderança ocupadas por pretos e pardos, buscando mexer os ponteiros da inclusão profissional; e gerar 3 milhões de oportunidades para a população negra, uma vez que a promoção de cursos, capacitações e vagas em todos os níveis.
Em 2024, os resultados já são animadores: 2.016 pessoas negras ocupam cargos de chefia, muito supra da meta de 1.277 até o término deste ano. Ou por outra, mais de 280 milénio oportunidades diretas e indiretas para melhoria de currículo e empregabilidade foram criadas. A organização também fecha o ano com nove empresas recém associadas.
Apesar do movimento global de queda nos investimentos em variedade e inclusão, a gerente sênior de relações públicas do MOVER, Luciene Rodrigues, conta que essa discussão não pode ser importada para a veras brasileira. “Nosso país teve processo escravatório de séculos, é o que mais recebeu pessoas escravizadas e no qual o racismo está nas estruturas. É constitucional fazer ações afirmativas cá”, conta.
Antes gerente de marketing na Coca-Cola, onde atuava uma vez que uma voluntária no grupo de afinidade racial, Luciene integra o MOVER desde 2022, onde já passou também pela extensão de projetos e parcerias. Ela explica que, no movimento, procura endereçar os problemas de variedade que as companhias atuais ainda vivem para solucionar conjuntamente com as companhias.
Inclusão produtiva da população negra
Mais do que prometer a ingresso de pessoas negras nas companhias, a luta do MOVER e de Luciene é pela plena inclusão dessa população, sem que os profissionais vivenciem microagressões ou casos mais graves de racismo. “Antes de prometer o desenvolvimento dos profissionais, precisamos que eles resistam e estejam de pé para suportar essas mudanças”, conta.
Uma dessas violências é a tokenização, quando uma pessoa negra é usada para o marketing da cultura diversa da empresa, mas no dia a dia, a veras é outra. Luciene conta que esse cenário, também chamado de “o preto único”, ainda acontece muito nas empresas brasileiras.
“Enquanto negra, acabamos ascendendo e percebendo que somos a única em muitos lugares. No envolvente corporativo, se isso é praticado, é muito nocivo. No MOVER, temos iniciativas para minimizar esse ponto”, conta.
Até 2030, MOVER quer ter mais de 10 milénio posições de liderança ocupadas por pessoas negras e gerar 3 milhões de oportunidades para a população negra
O Movimento conta com diretrizes para guiar o caminho da variedade racial, uma vez que a promoção de um envolvente seguro, geração de grupos de afinidade e até mesmo uma vez que edificar uma agenda de marketing sobre a cultura de inclusão – desde que as ações já estejam estruturadas na companhia. “Sabemos que combater um pouco estrutural não é da noite para o dia, e o resultado às vezes morosidade para romper”, explica Rodrigues.
Secção da procura pela solução são as trocas entre as equipes de ESG e recursos humanos das companhias e a associação. Além de fóruns trimestrais com os líderes, o MOVER ainda realiza reuniões individuais para entender os avanços – e retrocessos – em cada companhia. “Antes de implementar qualquer ação de impacto social, é preciso que a população negra esteja saudável na empresa.”
Assim, o movimento incentiva a geração de redes de esteio, aquilombamento e networking entre os funcionários negros, onde podem se facilitar no processo de enfrentamento do racismo.
Impacto na saúde mental
A saúde mental dos profissionais pretos frente às sutilezas do racismo corporativo é uma das prioridades do MOVER. “Ouvir as microagressões — uma vez que o sutil ‘Você que é da limpeza?’, até ações mais concretas e explícitas, uma vez que ‘Seu cabelo ficaria tão mais bonito liso’ — levam você a duvidar do seu potencial”, conta.
Por isso, fabricar espaços seguros para a denúncia de casos de racismo, assim uma vez que tratar de que as agressões não impactem o psicológico dos profissionais, está entre os objetivos do Movimento pela Isenção Racial.
“As pessoas não pedem ajuda com terror do que vai ocorrer depois. O empoderamento, o autocuidado e o trabalho com o RH ajudam a receber isso de forma melhor, lidando com uma categoria que antes era ignorada.”
Para mulheres, esse impacto é ainda pior. Além das maiores taxas de desemprego — supra mesmo da média pátrio –, elas são minoria na liderança executiva e as principais responsáveis pelo sustento da própria família. Mas não é por falta de vontade ou interesse.
“As mulheres estão aí e querem fazer, mas é preciso promover o entrada e disponibilizar oportunidades para que elas cheguem lá. Antes da estrutura racial, temos o machismo”, explica Rodrigues. No programa MOVER Hello, que oferece bolsas de inglês gratuitas, tapume de 60% dos inscritos eram mulheres. Já no Educatech, voltado para o ensino de tecnologia, elas foram 52% dos inscritos.
A solução mágica para a desigualdade racial, infelizmente, ainda não existe. Luciene acredita que o processo inclui olhar mais de perto as ações das empresas. Em 2025, a organização procura um séquito individual de cada funcionário contratado a partir das ações do MOVER, o que pode ajudar a traçar melhor os direcionais e seguir os resultados com propriedade.
Responsabilizar quem surfa nos privilégios também é uma das – difíceis – tarefas. Para Luciene, a mudança não deve desabar sobre o pescoço dos negros: quem precisa dar o pontapé na mudança de hábitos são as pessoas brancas, aqueles que são aliados e têm poder de decisão e liderança. “É necessário conscientizar quem já está na liderança para que se tornem agentes da transformação. As pessoas estão cansadas. Quem vai ser o responsável por isso? Quem vai fazer a agenda movimentar?”, questiona.